Eu já... #28
Eu já tranquei o meu cacifo no ginásio, com o aloquete, e deixei a chave lá pendurada... Na fechadura... Do dito aloquete.
Coisas à Mula, de resto, nada de anormal!
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Eu já tranquei o meu cacifo no ginásio, com o aloquete, e deixei a chave lá pendurada... Na fechadura... Do dito aloquete.
Coisas à Mula, de resto, nada de anormal!
Eu já dormi de luz acesa, em adulta, após um filme de terror.
Apesar de saber que é apenas ficção, e do meu lado racional ter a certeza que durante a noite não vão sair monstros do armário, nem cobras debaixo da cama, nem andarem - espero eu - espíritos a vaguear pela minha parede. Ainda assim... Aconteceu mais vezes do que me orgulho admitir...
E em dias de greve aqui me confesso.
Eu já usei uma greve como desculpa para faltar ao trabalho.
[Não por fazer greve porque sempre trabalhei no privado, mas porque não tinha o meu transporte habitual. Como não me apetecia ir trabalhar, também não procurei alternativas - e haviam alternativas.]
E porque hoje é dia de casório uma confissão.
Eu já comprei um vestido para um casamento e no próprio dia decidi que não gostava dele. Nunca o devolvi. Nunca o usei. Ainda hoje não entendo como é que o comprei.
Quem mais?
Eu já embirrei com uma pessoa, sem razão aparente, só porque me fazia lembrar alguém que eu não gostava.
A conversa de segunda-feira sobre a Odisseias e os relatos sobre um hotel assustador no Luso que duas leitoras partilharam, recordou-me que...
Eu já dormi vestida num hotel devido à higiene - ou falta dela - do quarto onde fiquei hospedada, durante duas noites na Atocha, em Madrid, em pleno inverno. O Mulo, mesmo cheio de coragem, dormiu como se nada fosse entre lençóis eu cá peguei no sobretudo dele, e cobri-me. E assim dormi aquelas duas noites, agarrando-me à ideia de que se já tinha acampado, também iria sobreviver àquele quarto assustador. Só para vos sintonizar, até cinza os lençóis tinha.
Foi a experiência hoteleira mais assustadora que já vivi e quando me lembro disto ainda me coço toda.
Por falar em estagiários... Lembrei-me:
Eu já fui tirar pontos e quem mos tirou foi um estagiário de enfermagem inexperiente. Ele não queria tirar, os pontos estavam muito apertados, ele sabia que me ia magoar, a enfermeira que o acompanhava obrigou-o... E quem sofreu, quem foi?
No fundo sofremos os dois: eu, cheia de dores, ele, por não me estar a conseguir ajudar. O olhar de desespero dele contrastava com os meus olhos arregalados... Bem sei que eles também têm de aprender mas...
Os pontos eram no lábio inferior, para vos sintonizar, e doía-me a falar, quanto mais com tal carnificina! Quando me lembro ainda sinto vontade de chorar...
Porque há certas e determinadas pessoas que me fazem lembrar coisas... cá vai:
Eu já estive a morrer por causa de uma bola de berlim com creme, no verão.
A bola tinha um aspecto delicioso, cheirava bem, estava muito saborosa, mas pelos vistos o creme não deveria de ser fresco, porque apanhei uma bruta de uma intoxicação alimentar que me pôs a vomitar este mundo e o outro, durante vários dias. Para além da febre... Ai a febre no verão. Assim, e porque há coisas que não gosto de repetir nesta vida, bolas de berlim com creme - as que eu gosto mesmo, mesmo, mesmo - só no inverno e quando os cafés têm as vitrinas refrigeradas.
Eu já despejei um saco de amendoins em St. James's Park, despertando a raiva de alguns turistas que deixaram de ver os esquilos à sua volta.
Eu sou doida por esquilos, acho que já vos tinha dito, e o primeiro ano que fui a Londres - em 2014 - desconhecia a quantidade de esquilos que os parques londrinos possuíam. Como os esquilos são oportunistas, só vêm ter com as pessoas quando temos algo que lhes agrade, fui a um supermercado e comprei um saco grande de amendoins - longe de imaginar que os amendoins de lá eram horríveis - que assim para além de alimentar os esquilos também comeríamos alguns - eu e o Mulo provavelmente já fomos esquilos na vida passada, adoramos amendoins. Só que como os amendoins eram péssimos, ficamos com imensos e no último dia, tinha eu ainda meio saco deles, fiquei sem saber o que fazer com aquilo. Não me cabia na mala - já andávamos de sacos às costas - e também não queríamos deitar fora. Assim, quando fui ao último parque, antes de ir embora, despejei todo o saco de amendoins lá no meio de uns arbustos, para os bichinhos se irem alimentando... Olhei, à minha volta, não vi ninguém, e pronto, depois era vê-los ao longe a irem buscar os amendoins, e a levarem-nos, suponho, para a toca.
Quando vou a descer vejo dois ou três turistas a olharem para mim com ar furiosos, porque ao que parece estavam ali de bracinho esticado com amendoim na mão e nenhum esquilo se aproximava... E senti que tinham visto o que eu tinha feito. Senti-me um pouco culpada. Baixei a cabeça, sorri envergonhada e pirei-me dali o mais rapidamente possível.
Eu sei... isto não se faz... Mas ainda assim, prefiro turistas insatisfeitos e esquilos bem alimentados, que o contrário!
Mas como, ainda assim, isto não se faz, no segundo ano que cá vim - no ano passado - trouxe amendoins daí de Portugal - que para além de bastante mais baratos, são mais saborosos - de modo a que não sobrassem... Eles eram tão saboroso, que até os pássaros vinham buscar amendoins à minha mão!
Eu já fui insultada em coreano.
Enquadrando.
Uns clientes coreanos vieram cá à loja, e achavam que mandavam nos preços. Assim, colocavam os produtos no balcão e diziam por que preço iriam comprar os ditos produtos, cuja resposta era sempre a mesma "Não. Isso não é possível". Então começaram a dizer "Então se não me fazes esse desconto, ofereces-me isto. Quero isto e aquilo de oferta" e eu continuava e explicava que poderia fazer um pequeno desconto, mas não o valor que eles queriam. E a minha resposta era sempre a mesma: "Não. Isso não é possível!". Tentaram, espernearam, argumentaram, e tivemos nisto mais de 10 minutos. O meu colega tentou levar a conversa na brincadeira e ria-se, eu começava a perder a paciência. Quando perceberam a minha falta de paciência ainda começaram a brincar mais e a gozar, e a fazer de conta que iam levar na mesma os produtos, mesmo sem a minha permissão. Até que lhes disse que se continuassem, eu não iria fazer qualquer desconto e levariam ao preço que estava marcado, e se colocassem alguma coisa na mala que eu seria obrigada a chamar a polícia. Ficaram de cara trancada e começaram a praguejar na língua deles.
Eu sorri, eles chateados, pagaram com o desconto que eu disse inicialmente que faria, e foram embora sem descontos extra, nem produtos ofertados.
Mula 1; Coreanos 0.