Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Desabafos da Mula

Desabafos do quotidiano, por vezes irritados, por vezes enfadonhos, mas sempre desabafos.

Desabafos da Mula

Atenção:

Obrigatório o uso de máscara para leitura desta publicação

A vossa Mula é tão démodé... Que até apanha covid quando o mesmo saiu de moda, 3 anos depois.

 

imagem retirada daqui

 

Não quero com isto trazer-vos novamente este tema altamente aborrecido e badalado em 2020, no entanto, desabafar convosco a minha indignação, porque... Eu estive vários meses à espera destes dias de férias... Demasiado tempo à espera destas férias para... Exatamente no primeiro dia de férias ter testado positivo à covid, quando podia ter testado positivo qualquer dia ao longo destes mais de três anos!!! Mais de três anos, mais de 1000 dias e 150 semanas e eu tenho de ter covid pela primeira vez no primeiro dia de férias... em Setembro de 2023! Desculpem, não acho justo!

 

Mas ó Mula, mas e estás bem?

 

Desci aos infernos durante dois dias, ressuscitei do mundo dos mortos por um dia, para logo voltar a comer o pão que o diabo amassou e têm sido assim os meus dias. Começou com uma enxaqueca que eu associei ao normal ciclo hormonal feminino, que em poucas horas evoluiu para uma febre que me acompanhou ao longo de 2 dias, abrandando ao 3º dia. Achava eu que o circo tinha terminado aqui, quando após um dia de tréguas terem chegado os enjoos, as tonturas, e a vontade de cortar os pulsos.

 

Tudo me sabe mal, a comida sabe mal, a água sabe muito mal - não sei o que aconteceu ao meu paladar mas nunca uma gripe me fez distorcer tanto o sabor da água. Só tenho vontade de dormir, as minhas costas só têm vontade de serem retalhadas e colocadas em água a ferver, e o estranho dos estranhos, o crème de la crème das coisas estranhas é uma dor na anca que abancou em mim desde o primeiro dia e está aqui a fazer-se de inquilina sem pagar renda. A somar a isto várias pisaduras nas pernas que não sei de onde vieram. Não estou a apreciar o momento, tinha planeado ir para o Azibo aproveitar os últimos raios de sol do verão e algo numa realidade paralela e esta falhou e... Deu-se esta valente porcaria.

 

Bem sei, que legalmente poderia pedir baixa e adiar as férias mas... Comecei a trabalhar há pouco tempo, acabei de efetivar e não queria já estar a beneficiar de benefícios básicos laborais... A verdade é que a minha chefe soube da minha situação e nem uma chamada, ou uma breve mensagem, só para saber se estou viva, ou se ainda respiro sem ajuda pelo que imagino que as coisas iriam começar a correr mal se usasse esta cartada que seria minha por direito. E é a segunda vez que desperdiço uma cartada destas, mas da primeira vez ainda prossegui com as férias. Desta vez fui só mesmo eu, o meu sofá e a netflix, quando consegui abrir os olhos e deixei de dormir mais de 20h por dia...

 

Com esta, espero ter limpo todo o meu karma!

 

P.S.: Onde peço uma indemnização por danos morais e patrimoniais por um covid fora d'horas?

 

P.S2.: Espero que ainda tenham álcool gel para desinfetarem bem as mãos após leitura desta publicação. Não me responsabilizo por danos em férias alheias.

Máscara salva-vidas

**Post meramente humorístico (antes que me batam)**

Ao fim de quase 2 anos e meio de pandemia, finalmente uma máscara salvou-me a vida! Mais propriamente uma FP2! Eles sempre disseram que as FP2 eram as melhores, que nos protegiam melhor! Foi preciso chegar Julho de 2022 para perceber o verdadeiro sentido destas palavras! 

 

Ontem fui ao ginásio e esqueci-me do elástico para o cabelo em casa... Eis que retiro um elástico de uma máscara - porque com uma máscara ando sempre... Já os totós deixo sempre em casa -, dou um nó, e assim grito a plenos pulmões que uma máscara FP2 me salvou de morrer asfixiada com o meu próprio cabelo durante a frenética aula de zumba. Apesar de me asfixiar sempre que a tentava usar. 

 

Como é curiosa a vida... Descubro assim que as FP2 asfixiavam-me porque lhes estava a dar a utilidade errada... 

