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Desabafos da Mula

Desabafos do quotidiano, por vezes irritados, por vezes enfadonhos, mas sempre desabafos.

Desabafos da Mula

Silêncio...

 

Procuro-te no silêncio mas o silêncio apenas silêncio me devolve. Procuro-te na ausência, mas apenas o vazio encontro. O vazio das prateleiras cujas fotografias já não carrega. O vazio dos momentos que já não sei se alguma vez existiram. Procuro-te e não te encontro, apenas nas memórias, o que me leva acreditar que és apenas isso, uma memória, e talvez uma memória construída que nem nunca existiu realmente. Exististe algum dia sem ser em mim? Exististe algum dia sem ser nos meus ideais? Exististe para além da forma com que te construi e imaginei?

 

Pergunto ao silêncio na esperança de uma resposta. Nem ele sabe, nem ele responde. Silêncio. 

 

Procuro-te no silêncio do meu coração, ali existes mas não estás em silêncio, nem o meu coração está em silêncio. O batimento acelerado que dia após dia me turva os pensamentos e as emoções. Aqui é que deveria encontrar o silêncio e o vazio. Encontrar uma calmaria que ele desconhece. Talvez por isso aqui dentro seja só barulho. O meu coração desconhece o silêncio.

 

Como eu queria encontrar apenas o silêncio. Mas um silêncio tranquilizador, calmante e reconfortante. Não este silêncio que me destrói, qual bola de demolição.

 

Queria um silêncio que fosse silêncio. Mas só encontro este silêncio ensurdecedor. O silêncio que berra. O silêncio que corrói. Até que um dia só restará só isso mesmo, silêncio. Sem barulho, sem destruição. E aí já nada mais sobrará. Silêncio.

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Desabafos do quotidiano, por vezes irritados, por vezes enfadonhos, mas sempre desabafos. Mais do que um blog, são pedaços de uma vida.