Nunca um filme mexeu tão abruptamente com as minhas emoções como este filme. Confesso que inicialmente estava bastante relutante, já que é uma adaptação do sueco Um Homem Chamado Ove e (que li, mas não vi o filme original) e quando percebi que até o nome do homem tinham mudado, fiquei com medo de não gostar. Mas não foi o que aconteceu.
Um Homem Chamado Otto conta a história de Otto, um homem recém viuvo, muito rabugento, com pouca paciência para pessoas no geral, e que após a morte da mulher mergulha numa profunda depressão, perdendo o entusiasmo de viver, até que com a chegada dos novos vizinhos, a vida de Otto muda radicalmente.
Este é daqueles filmes que não sabemos se queremos rir ou se queremos chorar, se estamos a chorar de tanto rir, ou a rir de tanto chorar. É toda uma explosão de sentimentos e emoções que colidem entre si, cena após cena. Digamos que é um filme emocionalmente confuso. Adorei!
A prestação do Tom Hanks, é a que já estamos habituados: Incrível! A atenção é captada desde os primeiros momentos até aos últimos e quando acabou fiquei apenas triste porque não me queria despedir da histórias e dos seus personagens. Não é nada maçador e nem damos pelo tempo passar.
O filme destaca várias temáticas sociais importantes: O luto, a viuvez na terceira idade, a forma como a sociedade tenta descartar os mais idosos, e a importância da inclusão dos idosos na comunidade, assim como a importância da criação de estruturas de apoio comunitário com os mais jovens. Todo o filme é uma grande aprendizagem, a par com uma história de amor de nos amarfanhar o coração até ao último minuto.
Esta quarentena, mesmo não sendo totalmente desocupada, já que estou em teletrabalho, tem dado para colocar as séries em dia. Uma das séries que me chamou a atenção foi a série luso-galega, Auga Seca notícia por ter sido a primeira série portuguesa na HBO Portugal e Espanha.
Auga Seca é uma série policial pequena, tem apenas uma temporada - pelo menos para já - e são apenas 6 episódios, e conta a história de Teresa que quer descobrir o motivo da morte do irmão. Assim, deixa a vida em Lisboa, muda-se para Vigo e quando dá por si, encontra-se no meio de uma rede de tráfico de armas entre Portugal-Espanha-República Democrática do Congo. Será que Teresa vai descobrir o que realmente aconteceu?
A série é boa. Cativou-me desde o primeiro episódio e após ignorarmos o mau galego da Victória Guerra, desfrutamos da trama que não tem muitos floreados ou clichés. Agrada-me a forma como a história foi sendo contada e como se desenrolou, revoltou-me o final [spoiler alert!!!!] por ser demasiado semelhante ao mundo real. Normalmente gostamos que na ficção a justiça seja feita, já que no mundo real nem sempre é. Na Auga Seca como na vida a justiça é relativa e os ricos e poderosos safam-se sempre, nada diferente da vida real portanto.
O final é bastante aberto pelo que prevejo que possa existir uma segunda temporada - e assim espero! -, mas ainda não vi qualquer informação sobre isso.
Digo-vos já assim rapidamente e sem qualquer tipo de preliminares, que adorei o filme. Só já assim por causa das coisas. E logo eu que não costumo ser grande apreciadora de filmes nomeados para os óscares, mas a verdade é que ultimamente tenho ficado bastante surpreendida com os filmes nomeados, este foi um deles.
Porque há mais gente com bom gosto, como a Mula, Jojo Rabbit é já considerado - e a meu ver muito bem - um dos 10 melhores filmes do ano e foi por isso nomeado para seis óscares, tendo vencido na categoria de Melhor Roteiro Adaptado.
Jojo Rabbit é a prova de que não há limites para o humor e que sim, que se pode brincar com temas sérios e sensíveis como o Holocausto, sem nunca esse tema perder a seriedade, a importância e neste caso a repugnância. Jojo Rabbit é uma sátira ao nazismo e à Segunda Grande Guerra.
