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Desabafos da Mula

Desabafos do quotidiano, por vezes irritados, por vezes enfadonhos, mas sempre desabafos.

Desabafos da Mula

Diário de uma Desempregada #5 O que 2016 tira, 2017 devolve?

 

Fiz planos para este desemprego. Imaginei-me a descansar um ou dois meses há muito tempo, porque efetivamente o desemprego apesar de ter vindo de um dia para o outro, não foi inesperado, estava há mais de um ano há espera disso, que eu ainda sei fazer contas e ver que a loja estava em decadência, em total queda livre há mais de um ano.

 

Fiz planos para ir para o ginásio, ler muito, descansar ainda mais.

 

Mas os planos saíram-me furados. Imaginei-me a reunir forças para encontrar o meu emprego, aquele que verdadeiramente me iria satisfazer. Com subsídio teria tempo para procurar algo dentro da minha área, quiçá. Trilharam-me o caminho. Deram-me maçãs envenenadas. O desemprego sem subsídio ou indemnização, a operação do Mulo, a minha guerra com quem se acha mais poderoso do que Deus. Nada ajudou. Estive três meses em casa, é verdade, mas também é verdade que as preocupações foram mais que muitas. A falta de dinheiro, a falta de uma data para que as coisas ficassem resolvidas, a falta de paz. Descansei o físico, a mente essa está mais trilhada que um dedo numa porta. Imaginava que ia ter um desemprego mais ou menos tranquilo, dentro do que é possível ser tranquilo. Mas foi totalmente o oposto. Foi uma verdadeira luta contra o tempo.

 

Imaginei-me com um rendimento mensal, qual parasita, para finalmente poder dedicar-me à procura do meu emprego de sonho, ou pelo menos de um que mais se aproximasse do meu sonho. Estava enganada, como sempre estou. Sem mais rendimentos, que remédio tive senão colocar os pés ao caminho, procurando indiscriminadamente por algo que pudesse pagar as minhas contas, e fui bater às portas com um currículo novo, a estrear.

 

Entrevistas tive várias. Cada entrevista que ia, uma nova esperança. Eu queria um trabalho de sonho, mas passei apenas a querer um trabalho, um qualquer, um que me pudesse voltar a levar e orientar-me. Eu já só queria um trabalho que me pudesse antecipar ao caos. Arranjar um emprego antes que o bolso da poupança fosse fundo tão fundo... Fundo e roto. Acreditem que é pior o impasse, o vai ou não vai, do que um emprego que não nos faz feliz, porque acima de tudo eu sou mais feliz com um emprego que não gosto mas com dinheiro no bolso, do que em casa de bolsos vazios. Não fui feita para ter os bolsos vazios de forma alguma, logo eu que tenho uma Tio Patinhas dentro de mim. Até posso ter sido feita para ser dondoca e não fazer nada, estendida no sofá, mas não fui feita para estar de bolsos vazios. 

 

E finalmente falo-vos olhando para o passado não para o futuro.

 

Passado: estive desempregada.

Presente: já não estou mais.

Soubessem vocês a vontade que eu tinha de escrever este texto!

 

Não é o meu trabalho de sonho, não é nem na minha área, nem é dentro do que eu efetivamente procurava. Mas sabem que mais? Sabe como se fosse! Parece-me uma boa empresa, é dentro do estilo, bem remunerado, oferecem boas condições, o horário é muito bom, a equipa parece porreira, e é no fundo mais do que eu poderia desejar neste momento. Por isso estou tão feliz! Estou tão feliz!

 

Por isso olhem esta rubrica Diário de uma Desempregada chegou finalmente ao fim, com grande alegria minha! Porque felizmente o que 2016 tirou, 2017 devolveu!

 

Já estou a trabalhar e por isso peço-vos: Tenham paciência comigo que esta fase nova é capaz de demorar um pouco e o blog irá entrar quase em auto-gestão!

