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Desabafos da Mula

Desabafos do quotidiano, por vezes irritados, por vezes enfadonhos, mas sempre desabafos.

Desabafos da Mula

Memórias

 

As memórias não estão sempre na nossa cabeça, quase nunca estão, na realidade.

 

As memórias estão tantas vezes guardadas em caixas, em gavetas, ou espalhadas pela casa em forma decorativa e por isso é tão difícil nos desembaraçarmos das memórias físicas como das mentais. Uma parede pode conter memórias, boas ou más, vamos deitar abaixo a parede? Não! Então porquê deitar fora fotografias, adornos ou peças de vestuário? Eu não deito! Mesmo que deitasse... Tenho uma memória melhor que a de um elefante, infelizmente.

 

Sou das que guarda tudo, quer me façam lembrar bem ou mal de alguém. Gosto de guardar. Se existe memória é porque a pessoa era importante - não memorizamos quem não importa! -, por isso tenho de guardar. Sou das que guarda e por isso sou das que passa a vida a tropeçar no que às vezes gostava de esquecer, ou de simplesmente não me lembrar que existe. 

 

Abro uma caixa, encontro um coração de prata com os nossos nomes gravados. Faço limpezas numa área da casa que nem frequento, ali está uma garrafinha de brinde de uma celebração importante, abro uma gaveta, ali está uma qualquer fotografia. É demais. Mais do que o meu corpo, coração ou mente aguenta. É que se há alturas em que recordar me faz sorrir, há alturas como esta, talvez pela situação que vivemos, que recordar me faz chorar.

 

Já me senti melhor, tenho-vos já a confessar. Ultimamente sinto que estou a lidar bastante mal com tudo: com o presente, com o passado e até eventualmente com o futuro. Sinto-me rabugenta, sinto-me insegura, sinto-me... triste! Talvez triste seja a palavra adequada. Acho que passar demasiado tempo em casa obriga-nos a isso mesmo: a refletir sobre a vida, coisa que confesso que tenho evitado ao longo destes longos meses. A vida lá fora ajuda a não pensar muito na vida no geral e parece-me que a vida cá dentro obriga-nos a refletir demasiado, mais do que desejado até. Talvez por isso os monges budistas fiquem em clausura. Agora faz sentido, finalmente. 

 

Mas eu não fui feita para viver em clausura, eu não fui feita para pensar demasiado, fui feita para agir, e em casa trancada entre quatro paredes com os pensamentos, é tudo menos agir! É tudo menos avançar. É ficar presa em todos os sentidos!

 

Não gosto de me sentir presa nas minhas próprias memórias!

 

Acho que estou a enlouquecer...

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Desabafos do quotidiano, por vezes irritados, por vezes enfadonhos, mas sempre desabafos. Mais do que um blog, são pedaços de uma vida.