Assim, a ação de Jojo Rabbit decorre na Alemanha durante a II Guerra Mundial, na altura em que as tropas Americanas e Russas começaram a avançar. Jojo é um menino de 10 anos nazi, cujo sonho é ser o braço direito de Hitler, o seu grande ídolo e ao longo de toda a trama vemos Hitler como o amigo imaginário de Jojo - interpretado pelo próprio realizador, Taika Waititi - e é através deste amigo imaginário que vemos a evolução da consciência do menino sobre o que se está a passar realmente à sua volta.
Tendo como sonho ser o braço direito de Hitler, imaginamos Jojo um menino de mau carácter e frio, mas não é isso que realmente encontramos. Quando Jojo tentar alistar-se na Juventude Hitleriana, que pretende transformar crianças e adolescente alemães em perfeitos espécimes arianos, percebemos que estamos perante um menino de bom coração e de bom fundo, apenas com uma ideia errada de si e das suas lutas. E daí o nome de Rabbit, porque Jojo tenta salvar um coelho que a juventude Hitleriana acaba por matar.
Mas apesar de tudo isso, e encorajado pelo seu Hitler imaginário, Jojo decide lançar uma granada para provar que poderia ser tão forte e empenhado como um bom ariano, mas corre mal e Jojo é afastado do recrutamento.
Entretanto, descobre no sótão de sua casa uma menina judia que a sua mãe acolhe às escondidas e vê uma forma de se tornar famoso e deixar o Hitler orgulhoso: Irá escrever um livro sobre como são os judeus e para isso contará com a sua amiga judia do sótão. É aí que a transformação de Jojo começa pois começa a perceber, com o tempo, que as coisas não são bem como ele achava que eram.
Todo o filme é contado pelos olhos de Jojo, e é através dele que percebemos a ignorância das pessoas, e a forma como os judeus eram retratados na Alemanha Nazi.
Apesar de Hitler nos ser mostrado no filme como uma figura patusca, fruto da imaginação de uma criança num filme de comédia facilmente nos apercebemos da verdadeira realidade e da metáfora que o filme pretende. A mensagem apesar de ser cómica está longe de nos levar às lágrimas de tanto rir e nunca se distancia o suficiente das atrocidades que na realidade aconteceram e o filme joga com isso, vai-nos tirando a vontade de rir com o avançar dos minutos e apesar de tentar aligeirar o tema, vai-nos espetando facas no coração, mas também nos vai dando mensagens de esperança.
Como já vos disse, eu gostei muito, sabem que me interesso pelo tema, já li e escrevi imenso sobre isso, e este filme mostra-nos que não é preciso imagens chocantes para nos chocarmos com a realidade, com o que realmente aconteceu.
A Mula foi ver a Maléfica mais maléfica do cinema, que não é tão maléfica assim.
Digam-me só uma coisa, quem já viu: A sério que é um filme pra crianças? É que a mim pareceu-me... Como dizer... Desadequado.
Mas adiante...
A Maléfica regressou ao cinema para uma nova batalha. Aurora foi pedida em casamento pelo príncipe Philip e aí tudo se complica.A mãe de Philip tem um plano maquiavélico para destruir o Reino de Moors, enquanto Philip e o Rei apenas pretendem unir os dois povos para que possam viver em paz.
É um filme da Disney mas é um filme bastante violento para as crianças, cheio de traições, vinganças, guerras e destruições. É um filme que coloca em causa da família e de como não importa como é a nossa família, mas sim como ela nos trata e nos acolhe.
Tal como já tínhamos percebido no anterior filme, Maléfica não é tão má assim, tem apenas um espírito de defesa da família e do seu reino bastante apurado e apenas tem noção da maldade que os humanos conseguem infligir a outros, mesmo a seus semelhantes. É um filme que denuncia a falta de escrúpulos.
É um filme recheado de efeitos secundários que nos encantam. E é também um filme que nos comove pelas atrocidades a que são submetidas as criaturas aladas, as fadas e afins.
