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Desabafos da Mula

Desabafos do quotidiano, por vezes irritados, por vezes enfadonhos, mas sempre desabafos.

Desabafos da Mula

Quando eu me perdi tão perto de casa...

... Mas que parecia tão longe!

 

A propósito do que vos contei ontem: eu não sou de inovar muito nos percursos que conheço. Agora que tenho GPS integrado no carro, a minha vida está muito mais facilitada, e atualmente vou para qualquer lado por qualquer lugar, mas até há bem pouco tempo essa realidade não fazia parte da minha vida. Assim o normal era memorizar um percurso e utilizá-lo sempre, independentemente das condições.

 

Corria o ano de 2009, estava a morar na minha primeira casa, depois de ter saído de casa dos pais. Memorizei o percurso casa da mãe -> curral, e apesar de saber que existiam outros caminhos, memorizei bem aquele que era o mais direto. Fazia aquele percurso várias vezes por semana, nunca houve qualquer problema, fazia por isso a viagem sempre muito descontraída, sem pensar no porvir, sem stressar.

 

Eis que um dia, num estreito por onde tinha de passar, havia um acidente.

 

Esperei, desliguei o carro e ali fiquei à espera que o acidente se resolvesse para poder continuar caminho. Um senhor, morador acho, vendo-me ali à espera já há uns bons minutos veio ter comigo, dizendo-me que a coisa ainda era capaz de demorar um pouco, que os senhores condutores não estavam a chegar a um entendimento e que o melhor seria eu dar a volta e ir por outro lado. Expliquei ao senhor que tinha mesmo de ir por ali, mas ele apontou para outra rua, que se eu contornasse por essa rua, iria ter a um cruzamento mais à frente e que não havia problema e poderia seguir viagem. Eu já tinha visto o meu pai ir por essa outra rua, pensei "porque não? Se vou ter logo ali ao cruzamento mais à frente..." E lá fui eu. Baixei o rádio para aumentar a atenção, dei a volta e fui pela rua que o senhor apontou.

 

Surpreendam-se: a rua não ia direta ao cruzamento mais à frente. Tentei manter a calma. Virei numa rua à direita, depois noutra à esquerda, andei, andei, andei, fui ter a uma urbanização sem saída até que tive de admitir: não fazia ideia de onde estava, era oficial estava perdida. Tentei manter a calma. Liguei ao Mulo, pedi-lhe - dando-lhe o nome da rua onde estava - que visse onde estava e que me ajudasse a chegar a bom porto. O Google Maps detetava aquela rua, mas numa outra freguesia que não tinha nada a ver onde eu estava. Conclusão: nem eu, nem ele sabíamos onde estava. Entrei em pânico. Comecei a tremer por todos os lados, até que ele lá me disse, para eu andar em direção a qualquer lado e eu fui-lhe descrevendo o que via até que ele lá me ajudou a chegar a uma rua que eu conhecia para seguir viagem.

 

E assim é a Mula quando panica. Eu estava muito perto de casa, talvez a uns 10 minutos, talvez nem tanto, e ainda assim achei que se continuasse a andar iria parar à China*.

 

 

* Confesso-vos, sei lá eu o que pensei. Acho que é esse o meu problema: é que nessas alturas não penso!

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Desabafos do quotidiano, por vezes irritados, por vezes enfadonhos, mas sempre desabafos. Mais do que um blog, são pedaços de uma vida.