Pedido de Desculpas nº7
Há bastante tempo que não peço publicamente desculpas a alguém e este é pela primeira vez - talvez não a primeira, mas das poucas vezes - que é efetivamente um pedido de desculpas sincero, sem ironias ou maldade, é de coração.
No sábado fui ao cinema e quero pedir publicamente desculpas ao casal da minha fila.
Aquela moça meia desengonçada que se levantou a meio do filme, às escuras, 10 minutos depois do intervalo, pisando-vos, impedindo-vos de ver o que estava a dar no grande ecrã, era eu. Desculpem, sim?
Bem sei que existe um intervalo para o que se precise, mas eu no intervalo não precisava de nada - ironias da vida, o que fazer? - e como tal deixei-me ficar sentada a relaxar. Eis que as luzes se apagam, e não sei se foi esta diferença abismal - vá, não tanto assim - de luminosidade que despertou algo na minha bexiga e que me fez levantar a meio do filme - para meu grande pesar e vergonha. Acreditem que não foi de boa vontade, logo eu que amaldiçoo todas as vezes que alguém o faz, porque se há coisa que odeio é pessoas com bichos carpinteiros em cinemas, teatros e afins. Mas não tive como evitar, eu tentei aguentar, acreditem que tentei, acreditem quando vos digo que só quando as águas que em mim estavam começaram a chegar ao cérebro é que eu decidi sair a correr porta fora antes que algo mau acontecesse.
Quanto às pisadelas... Sou Mula por alguma razão, tenho cascos não pés, e cascos pouco cuidadosos e no escurinho do cinema sabemos lá nós onde pomos os pés - alguns nem sabem onde põe as mãos, quanto mais.
Todavia, entretanto, porém, creio que o casal que estava atrás de nós a tirar selfies com flash ao longo do filme, supera a desavergonhada da Mula que desconhece a utilidade dos intervalos, certo? Bem sei que não invalida o facto de ter sido uma anormal, mas é capaz de me aliviar um pouco a consciência.
Estou desculpada?
Grata pela atenção!
A vossa Mula!