A Rainha fez-me muito lembrar a raínha da A Branca de Neve e o Caçador e por isso olhei logo para ela de lado e com a certeza de que ela é que era a grande vilã da história e por isso acabou por não ter o efeito surpresa que imagino ser suposto ter.
Gostei do filme. Tem bastante ação. É dinâmico, ainda que uma vez mais a princesa é colocada de forma doce, inocente, muito manipulável o que me irrita um pouco, acho que já estava na hora de as princesas da Disney de ganharem outro tipo de atitude. Mas gostei do filme, foi bom para uma tarde de domingo cinzenta.
Fui ver o Joker. Ó MEU DEUS! Mas o que é isto?! O Joker é simplesmente incrível! Já li várias críticas, algumas bem cruéis para um filme tão incrível, mas também cada crítica já se sabe, vale o que vale - tal como a minha! -, porque depende sempre muito de uma experiência pessoal, das nossas expectativas e vivências. Quanto a mim, posso já adiantar-vos: adorei. Que baque na alma!
Joker não é um filme de super-heróis. Joker conta a história de Arthur Fleck, palhaço de profissão, excluído, de situação social e retrata os motivos para Arthur Fleck se ter tornado no Joker, o louco vilão que combate contra o Batman em O Cavaleiro das Trevas.
Artur Fleck, aspirante a comediante, sofre de um problema neurológico que faz com que se ria em situações desapropriadas, e isso origina constantemente problemas e situações desagradáveis. É constantemente alvo de bullying e é despedido da empresa de palhaços onde trabalhava porque um amigo lhe arranjou uma arma para se proteger. É esta arma que transforma toda a história. Após ser mais uma vez humilhado em pleno metro, e ser novamente espancado sem qualquer piedade, mata os agressores com a arma que lhe ofereceram. O que poderia ser uma situação traumática para a maioria das pessoas, para Artur foi uma tábua de salvação. Fleck sentiu-se bem.
Este filme demonstra, de forma bruta, como a sociedade tem a capacidade de transformar um ser débil num monstro, pela forma como não o apoia e o humilha por ser diferente. Artur Fleck não era um homem mau, era um homem com sonhos que foi desde sempre excluído pela sociedade de forma macabra.
Joker não é um filme de super-heróis, aqui ninguém voa nem há tecnologia extremamente avançada para a luta do bem contra o mal. Joker é um drama, de um homem que tenta ser feliz, que tenta encontrar um motivo para sorrir, pois como a sua mãe lhe dizia "She always tells me to smile and put on a happy face. She says I was put here to spread joy and laughter." Mas Fleck não tinha grandes motivos para sorrir, mas sentia que era essa a sua obrigação, o seu propósito.
É um filme brilhante, que cativa, que nos amolece a alma e o coração, que nos comove. Assisti com um grande nó na garganta do início ao fim.
Voltei a ter 6 anos... Voltei a amarfanhar-me no cadeirão, como se fosse a primeira vez.
Calma, não vos falo novamente do cadeirão do dentista, desta vez falo-vos de um bem mais confortável: o cadeirão do cinema!
Desta vez fui ver... [rufem-tambores-como-se-ainda-não-tivessem-visto-o-título-ou-a-imagem-do-post] O Rei Leão!
Não me parece que o filme precise de apresentações ou de sinopses. Toda a gente conhece a história do pequeno Simba que perdeu o pai devido à ganância e maldade do tio Scar. É dos clássicos mais clássicos do cinema infantil. Deveria de ser obrigatório. Porquê? Não sei porquê, mas devia e ser obrigatório.
O Rei Leão foi o primeiro filme que vi no cinema, tinha 6 anos, e ainda mal sabia ler ou escrever. Para além de ter visto o filme no cinema, tinha o livro do filme e o áudio-livro que ouvi vezes e vezes sem conta. Conhecia as falas de trás para a frente, e confesso que ainda sei de cor muitas passagens. Em português claro. Agora de regresso ao cinema vi em inglês, e confesso-vos que me arrependi. As falas que eu conhecia estavam ali todas - ou quase todas, vá! - e perdi-as em inglês, apesar de durante todo o filme as ter ouvido passar discretamente na minha memória, em Português.