Pós Vacina

Coincidências ou não

Tenho algumas coisas para vos contar, alguns filmes para fazer review, algumas peripécias para que vocês se riam comigo, algumas parvoíces à mistura... Mas o cansaço não tem ajudado. Não estou a desculpar-me ou arranjar desculpas para a ausência, mas sim a desabafar o que sinto nos últimos dois meses.

 

Sinto um cansaço extremo.

 

Coincidências ou não, desde a segunda dose da vacina um cansaço extremo caiu sobre mim. Uma falta de vontade para me levantar de manhã... Uma falta de vontade para fazer coisas que gosto. Uma falta de vontade de me mexer.

 

Se é verdade que os dias de trabalho têm andado agitados também é a verdade que não acho que seja exatamente por esse motivo porque o trabalho é muito mas não é para tanto.

 

Testes vários. Sentimento de que é desta que o bicho me agarrou... Sempre negativo. Nas ultimas semanas são mais os dias em que às 20h já estou enfiada na cama, do que aqueles em que ando a procrastinar para me deitar. Desde a vacina são mais os dias em que a cabeça estala e dói do que aqueles em que ando fresca e fofa que nem uma alface do supermercado cujo nome não me apetece pronunciar.

 

Ando literalmente a arrastar-me o dia todo há mais de dois meses...

 

Não morremos da doença, morremos da cura...

 

Mais alguém na mesma situação que eu?

Primeira dose...

Check!

Sim, só ainda tomei a primeira dose. Sim, eu sou culpada daquilo que me acusaram no centro de vacinação: Sou uma fugitiva! Mas também para que fique registado, tomei a primeira dose sob protesto! 

 

Não, eu não sou contra as vacinas, nem nada que se assemelhe. Sou contra o covid, apenas e só. Mas não ser contra as vacinas não significa que as queira para mim - também não sou contra as calças à boca de sino, e no entanto isso não entra no meu armário! -, porque considero que não há estudos suficientes das mesmas, e ninguém sabe muito bem ao certo quais os efeitos que estão a criar, seja a curto ou a longo prazo e para além do mais, eu vi o filme Eu sou a Lenda, eles também achavam que tinham encontrado a cura para o cancro e vejam no que deu... Ah e tal é filme! É filme, mas sempre me ensiram que a ficção imita a realidade. Estão a perceber bem o problema?

 

Mas, agora falando bem a sério, pensem comigo:

 

Se é verdade que não estamos tão mal deste a vacinação em massa - e os números falam por si -, também é verdade que a serem verdadeiros os dados que nos dão, e esses dados a 1 de Dezembro reportam que 87,8% na população portuguesa já está vacinada com pelo menos as duas doses, este tipo de medidas e proibições e afins só vêm reforçar a ineficácia da vacina. Porque se fosse eficaz, os números covid estariam bastante diferentes e não seria necessário as pessoas apresentarem certificados e testes para acederem a determinados bens e serviços.

 

Então se é assim tão ineficaz, Mula, porque a tomaste?

 

Primeiro, porque os vacinados, apesar de poderem andar aí a passar covid na mesma como se não houvesse amanhã são uns priveligiados... E basicamente vacinei-me porque não quero viver como um ermita - já que agora para tudo e mais alguma coisa tenho de ter certificado ou testes negativos, e testes à covid gratuitos são apenas 4 por mês e não tenho dinheiro para sustentar farmácias - e tenho de vos confessar que o que mais pesou na minha decisão foi o facto de me "tirarem" o ginásio. Não tiraram, porque posso fazer testes para ir, e assim farei enquanto não tiver certificado digital. AS MINHAS AULAS DE ZUMBA À TERÇA E QUARTA NINGUÉM MAS TIRA! E basicamente é isto... o meu amor pela zumba é tanto que me vacinei por ela. Podia ser por amor a um moço esbelto, moreno de olhos verdes? Podia... Mas não, foi mesmo por amor à zumba...

 

A modos que é isto...

 

Andei a caminhar por entre as gotas de chuva, e agora encurralaram-me. Bem jogado, Costa, bem jogado! Aceito a derrota: Costa 1 - Mula 0.

Calma... calma...

...Estou viva!

 

A pedido de algumas famílias - poucas poucachinhas, mas eu sou pelas minorias -, vim só aqui dizer-vos que estou viva.

 

Pode ser só um delírio da vacina - rendi-me... senti-me encurralada e rendi-me... - e não estar nada viva e achar que estou... Mas pronto, vou aproveitar este pequeno pico de droga no meu sangue e contar-vos um pouco da minha vida.

