Livro Secreto - Balanço
E algures em Outubro ou Novembro do ano que passou, a mais conhecida que o tremoço M.J. imbuída no espírito natalício da altura, teve uma epifania e lembrou-se que poderíamos trocar livros no Natal. Não sei se a ideia inicial dela era outra, ou se eu é que percebi tudo errado - que pensamento rápido e boa compreensão já sabem não ser o meu forte -, compreendi que seria para escolhermos um livro nosso e oferecermos a uma pessoa aleatória que se inscrevesse no desafio de leitura. Assim eu receberia um livro de oferta e ofereceria outro. Só e apenas, finito. Um livro. Um livro que poderíamos ler quando nos apetecesse. Afinal não foi assim. Não iríamos oferecer nenhum livro. Iríamos apenas doar temporariamente um livro ao grupo mas no final, bom filho a casa torna.
Confesso que me assustei, Éramos 13 pessoas. A ideia era ler 12 livros diferentes que não escolhemos ler. Tempo do desafio: 12 meses. Desde pequena que leio e que adoro ler, mas quem me conhece sabe o que acontece quando me obrigam a fazer coisas, a ler coisas... Eça sofreu com o meu desprezo devido à obrigação de o ler, Saramago não foi exceção. Odeio ler por obrigação. Mas também odeio voltar com a minha palavra atrás. Assim segui com o desafio, enviei o recém lido Adultério de Paulo Coelho, que na altura adorei, cruzei os dedos e rezei. Bem, é possível que agora esteja a exagerar um pouco, o caso também não era para tanto, mas confesso que tenho um ritmo de leitura irregular e achei que não iria conseguir cumprir os prazos.
Enganei-me, com à exceção do livro que me calhou na altura do casamento e da lua-de-mel e que por isso não consegui ler, cumpri todos os prazos e li com satisfação todos os livros que recebi. Ora a nossa Presidenta como a Maria das Palavras diz e muito bem, sugeriu-nos a resposta a algumas questões. Ora aqui vão:
(Livro que terminei de ler esta semana e que em breve falarei sobre e o meu refresco de abacaxi e hortelã que sabe tão bem com este calor.)
a) Porque decidi participar na iniciativa:
Porque percebi tudo errado, porque de um modo consciente nunca me envolveria numa loucura destas... Ler um livro por mês - e agora até mais que isso, que também tenho os meus livros para ler - tendo em conta que estou fora de casa mais de 12 horas por dia, que não me sobra grande tempo para leituras, a não ser em viagens e entre uma pitada de sal e um virar o frango. É que ler no trabalho, tirando no inverno, está fora de questão, porque não me consigo concentrar. Mas a verdade é que tenho encontrado tempo e estou a adorar. Fico muito feliz por ter percebido tudo errado e ter tido oportunidade de participar neste desafio.
b) Qual o livro que mais gostei até agora:
No geral gostei de todos os livros que li até agora* - uns mais que outros está claro -, mas sem dúvida que a Sombra do Vento de Carlos Zafón levou o meu coração. Há muito que um livro não me prendia como este me prendeu e devorei-o de uma ponta à outra em pouco mais de uma semana.
c) Qual o livro que menos gostei:
Estão a circular no desafio diferentes livros, de diferentes estilos. É normal que hajam uns que se enquadrem mais nas nossas leituras habituais, e outros que por fugirem demasiado ao habitual não nos prendam tanto. Até agora o livro que esteve totalmente fora do que costumo ler e que foi o livro que menos me prendeu foi o Lua-de-Mel em Paris de Elizabeth Adler. Gostei do livro no geral, mas é para mim demasiado descritivo e com pouco sumo que se retira para a vida. Gosto de encontrar nos livros ensinamentos, frases e palavras que me toquem ao coração e me façam pensar, e neste não consegui encontrar. Ainda assim, li sem dificuldades e não me foi maçador, é um bom livro para sonhar e para os dias em que estamos tristes e chateados e precisamos de algo que nos anime. Acho que daria, por exemplo, um bom filme, que contrariamente às leituras, adoro filmes deste género.
d) Uma passagem do livro que tenho e que está sublinhada por alguém:
(Da nossa Petrolina, que há-de voltar.)
e) Se já pensei em desistir:
Só mesmo no início, quando percebi a dinâmica do desafio e achei que não iria conseguir cumprir os prazos e que não iria ter prazer com as leituras uma vez que não poderia escolher os livros. Tão enganadinha que eu estava.
f) Coisas que gosto e não gosto na iniciativa:
Gosto de ter a possibilidade de me surpreender com livros que de outra maneira não leria - e que tão boas surpresas já tive; gosto da partilha de emoções e sentimentos que se cria com as citações dos anteriores leitores; gosto de conhecer novos autores, alguns como este Sandor Marai que nunca tinha ouvido falar; gosto porque gosto de livros e livros são livros. Não gosto do terror psicológico que todos os meses sofro nos CTT a esconder as folhas com as citações no interior do livro - era bastante mais fácil se todos permitissem rabiscar o próprio livro; não gosto dos timings ainda que tenha consciência que têm de existir; odeio ter de entregar o livro a outra pessoa e não o poder colocar na minha estante como se fosse meu... A verdade é que há livros, como a Sombra do Vento que depois me obrigam a adquiri-los, mesmo depois de já os ter lido, porque se eu gosto tanto de um livro eu tenho de o ter na minha estante para o folhear sempre que sentir vontade.
g) Se pudesse trocava o livro que enviei por outro: qual!
Se pudesse trocaria o meu livro pela minha primeira opção: Estarás aí? de Guillaume Musso, só que na altura considerei que poderia ser complicado devido ao número de páginas e ao facto de ser livro de bolso e saber que nem toda a gente se dá bem com os livros de bolso por terem letras demasiado pequenas. Mas seria esse que teria oferecido. Porque foi um livro que me disse muito e me colocou algumas questões importantes ao nível do "e se...".
Como podem ver, o balanço é mais que positivo - se isso for possível. Posso já reservar o meu lugar no segundo round?
* livros lidos: Uma mulher não chora de Rita Ferro; Plano Infinito de Isabel Allende; Lua-de-mel em Paris de Elizabeth Adler; A sombra do vento de Carlos Zafón; O Navegador Solitário de João Aguiar; Cloud Atlas de David Mitchell (não terminado); As velas ardem até ao fim de Sandor Marai.