O que nunca contamos acerca das viagens
Acho que se nota um pouquinho que adoro viajar. Gosto de sair, conhecer mundo, e fazer quilómetros e quilómetros de estrada para ver o que ainda não vi. Pessoas como eu que adoram viajar também gostam, normalmente, de falar das viagens, é quase inevitável, queremos partilhar tudo o que de fantástico vimos, comemos, sentimos. Mas normalmente ocultamos o que menos bem correu, raramente partilhamos o que não gostamos - a menos que nos tenha marcado demasiado - e por isso quero com esta publicação falar disso mesmo, do que ninguém fala das viagens, das coisas más, do que pior acontece nas minhas viagens, nos meus passeios. Estão preparados? Cá vamos nós.
Dormir numa cama estranha com uma almofada estranha
Dificilmente passo bem a primeira noite. E a segunda.... e a terceira... Dormir fora da minha cama nunca é algo muito agradável. Fico sempre, por mais confortável que seja a cama, tipo frango, rodo para um lado, rodo para o outro e quase não durmo. As almofadas nunca são do meu agrado. Gosto das almofadas altas e relativamente duras, nos locais onde dormimos são sempre moles e baixas. Acabo por isso a dormir com as almofadas decorativas para tentar alcançar um equilíbrio, mas nunca resulta muito bem. O Mulo tem ainda um problema extra: nem sempre as camas dão para o tamanho dele, e tem muitas das vezes de dormir relativamente encolhido, coisa que ele odeia.
Enjoo durante as viagens
Seja de avião, seja de carro, e às vezes até de comboio. Enjoo com alguma frequência. Isso faz com que muitas das vezes vá mais concentrada em não vomitar do que na paisagem. Faz com que eu vá mais calada, faz com que aprecie um pouco menos o que estou a ver e faz com que secretamente e inconscientemente deseje regressar a casa.
Comemos sempre muito mal
Não somos ricos, e por isso não há dinheiro para tudo, ou comemos em condições ou viajamos. E como tudo na vida é uma questão de prioridades, optamos por viajar e comer algo mais fraco e barato do que ir a restaurantes diariamente e depois não termos dinheirinho para o combustível. Quando andamos por cidades relativamente grandes, acabamos muitas vezes no McDonalds para uma refeição rápida, quando estamos no interior, como foi agora o caso, costumamos fazer apenas uma refeição quente - normalmente ao jantar - e ir ao supermercado comprar uns petiscos na outra refeição - para o almoço - aqui os pequenos-almoços dos locais onde ficamos são de elevada importância. O que muitas das vezes acontece, é que depositamos alguma esperança no jantar, e já aconteceu irmos dormir a uma terra com zero restaurantes abertos/convidativos e saltarmos essa refeição. Mas como vocês sabem, eu tenho muitas reservas de gordura, deve ser para essas situações.
Em modo caracol
Isto apenas acontece quando vamos para fora do país, de avião. Somos os chamados turistas de mochila às costas, literalmente, e então andamos sempre muito mais cansados e com dores nas costas, porque para além do nosso peso - que já não é pouco - ainda temos de suportar o peso das nossas tralhas às costas.
Xixi
Pois é. Sou uma pessoa que faz muito xixi, que fazer? O que fazer quando se tem xixi em pleno Alentejo, em pleno Douro, com zero cafés, zero casas de banho públicas, e afins? E o que fazer quando se está em Londres e se paga 50 pence para se aceder a uma casa de banho? Ou como em Genebra que se pagava 1€? Pois é, aguenta coração, aguenta. Aguentar.... aguentar.... aguentar.... É tão desagradável!
A preocupação com a casa e com o gato
Estou sempre com um nervoso miudinho quando estou longe de casa: desliguei o ferro? E o aquecedor? Será que a água está fechada? E se der algum curto circuito e a casa arder? E se rebentar um cano e a casa inundar? Pois bem sei: Qual é a probabilidade de isso acontecer? É baixinha, bem sei, mas que querem, não consigo não me preocupar com estas coisas. E com o gato? E se ele vira as dezenas de taças de água que espalho em casa? E se ele se fecha numa divisão? Um pedaço da minha alma fica sempre em ansiedade.
E nunca contamos nada disto porquê?
Porque na realidade pouco importa! Viajar é tão gratificante, tão prazeroso e aprende-se tanto e conhece-se tanto, que estas pequenas aflições são apenas pormenores!
E vocês? O que nunca contam quando viajam?