Sobre a minha bolha
Em Agosto de 2015 escrevi um texto que falava sobre a importância do meu espaço, sobre como gostava de ter uma bolha que delimitasse esse mesmo espaço para não ser invadido sem permissão.
Escrevi vários textos no passado que continuam atuais. Este é sem dúvida um dos mais atuais. Podia escrever esse texto todos os dias da minha vida que continuava a escrever exatamente o que sentia. Há textos sem data de validade.
Continuo a sentir raiva das pessoas que não respeitam o meu espaço. Continuo a sentir raiva das pessoas que se colam a mim nos supermercados e que juntam os seus produtos aos meus. Continuo a sentir raiva da moça que se cola a mim na zumba impedindo-me de abrir devidamente os braços - e um dia vou abrir, ai vou abrir vou, e vou bater-lhe com vontade e fingir desolação e inocência. Continuo a sentir raiva das pessoas que têm necessidade de estar sempre a tocar-nos enquanto falam connosco e pânico de pessoas que não sendo minhas amigas me abraçam como se fossem, assim do nada, sem aviso prévio.
Por isso sim, o meu espaço continua a ser mais valioso que o dos outros e continuo a implorar para que o respeitem.