Quando me obrigam a ser desagradável
Estava a trabalhar. Recebo uma chamada de um número desconhecido e atendo. Óbvio, era de uma entidade qualquer de crédito a querer "oferecer-me" uma proposta fantástica e maravilhosa de um seguro de proteção para tudo e mais um par de botas.
Sou delicada. Digo que não estou interessada
Continua a insistir, que me poderia ligar noutra altura. Volto a ser fófinha e digo uma vez mais que não estou interessada. Mas a mulher não desiste e utiliza o seu último trunfo:
"Como pode não estar interessada se não me deixa falar e só diz que não está interessada?"
Digo-lhe que estou a trabalhar que não tenho tempo. Passa para a chantagem emocional: "Pois eu também só estou a tentar fazer o meu trabalho e a não me está a deixar!" digo-lhe mais uma vez que não estou interessada, que não vou mudar de ideias, e que está a perder o seu tempo. Tenta mais uma vez "Não estou a perder o meu tempo". Remato com um "agradeço o tempo dispensado, mas como já lhe disse não tenho interesse" e a moça continuou a falar. Porque sou uma pessoa educada - tem dias, estava a trabalhar e não me apetecia ser mal educada - desejo-lhe um bom trabalho e um bom fim-de-semana e desligo. Incrivelmente a senhora continuou a falar e a dizer coisas que já não ouvi.
Desliguei.
Obviamente desliguei.
Compreendo que as pessoas estão a tentar ganhar o seu para pagar contas mas... Na minha terra, um não é um não, qual é a dificuldade em respeitar um não? Que a senhora ainda tentasse insistir uma vez parece-me bem, podia ser das que cedia, mas para quê entrar em conflito com o cliente? Como é que alguém acha que vai conseguir vender o que quer que seja entrando em conflito com o cliente?
A minha vontade era deixá-la fazer o seu trabalho todo até ao fim e no final dizer-lhe simplesmente: "Eu já lhe dei a resposta, como lhe disse desde o início, não estou interessada. Obrigada!" Mas eu como não gosto que me façam perder tempo, também não gosto de fazer perder o tempo dos outros. Limitei-me a desligar, pelos vistos abruptamente apesar de me ter despedido, e logo a seguir colocar o número na lista negra.
Irra. Larguem-me da mão!