Rubrica Semanal - Tears in Heaven de Eric Clapton
Depois de Paradise City dos Guns n' Roses, a rubrica semanal, volta a dar destaque a um grande clássico, e interpreta a música Tears in Heaven que o grande Eric Clapton escreveu no ano de 1992.
Como muitos de vocês saberão, o filho de Eric Clapton, Conor Clapton, morreu em 1991, com apenas quatro anos, vítima de uma queda do 53º andar, num apartamento de uns amigos, em Nova Iorque. Esta música, escrita em conjunto com Will Jennings - autor de grandes sucessos, como é o caso desta, e da música My Heart Will Go On da Celine Dion -, pretende assim prestar homenagem ao seu filho, por forma a mostrar ao mundo, através da música, a sua dor. Foi sem dúvida um grande sucesso, ganhando diversos prémios. Acredito, porém, que Clapton preferisse não ter tido sucesso algum, se isso significasse ter o seu filho vivo, a seu lado...
Iniciando a interpretação da música...
Would you know my name / If I saw you in Heaven? / Would it be the same / If I saw you in Heaven? / I must be strong / And carry on, / 'Cause I know I don't belong / here in Heaven.
Eric Clapton inicia a música perguntando ao filho se ele ainda se lembra dele, e se ele ainda é a mesma criança, desde que chegou ao paraíso. No entanto, Clapton acrescenta que não o poderá ir visitar ao céu, que terá de ser forte e aprender a viver sem a presença do seu filho, porque o paraíso não é o lugar onde pertence. Aqui creio que Clapton se culpa pela morte da criança, e como culpado que é, não acederá ao paraíso, se este existir realmente.
Would you hold my hand / If I saw you in Heaven? / Would you help me stand / If I saw you in Heaven? / I'll find my way / through night and day / 'Cause I know I just can't stay / here in Heaven.
Clapton continua a fazer perguntas ao seu filho, que demonstram um certo medo de rejeição se algum dia, eventualmente se encontrassem. Clapton questiona o filho se ele lhe seguraria a mão e se o ajudaria a levantar, ou seja, se o perdoaria por não o ter conseguido salvar. Uma vez mais refere que precisa de encontrar o seu caminho, porque sabe que não poderá ir ter com ele ao paraíso, demonstrando uma vez mais, um sentimento de culpa.
Time can bring you down / Time can bend your knees. / Time can break your heart / Have you begging please / begging please.
Na terceira estrofe da música, Eric Clapton recorda quão sádico e manipulador pode ser o tempo, lembrando-o a cada dia que passa com mais amargura, o sofrimento que este sente, atirando-o para o mais profundo desespero e solidão.
Beyond the door / There's peace / I'm sure, / And I know there'll be no more / Tears in Heaven.
Antes do final da música Clapton conclui que no fundo, e apesar do seu filho não mais estar a seu lado, que está em paz, porque como o próprio refere, há paz na escuridão, e se está em paz, não há lágrimas, porque não há lágrimas no paraíso. E isso de certa forma tranquiliza o músico, que apesar de estar a sofrer e se culpar pelo sucedido, sabe que o seu anjinho ficará no céu a olhar por ele.
No entanto, nunca há certezas sobre o que acontece para lá da morte, o que acontece afinal no paraíso, e Clapton termina a música como começou, com medos e incertezas acerca do bem estar do seu filho e sobre se este será realmente capaz de o perdoar.
Would you know my name if I saw you in Heaven? / Would it be the same if I saw you in Heaven? / I must be strong and carry on, / 'Cause I know I don't belong here in Heaven / 'Cause I know I don't belong here in Heaven
Esta é daquelas música, que me faz sentir um arrepio na espinha sempre que a ouço, e confesso que às vezes até sinto uma lagrimazita a tentar escapar do canto do meu olho. Sou uma chorona é o que é!