Málaga: Caminito del Rey
Onde é que nós íamos mesmo? Antes de eu ficar doente depois ter levado com ela - com a vacina, pois claro! - e mais outras quantas avalanches no trabalho e de ter interrompido aqui a escrita no curral? Ah sim, há uns meses íamos em Málaga...
Hoje vou falar-vos de uma das melhores partes da viagem a Málaga: o Caminito del Rey.
O Caminito del Rey situa-se no Desfiladero de los Gaitanes, também conhecido por "Garganta de El Chorro" e já foi considerado um dos mais perigosos trilhos do mundo. Imaginem a minha alegria ao saber isto, eu cagufas como sou - toda eu vertigens e cenas várias do género - ainda que atualmente está reabilitado e é um trilho de cerca de 8km totalmente seguro, ainda que a cerca de 100m de altitude.
O percurso deste desfiladeiro foi construído, no início do seculo XX pela Sociedad Hidroeléctrica del Chorro aquando da construção dos reservatórios de suporte à central hidroelétrica que iria finalmente fornecer eletricidade aos habitantes da zona. Assim, para facilitar o acesso dos trabalhadores, foi iniciada a construção de diversas passagens nas paredes do Desfiladero. Tendo em conta o antigo cenário, nem quero imaginar a quantidade de pessoas que ali morreram... Mas adiante.
Apesar do percurso dos trabalhadores ser mais extenso, o Caminito del Rey diz apenas respeito à parte do percurso percorrido pelo Rei Afonso XIII no desfiladeiro para inaugurar a obra, em 1921. Apesar de perigoso, devido aos encantos da paisagem, o interesse por parte da população e viajantes no trilho aumentou - loucos! só loucos! -, pelo que entretanto foi tornado de acesso público.
Após 5 mortes entre 1999 e 2000 o trilho foi encerrado para remodelação, reabrindo em 2015 totalmente modernizado e seguro, com todas as medidas de controlo que garantem a pessoas como a Mula sentirem-se seguras em todo o percurso.
Como vêm o percurso está devidamente protegido para evitar acidentes.
Olhem aqui a vossa Mula toda pimpona... E devidamente protegida!
O percurso é todo ele incrível, digno de postais!
Mais uma da emplastra!
Não vos minto... Tem escadas... Muitas escadas - ainda assim não tantas quanto os Passadiços do Paiva, por isso não acho que seja um percurso muito difícil para fazer.
O percurso é simplesmente fantástico, de cortar a respiração e apesar de ser medrosa e de sentir um friozinho na barriga, à medida que as horas de realizar o percurso se aproximavam, a verdade é que iria novamente.
Algo de que tenho pena que o percurso não contemple, é a passagem pelo outro lado do trilho, pela linha de comboio que parece também ela incrível, cheia de túneis e encantos.
E é chegando a este ponto que o coração dói... E as pernas... É que achamos que já andamos muito, já estamos cansados e percebemos que afinal só andamos um pequeno pedaço do trilho! Confesso-vos que o percurso me pareceu muito maior do que na realidade é.
Digamos que não escolhi o melhor dia das férias para fazer o trilho... Estava imenso calor, mais do que esperado, e foi um dos dias mais quentes da estadia mas ainda assim estava agradável o suficiente.
Depois de lá estar, o percurso não é assim tão assustador. Primeiro, porque fomos em grupo, segundo, porque realmente o trilho tem um ar seguro - pode ser só ar, mas convenceu-me. Sem dúvida que é de passagem obrigatória a quem passar por Málaga, ou lá perto porque a paisagem é de arrepiar - também - no bom sentido.
Numa das partes finais do trilho passamos por uma cascata enorme cujo o vento fazia voar a água fazendo brilhar vários arco-íris incríveis. Nunca tinha visto algo assim.
Ainda deu para bronzear um pouco!
Esta é a ponte mais assustadora de todo o percurso. Com o vento que fazia voar a água da cascata, fazia também voar os nossos objetos pessoais e foi nos aconselhado guardarmos tudo o que levássemos na mão, óculos de sol, telemóveis,...
Vejam bem a violência com que a água "voa". Agora imaginem o vento que estava neste ponto do trilho.
Se me perguntarem quão cansativo é... Respondo-vos apenas que era suposto ir descansar para a praia, e fui direta - quase direta que ainda houve direito a Dunkin' Dounuts - para a cama!
Seja como for vale mesmo muito a pena. Já viram bem estas paisagens?
Uma opinião pessoal: Se fosse hoje, não voltaria a fazer a visita com guia. Se por um lado a história é muito interessante e temos uma outra perspetiva sobre o local, a verdade é que todo o percurso é feito a um ritmo muito mais acelerado. Eu ficava sempre para trás - não gente, não é só porque não tenho rasgo nas pernas, mas porque tiro muitas fotografias e gosto de apreciar o momento e a paisagem sem relógio - e estava constantemente a perder conexão com o aparelho por onde o guia nos contava a história. Para além do mais, a pausa para lanche não chegou nem a 10 minutos porque outro grupo chegou ao mesmo ponto que nós, pelo que foi tudo feito demasiado a correr e a Mula gosta de degustar devagar.
De qualquer das formas, confiem na Mula, com ou sem guia, façam este trilho. Para os mais medrosos, acreditem, se eu consegui, vocês também conseguem, só não pensem muito no assunto e depois de lá estarem não têm outra hipótese se não concluir que o trilho tem apenas um sentido - pelo menos agora com o covid.
Quem desse lado já teve o prazer de palmilhar o Caminito del Rey?