Balanço de 2016

Este ano, de 2016 correu bastante mal e conta para a história da pessoa que se encontra atrás da Mula, como um dos piores anos de sempre, apesar de ter também acontecido o dia mais feliz da sua vida! Verdade, bem sei, que dizem que por morrer uma andorinha, não acaba a primavera mas a verdade é que neste ano demasiadas andorinhas morreram, e com elas me mataram um bocadinho.

 

A passagem de ano foi das piores de sempre e entre outras coisas que agora não interessam, comecei o ano novo doente, com uma gripe de morrer. Acho que foi um presságio, uma espécie de antecipação de como me iria sentir o resto do ano. Queixei-me logo desde o início de que Janeiro estava a ser horrível, e afinal Fevereiro foi ainda pior. Fevereiro fica assim marcado com a morte do meu bebé, que ainda me mói de modo doloroso cá dentro. Se 2016 ficará para sempre marcado como o ano do meu casamento, ficará também para sempre marcado como o ano em que me morreu o gato da minha vida, não sei como conciliar estes dois sentimentos cá dentro, a sério que não sei mesmo. E não me digam, por amor de Deus, que é só um gato, porque sabe toda a gente que me conhece, que não era, efetivamente, só um gato.

 

Com o aparecer dos primeiros raios de sol, começou também a surgir a esperança, parecia que as coisas se começavam a compor, mas o ano começou tão devagarinho, com sofrimento e dor, que o tempo custou realmente a passar. Este ano pareceu enorme e eterno.

 

Em Março tive de recomeçar tudo do zero a preparar o meu casamento. Que consumição! A quinta que tínhamos programado inicialmente começou a dar sinais de não ser competente e apenas a 3 meses do dito tivemos que alterar tudo. Foi também o mês de irmos ao Registo Civil e a coisa prometia ser complicada, mas afinal não foi. Mais presságios de que 2016 não foi uma boa escolha, parecia que estava tudo realmente contra nós. Mas 2016 foi, apesar de tudo o ano que escolhi para me casar, e por isso, apesar de andar numa ansiedade que só visto, foi o ano com o dia mais feliz da minha vida, e isso ninguém me pode tirar. O casamento foi lindo, perfeito, e correu tudo lindamente. Passei a lua-de-mel em sítios fantásticos, e vi coisas lindas, lindas, lindas! Isto também ninguém me pode tirar.

 

No entanto, e para ajudar à festa, 2016 foi um ano de peso em io-io, ora emagrecia ora engordava, ora me controlava ora comia que nem uma lontra, acho que nunca oscilei tanto de peso como este ano. Tentei ter o casamento como foco e motivação para ter um corpo de verão 2016... Não aconteceu.

 

2016 fica também marcado pelo numero de malucos que atendi lá na loja. Um outro presságio. Com as vendas a caírem abruptamente, os malucos começaram a fazer fila para entrar. Fica por isso também marcado pelo ano em que mais vezes perdi a paciência. Perdi-a e nunca mais a encontrei. É favor de quem a encontrar que ma devolva, se faz favor.

 

E porque um ciclo é um ciclo, 2016 termina do mesmo modo como começou: terrível. O final de 2016 fica assim marcado pela operação e má recuperação do Mulo - sim, porque ele está novamente a piorar -, pela minha perda de emprego, pelas guerra com a entidade patronal, pelas perdas de dinheiro atrás de perdas de dinheiro. Se a minha vida fosse um filme, o ciclo ter-se-ia finalmente encerrado e eu poderia ser de agora em diante feliz sem problemas nem obstáculos. Como a minha vida não é um filme, ou é, e tem um realizador com muito mau gosto, veremos como é 2017. Só espero que esta porta se feche finalmente e me deixem viver em paz!

 

Até sempre 2016! Vai e não voltes!

Desabafos do quotidiano, por vezes irritados, por vezes enfadonhos, mas sempre desabafos. Mais do que um blog, são pedaços de uma vida.