 

Mas só amanhã... Que isto de escrever só com um braço - já que o outro foi inutilizado por aquela coisa que me enfiaram nas veias - é coisa para cansar demasiado!

 

Até amanhã meus picolinos desta vossa Mula que vos adora.*

 

______________________________________

* Sim... Estou a dar-vos graxa para que me perdoem a ausência. Resultou?

Coisas que me encanitam os nervos...

Já abriram o agendamento para a vacina a maiores de 18 anos...

 

 ... E eu com 33, ainda não fui contactada para marcar a dita. Já me registei umas duas ou três vezes no site para o agendamento. Dizem que se no prazo de 5 dias não me agendarem a bicha que me cancelam o registo e posso escolher outro centro... Nunca aconteceu. Ao fim dos 5 dias, e já esperei mais de uma semana para o fazer, volto ao site para fazer o pedido, não me deixam escolher porra nenhuma e dizem novamente que se não me contactarem em 5 dias que fico cancelada e andamos nesta brincadeira há quase 3 semanas!

 

Se calhar - mas só se calhar, que não percebo nada disto - dever-se-iam preocupar em vacinar as pessoas da idade já autorizada em vez de continuarem a abrir às restantes idades e não terem vagas para ninguém!

 

Apelo e campanhas pro-vacinação? Discursos de merda por estas internets fora a consciencializar as pessoas para a vacinação? Pra quê? Se as pessoas que se querem voluntariar para levar com uma pica de origem praticamente desconhecida, são tratadas deste jeito? Já liguei para a saúde 24 e disseram que nada podiam fazer... A casa aberta é só a partir dos 35...

 

Sabem que mais? Aposto que é o meu anjo da guarda a proteger aqui a Mula e não vou insistir mais...

 

Sinceramente... #fuckvacine

 

Tentei!

Será que estamos a desvalorizar o virus?

Ou serei só eu?

Imagem retirada daqui

 

Enquanto trabalhei em casa sempre tive imensos cuidados no que toda a proteger-me do vírus. Quando vinha à rua, para ir ao supermercado ou algo semelhante, sempre desinfetei as mãos cuidadosamente depois de tocar em algo que não era meu, quando entrava no carro, ou seja, quando estava fora da minha bolha protegida. Já foi tempo, inclusive, de me despir à entrada da casa, e de ter roupa específica pronta para ir para a guerra, literalmente.

 

Em Novembro fiquei desempregada, e entre isolamentos profiláticos e recolheres obrigatórios quase não saí de casa entre Novembro e Fevereiro. Estive sempre protegida sem grandes preocupações. Em meados de fevereiro recomecei a trabalhar, e ao início confesso que foi bastante complicado. Em primeiro lugar tive de me habituar a algo que mais de meio globo já estava habituado, mas que eu não: Usar máscara durante 8h. Em segundo, o pânico de tocar em coisas, em tantas portas, em computadores que não eram meus, em canetas que as pessoas ainda não se habituaram a não partilhar, entre outras situações que para mim eram complicadas. Andava sempre com o meu gel na mão, desinfetava as mãos centenas de vezes ao dia, assim como a minha caneta sempre que ma pediam emprestada. A minha pele gritava. 

 

Com o tempo as coisas tornaram-se mais fáceis (?) e direi até que com o tempo, em vez de me habituar às rotinas de toca-desinfeta, comecei a desleixar-me. De tanto andar para cá e para lá, de tantas portar abrir e fechar, de com tantas pessoas ter de lidar o pânico deu lugar a uma calmaria estranha. Já não desinfeto as mãos com tanta frequência - também é verdade que não as levo à cara, que isto de trabalhar de óculos e de máscara não deixa grande espaço para acidentes -, mas a verdade é que se por um lado já não vivo com o pânico do incerto, ainda que continue assustada com as notícias que não nos levam a um porto seguro, por outro lado acho que estou desleixada. Claro que continuo a desinfectar as mãos várias vezes ao dia - mas não tantas quanto deveria - e o gel ainda é meu aliado e está sempre próximo, mas...

 

Isto deixa-me a pensar: No fundo é isto que faz com que os números aumentem, certo? Serei a única a começar a desleixar-me? Será generalizado? É por preguiça ou simplesmente por cansaço?