O filme está incrivelmente igual, pelo menos do que eu me lembro, claro.
Confesso que estava um pouco receosa. Quando vamos ver um remake de um filme que tanto gostamos, dá sempre um nervoso miudinho de nos destruírem as memórias, e neste caso de destruírem até um pouco da infância. Mas não foi o caso. O filme está... em três palavras: IN-CRÍ-VEL! O humor está lá, tem um toque moderno, mas a essência está lá. Peca apenas por não terem sido fieis à cena épica final e posto o Timon novamente a dançar com uma saia havaiana enquanto o Pumba tinha a maçã vermelhinha na boca. Peca também por terem cortado outra cena épica do filme: Quando o sábio mandril, Rafiki, bate com o pau e o côco na cabeça de Simba dizendo-lhe que podemos escolher que o passado nos magoe, ou aprender com ele. Acho, que essencialmente esta cena, deveria de constar no remake, que para mim é sem dúvida uma cena chave. Mas, ainda assim, gostei imenso do filme! Tenciono voltar a ver, desta vez em português.
O que é incrível é que por mais vezes que eu veja este filme, é impossível eu não chorar. Acho que se o vir 5 vezes seguidas, que chorarei as cinco vezes. A cena da morte de Mufasa é demasiado para mim, sempre foi, e deixa-me até uma questão: Até que ponto é uma realidade que devemos confrontar as crianças mais pequenas? Ver este filme em adulta, distanciando-me da criança que era quando o vi pela primeira vez, permite-me perceber que é um filme com uma mensagem demasiado forte, e com cenas bem violentas - como de resto quase todos os filmes da Disney daquela altura... - e receio que nem sempre as crianças percebam bem a mensagem... Na realidade não é só um leão que perde o pai. É todo um reino que é desfeito devido a um plano de vingança por alguém a quem o Simba chamava família, e em quem deveria de confiar. Passará a mensagem que não devemos confiar em ninguém?
Mas adiante...
Já vos disse que adorei? Ó meu Deus! Confesso que ainda estou um bocadinho histérica e eufórica... Também é possível que a TPM não ajude...
Mas... E vocês, contem-me tudo: Quem é que tem aqui a coragem de admitir publicamente que nunca viu o Rei Leão? E quem viu, tenciona ver o novo? Opiniões de quem já viu?
Amante como sou de animais, filmes como estes nunca me passam despercebidos. E se adorei o primeiro filme d' Vida Secreta dos Nossos Bichos, iria adorar com certeza o segundo filme, e não me enganei.
O Duke, o Max, a Gidget, o Pompom e a Chloe estão de volta, desta vez para uma nova aventura. Max nunca gostou de crianças, mas quando Kate tem o seu primeiro filho, Max fica obcecado com a sua proteção e começa a ficar com crises de ansiedade coçando-se compulsivamente, até que tudo muda e Kate vai passar umas férias para o campo e Max e Duke descobrem um outro mundo, uma outra forma de viver. A par desta história temos a história de um resgate de um tigre branco por Pompom, de um circo, com ajuda dos seus amigos sendo que a vida de todos estes animais se revira quando o dono do tigre decide vir resgatá-lo. Será que vão conseguir esconder o pequeno grande tigre das mãos do vilão circense? E Max e Duke, será que se vão habituar à vida no campo? Vejam, vejam!
É um filme para crianças, mas que deveria de ser visto por todos os adultos. É um filme que explora as emoções dos animais, que nos mostra como os animais também sentem e de que forma os seus sentimentos se manifestam. Mostra, e muito bem, a forma como os animais de circo são explorados e violentados para cumprirem o seu propósito, por isso temos aqui um filme que fala essencialmente dos direitos dos animais e da forma como estes se relacionam com os humanos. Este filme conta-nos por isso sobre a crueldade animal, mas sob um ponto de vista humorado e ligeiro, mas que nos põe a pensar.
