Livro Secreto II #7 O Código D'Avintes
E o sétimo livro do Desafio do Livro Secreto foi O Código D'Avintes de Alice Vieira, José Jorge Letria, Luísa Beltrão, José Fanha, Mário Zambujal, Rosa Lobato de Faria e João Aguiar. Este livro escrito a sete mãos, onde cada autor tenta colocar em apuros o autor seguinte, é um livro muito divertido e cómico. Uma leitura leve para animar a alma da depressão do final do verão.
Tudo começa com um assassinato incomum cuja arma do crime é uma broa de Avintes. E quem é que é assassinado? Um elemento da R.A.I.V.A. - Resistência Activa contra Imbecis, Vândalos e outros Atrasados - por um membro da Conclave dos Cavaleiros Teutónicos da Nova Ordem que quer dominar o mundo e para tal necessita de uma mensagem que está dividida em três manuscritos com uma receita de batatas recheadas que pertenceu outrora a Maria Madalena.
Numa das operações da Conclave, o professor Isaías Pires - membro da R.A.I.V.A. - é raptado, drogado e consegue sair de si e ver mundo ao mesmo tempo que fala uma língua que ninguém entende e que julgam ser aramaico - falada na Palestina no tempo de Cristo.
Como podem ver é um livro com uma história doida, e se acrescentarmos à trama uma loira que é burra mas não tanto quanto aparenta ser com um apetite sexual voraz e diz "prontus", um anjo Gabriel que se vem a descobrir não ser tão anjo assim, e uma padeira de Avintes percebemos que a história tem tudo para nos arrancar umas boas gargalhadas à medida que as páginas avançam.
Podemos facilmente perceber que o livro é uma paródia ao O Código Da Vinci, e reconheci ainda paródias a outros livros sendo que o podemos classificar como uma verdadeira salada russa - portuguesa, aliás, e de Avintes - onde parece que cada capítulo inicia uma outra história tão diferente da anterior mas que no final todas as peças acabam por encaixar - umas mais que outras claro.
Nota-se claramente as sete mãos ao longo do livro e há por isso capítulos mais interessantes que outros, capítulos mais engraçados e outros bem mais aborrecidos. Há aqui claramente autores que brincam com as palavras com um humor natural e nota-se que outros não se sentem tão confortáveis com este estilo, isto acaba por desintegrar um pouco a história e até mesmo baralhar as ideias. Isso faz também com que a uma certa altura o livro se torne um pouco confuso.
Algo que senti muito no livro foi o estereotipo mulher ao longo dos diferentes capítulos. Apesar de não se saber que capítulo pertence a quem - ainda que quem conheça bem os autores acredito que seja capaz de adivinhar - percebe-se perfeitamente quando toca à descrição das ações da ninfomaníaca quem é que é homem e quem é que é mulher, e isso confesso chocou-me um pouco pela negativa.
Mas no geral foram uns momentos bem passados com este livro, e apesar de não ser um livro marcante lê-se muito bem e muito rapidamente porque é uma escrita que flui - na maioria dos capítulos - e por isso recomendo a leitura.
Quem é que já leu esta pérola desta terra à beira Douro plantada?
Boas leituras.