Lá no centro de vacinação - na interminável fila, ao frio - duas pessoas conhecidas encontram-se separadas por uma barreira que mais parecia o labirinto do pacman:
Pessoa 1: Olha, por aqui? Há quanto tempo!
Pessoa 2: Realmente!
Pessoa 1: Sabes quem morreu?
Pessoa 2: Não, quem é que morreu?
Pessoa 1: A pessoa X!
Pessoa 2: A sério? Não sabia!
Pessoa 1: Sim... Mas já morreu há alguns anos... Eu é que também só soube na semana passada.
Não sei se me choque mais com o facto de duas pessoas que não se vêm aparentemente há algum tempo falarem de uma terceira pessoa que já não viam ainda há mais tempo... Ou se pelo facto de separadas pela barreira do pacman isso não as ter impedido de se abraçarem... Ou ainda mais pelo facto de ninguém ter dito absolutamente nada. Deixo ao vosso critério.
Uma das minhas muitas funções é cálculo de comissões de consultores, então algo que ouço com frequência é:
"Mas é aquilo que me enviaste?"
Não. Enviei só porque me apeteceu avajardar e brincar com o teu bolso. Sou tola, envio emails aleatórios para pessoas aleatórias com contas totalmente aleatórias. Claro que se envio algo para alguém e a pessoa não recebe de seguida um "ignora, seguiu por lapso" - que já aconteceu... - é porque efectivamente "é aquilo" que eu enviei.
"Aquilo está bem?"
Óbivo que não. Sou eu que estou a fazer e não percebo nada daquilo apesar de já fazer isto diariamente há mais de 4 meses... Vá lá, até pode não estar - sempre ouvi dizer que só não erra quem não faz -, mas acho que não iria fazer mal de propósito por isso se não estiver bem, a minha resposta também não irá ser "claro que não está nada bem!" a minha resposta é sempre "mas pareceu-te alguma coisa errada?" sendo que obtenho sempre um "não" como resposta. Por isso se eu faço as coisas, vejo e revejo um montão de vezes, calculo pela calculadora para confrontar com o excel e depois envio um email com as contas todas por extenso... Acho que sim, que "aquilo" está bem, se não estiver digam-me o motivo de não estar para eu ver o que poderei ter, eventualmente, feito errado.
No vosso trabalho também vos fazem perguntas parvas?
Cliente tem uma intervenção numa viatura devido a um problema. Faço marcação para a intervenção da viatura para um dia e hora de preferência de cliente.
No final, o cliente faz-me uma pergunta de extrema pertinência:
Cliente: Diga-me uma coisa... Basta ir eu ou tenho de levar o carro?
Só para que não restem dúvidas, trabalho sector automóvel, não no da saúde! A intervenção era no carro, não no cliente... Não sei o que o cliente pretende realmente que eu lhe responda.
Por vezes ganhar inspiração para escrever no blog é só uma questão de nos sentarmos e ouvirmos o mundo. Esta fantástica observação veio ter comigo gratuitamente. E o que eu me ri com a senhora.
Uma senhora, ali na casa dos 50/60 anos, estava ao meu lado e ambas estávamos de frente para a sala de treinos, enquanto esperávamos a chegada da professora para a nossa aula. Estava uma sala de treinos especialmente carregada de moços - não é muito normal. Moços para todos os gostos e feitios. Altos, baixos, com o corpo mais trabalhado, ou mais magros, mas estava uma sala especialmente carregada de moços jeitosos. De repente, essa senhora diz:
Meu Deus, antigamente não havia nada disto! Antigamente os homens eram todos iguais e não tinham um corpo assim. Agora é que é! Se eu tivesse 30 ou 40 anos, e vivesse num mundo assim cheia de moços jeitosos estava desgraçada, nem sabia qual escolher!
E rimos todas muito, pois claro! A senhora estava claramente maravilhada com o mundo - e realmente, como não estar? - e muito entretida com um ginásio carregado de moços jeitosos a exercitarem-se.
E posto isto concluo que, para um solteiro ou solteira - não só, mas essencialmente para estes - um ginásio é mais ou menos como uma loja de gomas...
.. Coisas que se ouvem, que se veem, que se sentem e que se me arrepiam a alma:
No shopping uma criança foi à casa de banho com a mãe - suponho. Criança sai do compartimento e dirige-se de imediato para o lavatório. Quase não chega ao sensor para ativar a água, mas lá se desenrasca e consegue em bicos de pés, mas o mesmo não acontece com o sabonete. Não chega para conseguir carregar no sabonete das mãos e pede ajuda à mãe - supondo que era a mãe.
Resposta da mãezinha?
"Deixa lá, não é preciso!" e não ajuda a criança! Uma outra pessoa que estava ali ao lado ajudou a criança para que esta pudesse lavar devidamente as mãos.
A sério? Não é preciso passar as mãos no sabonete para lavar devidamente as mãos numa casa de banho pública provavelmente cheia de bactérias, vírus e sei lá mais o quê? A sério que não é preciso sabonete para se lavar devidamente as mãos onde quer que se esteja?
Bocage dizia que a água "que lava a cara, que lava os olhos / que lava a rata e os entrefolhos / que lava a nabiça e os agriões / que lava a piça e os colhões / que lava as damas e o que está vago / pois lava as mamas e por onde cago" mas na realidade a água não lava propriamente. Na realidade a água pode tirar a sujidade superficial mas não lava em profundidade nem desinfeta... E ainda que o detergente de mãos possa não fazer milagres em determinados espaços públicos, sempre é uma limpeza mais adequada do que... apenas água!
No café onde vou, uma funcionária queixava-se a outra do peso dos sacos que ambas transportavam. Uma terceira colega, farta de ouvir a resmunguice vira-se muito rapidamente e diz:
Se tivesses tanta força nos braços como tens na língua...
Toda a gente foi apanhada desprevenida e até a "lesada" se riu à gargalhada.
Como demorar o dobro do tempo a atender um cliente, apesar de uma fila enorme:
Cliente: Quero 300g de chourição por favor.
Funcionário: De qual?
Cliente: Pode ser continente.
Funcionário: Continente só embalado!
Cliente: Então de que é que tem?
Funcionário: De momento só este da nobre...
Cliente: Sim, pronto, dê-me 300g desse!
Se calhar sou só eu que sofro dos nervos, mas quando eu vou a um sítio e peço qualquer coisa e não tenho escolha, só desejo que me deem o que eu pedi, para me vir embora. Mas isto sou eu...
Afinal nem o ter mudado radicalmente de ramo me impede de manter esta rubrica que tanto me faz rir:
Falava com uma colega sobre pratos vegetarianos, outra diz toda orgulhosa:
Colega: Eu também gosto muito. Aliás, como vês eu hoje trago um prato vegetariano.
Mula: Hmm... isso parece ter atum...
Colega: Tem, mas é só tem um bocadinho! Mas é atum, não é propriamente um animal...
Tentei explicar à moça que atum é peixe, que peixe é animal e como tal não é um prato vegetariano, mas a moça não se convenceu.
Mas atenção, que eu sou daquelas que digo que raramente como peixe, e como bastante atum, na ralidade. Isto de se vender animais em latinhas tem muito que se lhe diga...