Fui ver a versão original, legendada, e aconselho mesmo o filme, a quem goste de filmes de animação e não só, gargalhadas várias estão prometidas.
A Mula foi reviver um pouco a sua infância e foi ao cinema ver o tão fofinho e acarinhado do público: Pikachu.
Eu sei... Eu sei... Ter um boneco tão fofo com a voz do Ryan Reynolds é estranho (por momentos fechei os olhos e imaginei estar a ouvir o meu tão adorado DP - Deadpool), mas prometo-vos que tem uma explicação lógica e vocês vão entender o motivo.
Em Ryme City Humanos e Pokémons convivem livremente, mas o detetive Harry Goodman fez uma descoberta que mudará brevemente o curso desta harmonia, só que quando estava prestes a mostrá-la ao mundo, é vítima de um brutal acidente onde é dado como morto, assim como o seu pokemón: o Pikachu. No entanto, Pikachu não morreu e aparece ao seu filho Tim para pedir ajudar - o único humano que parece compreendê-lo de verdade, não ouvindo apenas "pika, pika" como o mais comum mortal. Pikachu tem a certeza que o seu parceiro, Goodman, não morreu e os dois embarcam numa aventura para desvendar o que aconteceu afinal. Quem estará por trás do acidente que vitimou Goodman? Será que o pai de Tim e parceiro do Pikachu morreu realmente? Terão de ir ver o filme para saberem o que aconteceu realmente.
Este filme é muito engraçado, e quem gostar do estilo não irá certamente chorar o seu dinheiro. É um pouco diferente do Pokemón normal - e ainda bem - sendo que a base do filme não se baseia nas lutas entre pokémons como a série. Tem uma componente de suspense e investigação bastante boa, tem uma trama complexa, bastante boa. Adoro a forma como o filme nos é contado, essencialmente no que toca ao humor. Acho que tem a dose certa entre o humor e o suspense. Apesar de ser um filme sobre pokémons, é um filme sobre poder, sobre corrupção, sobre ganância e sobre justiça.
O Samitério de Animais é um filme obrigatório para os fãs de Stephen King, como eu, ainda que seja nestas alturas que tenho pena que Stanley Kubrick já não seja vivo. Ainda que os realizadores Kevin Kölsch e Dennis Widmyer não estivessem mal, algumas arestas poderiam ser limadas e o filme teria muito mais potencial para ser ainda mais assustador.
Não, não é um erro ortográfico. O filme não explora propriamente um cemitério de animais, mas antes um samitério de animais, que é muito mais sinistro e macabro.
O Samitério de Animais conta a história de uma família que se muda da cidade de Boston para uma terra no interior de Maine e que descobre que a sua propriedade inclui um cemitério de animais onde procissões e cultos são realizados aos animais domésticos que morrem naquela zona como forma de lhes prestarem homenagem. E se desde o início da mudança a família percebe que algumas coisas estranhas acontecem na zona, tudo piora quando o gato da família, Church, morre. Na tentativa de não fazer sofrer a filha do casal, o gato é enterrado numa terra indígena que promete trazer coisas de volta, e assim é despoletada toda um conjunto de reações em cadeia que leva a família à desgraça.
O lema do filme é "Às vezes é melhor estar morto" e por isso mesmo, o filme demonstra que tentar adulterar a realidade para tentar de alguma forma escapar ao sofrimento, não vai dar bom resultado e que por isso devemos aceitar o que nos acontece, seja de bom ou de mau. O filme marca claramente uma posição: não devemos nunca alterar a ordem das coisas, ou adulterar determinados acontecimentos sob pena de influenciarmos uma data de reações adversas, mesmo daqueles que nos rodeiam.
O Samitério de Animais coloca-nos algumas questões importantes, essencialmente no que toca ao tema morte. Foca muito a forma como diferentes pessoas lidam com a morte, e como passamos esse tipo de informação para as crianças. É um filme que também nos coloca numa posição indelicada e extremamente desconfortável: E se pudéssemos trazer de volta à vida alguém que amássemos muito e que já não está connosco, seja pessoa ou animal? Quem nunca o desejou fazer...? E se tivéssemos essa oportunidade mesmo sabendo que nada iria ser igual?