Quando uma negativa nos traz felicidade

Ainda que tudo o resto me dê vontade de arrancar cabelos

imagem retirada daqui

 

 

Sempre fui boa aluna e os testes negativos - quando aconteciam, e aconteciam! - causavam-me sempre uma enorme tristeza e frustração. A minha mãe sempre me motivou a ser melhor, e a dar sempre mais. Mesmo as boas notas nunca pareciam ser boas o suficiente e quando eram... Eu não fazia mais que a minha obrigação. Pois claro que não, um dia que seja mãe, filho meu levará com a mesma resposta. Isto desenvolveu o meu espírito competitivo - que é mais desenvolvido do que desejaria, confesso - e o meu mau feitio perante uma derrota. Não tenho, propriamente, de ser a melhor, mas gosto de ser muito boa em tudo aquilo que faço. Odeio respostas negativas, não gosto de ser desapontada ou contrariada.

 

A nova situação mundial veio demonstrar que há situações em que é bom ter negativas e hoje recebi um teste negativo ao qual levantei as mãos aos céus e agradeci.

 

A minha mãe está em isolamento faz hoje uma semana. Testou positivo ao teste da covid-19 e desde então tem sido um verdadeiro sufoco aqui em casa. Os cuidados são mais do que muitos e sempre me parecem poucos. A pele das minhas mãos estala de tantas vezes que são desinfetadas e as máscaras vão desaparecendo rapidamente da embalagem.

 

"Desinfetei a maçaneta da porta da cozinha?"

"Desinfetei as mãos? É que toquei no tabuleiro!"

"Toquei na máquina de lavar a loiça, antes ou depois de desinfetar as mãos? Vá, mais um pouco de lixívia não faz mal!"

 

Os dias não têm sido fáceis.

 

Os dias não têm sido nada fáceis...

 

Eu que sempre fui independente estou a depender de terceiros para poder comer, estar medicada e até para estudar - comecei uma formação no dia de ontem e precisei de uns documentos que não tinha como imprimir. É nestas alturas que vemos quem temos do nosso lado. E quem eu achava que tinha... Não me desiludiu! O meu grupo restrito de pessoas do coração - como gosto de lhes chamar - é incansável na preocupação e nunca me faltou nada desde o primeiro dia que fiquei em isolamento. 

 

"Deu negativo hoje. O teste foi realizado há dois dias... E hoje, será que continuo negativa?" as perguntas na cabeça andam à roda e são mais que muitas. Qualquer sensação de dor de cabeça ficamos em alerta. Já senti a garganta a ameaçar de dor várias vezes, nunca se concretiza. Já senti a temperatura a subir, ao ponto de ter subido realmente. É psicossomático. Tenho de ter noção de que é psicossomático e controlar-me. Há vários dias que não me sinto a 100%, mas também não seria suposto estar, correto? O stress é mais que muito, o desespero de estar só - e ao mesmo tempo não estar - nesta casa tão grande é horrível. A minha mãe ali encerrada no quarto há 8 dias parte-me o coração, ver que ela não está bem e não poder reconfortá-la de uma forma humana parte-me a alma em mil pedaços. Sou péssima dona de casa e agora tenho de ser dona de casa e mãe. Mãe da minha mãe, de dois gatos carentes e de um cão que passa mais tempo no veterinário do que a correr no jardim.

 

Sinto-me presa com tanto para fazer lá fora. Consultas no veterinário adiadas, a minha vacina adiada, a minha marcação com o centro de emprego adiada, almoços marcados adiados. Sinto-me desesperada a viver um inferno - que poderia ser pior, bem tenho essa consciência - sem que nada possa fazer.

 

"Temos de ver o lado positivo da coisa, Mula, tu estás bem!"

 

Sim, eu estou bem e tendo em conta que sou asmática a coisa poderá correr muito mal quando chegar a minha vez  - não creio que continue a conseguir escapar por entre as gotas de chuva como até agora, durante muito mais tempo - e o outro lado positivo é que o tabaco acabou, e eu não fumo há quase uma semana, e estou a aguentar-me muito bem, por isso palminhas para mim, que estou a retirar coisas positivas da merda da situação e deste vírus que não nos larga do pé... Ou dos pulmões, neste caso.

 

Mas é incrível isto não é verdade? Tanta proteção nos supermercados, tantos pacotes massajados com álcool antes de serem guardados nos armários, tanto pepino amokinado antes de ser aprovisionado no frigorífico para depois o vírus estar ali, na pessoa que mais amamos, ali no quarto logo ali ao lado sem que nada possamos fazer...

