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Desabafos da Mula

Desabafos do quotidiano, por vezes irritados, por vezes enfadonhos, mas sempre desabafos.

Desabafos da Mula

Tentam vender a imagem perfeita...

... Mas a imagem perfeita não existe.

 

Cada vez mais tenho a certeza que o português foi durante muitos anos racista porque invejava a cor negra.

 

É dito e sabido que o português não pode ver um raio de sol que imediatamente ruma à praia. Que os solários estão carregados de gente que ambiciona ser mais escura - alguns até preferem padecer de uma cor cujo nome não deve constar nos manuais, de tão estranha que é. Que todos os anos há histórias de escaldões perigosos porque se besuntaram com azeite e coca-cola. O que não faltam é histórias estranhas de pessoas que recusam aceitar a cor que os seus pais lhe deram. 

 

Porquê?

 

Durante toda a minha vida me tentaram vender a imagem de que a mulher para mostrar a perna tem que estar bronzeada. Que as pernas branquinhas cor da neve apenas deveriam ser exibidas pelas inglesas e até essas era ridicularizadas em discursos mais baixos - qual admiração do aberrante, qual raridade. Que na impossibilidade de se ir à praia ou ao solário que as mulheres deveriam de usar auto-bronzeadores. 

 

Mas... O que tem de errado o branco? O que assusta tanto as pessoas afinal, para existir esta total recusa de uma cor? 

 

Então e se eu gostar de ser branca? Se eu não quiser escurecer um tom na minha pele, nem dois, nem três? 

 

Se eu gostar de ser branca, a sociedade não tem lugar para mim?

Desabafos do quotidiano, por vezes irritados, por vezes enfadonhos, mas sempre desabafos. Mais do que um blog, são pedaços de uma vida.