O filme está claramente dividido em duas fases: A primeira metade do filme é a mais lenta mas é também a mais intensa, com cenas mais assustadoras e macabras. Com cenas mais desconfortáveis essencialmente para pessoas que como eu idolatram os gatos. Confesso que na primeira metade do filme me arrependi amargamente de ter ido ver o filme, pois ver um gato numa posição tão... Ingrata?... Me deixou bastante desconfortável, obrigando-me um pouco a reviver o que eu passei com o meu Pulga, apesar de - obviamente - serem situações bastante distintas. Até à primeira metade o filme é mais realista - dentro do irrealismo - e por isso mais assustador, no entanto, quando chegamos à segunda metade do filme em que as cenas avançam a uma velocidade atroz o filme torna-se um pouco mais desinteressante: Primeiro pela previsibilidade das cenas, segundo pela perda do terror para dar espaço à violência. O final não tem a capacidade para nos deixar maravilhados e acontece tão rápido que no fundo é apenas um repetir das cenas. Não querendo ser spoiler mas sendo-o totalmente - e por isso se quiserem ir ver o filme, parem de ler por aqui - basicamente filha mata mãe, que por sua vez mata pai, que por sua vez quer matar o outro filho e vivem felizes para sempre... Tudo isto nos últimos dois minutos de filme... É demasiada morte para tão pouco tempo de filme... E é aqui que o filme peca. Claramente os realizadores não conseguiram dar a volta ao texto e transformar um final tão insosso num final wow, e foi isso que fez falta ao filme. Começou muito bem, desenvolveu-se bem - apesar de ter alguns elementos não fundamentados apenas para dar terror às cenas - e na segunda metade do filme a qualidade desceu a pique e o final desiludiu.
É um bom filme de terror? Eu gostei e ainda dei alguns saltos na cadeira e tapei a cara com o meu lenço algumas vezes... Mas não é o melhor filme alguma vez feito, nem acho que vá deixar uma marca verdadeiramente profunda na memória... Mas eu gostei.
Adorei o anterior filme de Jordan Peele, o Foge e por isso desde o trailer que sabia que tinha de ir ver o Nós. Deixem-me já dizer-vos que é um dos filmes mais inteligentes que vi nos últimos tempos. É brilhante!
Uma vez mais Peele traz-nos um filme de terror - com um toque de comédia, como o Foge - cujo foco é a identidade e retrata a história de uma mulher que em miúda encontrou uma espécie de sósia numa feira popular que a irá seguir uma boa parte da sua vida para a obrigar a enfrentar grandes demónios. Não querendo esmiuçar muito a história com medo de vos contar demasiado, o filme retrata a coexistência de duas espécies de mundos paralelos, com pessoas tão iguais e tão diferentes. Retrata a existência de um mundo privilegiado e um submundo completamente negligenciado e rapidamente percebemos que estamos diante de uma gigante crítica social.
Nós demonstra o poder da organização e da persistência e nunca o lema "juntos somos mais fortes" foi tão retratado num filme, ainda que nesta situação, essa união não seja propriamente desejada. Mas até a dúvida de quem é bom e quem é mau, Peele semeia.
Nós, tal como o Foge é um filme que explora as emoções e o desespero humano ao limite, demonstrando o que o ser humano é capaz de fazer numa situação extrema. É um filme intenso, que perturba e nos faz mudar várias vezes de posição na cadeira e é um filme com um volte face gigante que me deixou completamente de queixo caído. Confesso que para mim o final foi totalmente surpreendente apesar de várias dicas serem dadas ao longo do filme, mas para mim só no final é que tudo fez sentido.
Alerto que é um filme com cenas bastante violentas e sangrentas, mas é um filme acima de tudo inteligente, que cativa do início ao fim!