Quando o aborrecimento impera...
...analisamos os outros!
Analisamos a forma de vestir, a maneira tantas vezes atabalhoada de andar, a maneira estranha de falar. Quem nunca analisou os outros à luz de estereótipos e preconceitos que atire a primeira pedra - e é agora que recebo uma data de pedradas, devo abrir o guarda-chuva?
Na fila de uma espécie de café de um centro comercial aguardava a minha vez. Um moço, bastante mais novo que eu estava à minha frente. Ar de moço com sustento*, levava uma torradinha de pão alentejano e uma meia de leite. Disse assim para com os meus botões, como se tivesse alguma coisa com isso: "A sério? Com uma montra de bolos é isso que lanchas? É que não tens nada ar de quem come torradas..."
Bem sei, que parecia aquelas senhoras alcoviteiras das aldeias, que vai para a janela de casa tecer opiniões acerca dos demais. Mas acho que pensamentos parvos sobre os outros acabam por ser inevitáveis quando não há nada de verdadeiramente útil para fazer. Sorte a minha que guardo este tipo de pensamentos parvos para mim, tirando uma ou outra partilha. Típico de quem adora uma boa má língua de quando em vez.
Uns momentos mais tarde, vou-me sentar, num lugar totalmente aleatório - agora, a sério, foi mesmo aleatório! - e vejo o moço da torrada. A torrada foi para a namorada, o moço estava era a comer um bruto hambúrguer, daqueles em que eu daria uma trinca se pudesse!
Mula 1 - Estereótipos - 0
*E contrariamente ao que podem estar a achar, o moço não era gordo. Só não tinha ar de quem comesse torradas ao lanche, sei lá eu vos explicar!