 

E é isto a vida... Não que eu achasse que isto só toca aos outros e bla bla bla, que nunca achei mas... Dava os dois dedos mindinhos do pé para não estar a passar por isto, essencialmente agora que estou ainda mais desprotegida, desempregada... É que... Como sempre vem tudo de enfiada.

 

Tive sorte com o meu teste mas... Dizem que não há duas sem três: Qual será o terceiro azar?

Legado covid-19?

Vamos mudar alguns comportamentos no futuro, sim?

 

"Até um relógio parado está certo duas vezes ao dia!"

 

 

Dizem que devemos retirar pontos positivos até das piores experiências e sou da opinião que efetivamente tudo nos permite ensinamentos e já que teremos que conviver com isto do covid-19 durante mais tempo do que o previsto, é importante retirar-mos alguns pontos positivos do dito. Algumas aprendizagens, que espero, sinceramente que permaneçam mais tempo que a pandemia e que não se esfumem com ela.

 

Quem me conhece sabe que sou uma pessoa social mas não extremamente social. Odeio chegar a uma casa, a uma festa, a um espaço cheio de gente e ter de cumprimentar pessoa por pessoa. Tendo a chegar a um sítio, levantar a mão e dizer "Olá a todos!" et voilà, sintam-se todos cumprimentados, porque uma coisa é ir a casa de uma amiga e cumprimentar a amiga, outra coisa é chegar a casa da amiga, ela ter a casa cheia e eu ter de ir dar 2 - DOIS! - beijos a cada pessoa e tantas vezes a pessoas que nem conhecemos, mas que a boa educação diz que não podemos ignorar. Quando vamos embora, novamente o mesmo processo... É demasiado beijo desperdiçado neste mundo. É demasiada troca de carinho trocado com desconhecidos, neste mundo. Isso não me agrada.

 

Claro que me faz confusão não poder esborrachar tantas pessoas e não puder visitar as pessoas de forma mais livre e circular por este mundo fora de forma livre mas... Se me podem fazer falta alguns beijos e abraços, a verdade é que não me fazem falta todos os beijos e abraços de que fomos privados desde a pandemia e por isso não tenho vergonha em admitir que o distanciamento social me torna mais confortável socialmente. Já não passo por mal-educada, por anti-social, neste momento sou apenas precavida e responsável.

 

Não sei quanto a vocês, mas, e pegando noutro exemplo, eu odiava ir à missa apenas por uma única razão: Por aquela parte em que tinha estranhos a quererem dar-me beijos - tantas vezes babados! - porque alguém um dia disse que era giro na missa porem estranhos a cumprimentarem-se. Desculpem, não concordo! Se eu já não gosto de falar com estranhos, imaginem beijar estranhos. E já nem vamos falar de meter a bota na cruz, na Páscoa! E não é pelo Covid! Já por diversas vezes o beijar da cruz foi desaconselhado e não percebo a necessidade de se continuar a perpetuar este tipo de comportamentos. Por isso sim, gostava que este tipo de questões sociais e religiosas fossem alteradas. É preciso alternativas? Tudo bem! Para a cruz? Que leve cada uma a sua ao peito e que beije cada uma a sua! Para a missa? Acho que os estranhos sobrevivem bem sem os beijos uns dos outros, já que dentro da igreja são todos irmãos mas cá fora estão a meter o pé à frente para o outro tropeçar. Não é este tipo de comportamentos que nos faz ter mais ou menos fé, que nos faz ser melhor ou piores pessoas, mas que nos pode fazer ser mais ou menos saudáveis.

 

Sei que vai da nossa cultura, que somos latinos e tudo mais mas... A nossa bolha é importante e devemos de poder decidir, sem sermos considerados mal-educação, quem perfura ou não a nossa bolha. Por isso sim, espero que isto do covid-19 desapareça rapidamente mas que com ele não se esfume de todo o distanciamento social.

7 meses de pandemia...

... E as pessoas ainda se estão a marimbar para ela. Assim não vamos a lado nenhum... Quer dizer vamos: para o lado do contágio!

 

Ontem fui a uma consulta no hospital. Como já é do conhecimento de todos - achava eu, agora acho que não! - temos de manter distanciamento social. Se a trenga da DGS diz em tom de crítica que nós temos o problema de confraternizar demasiado com a nossa família, eu cá digo que as pessoas adoram confraternizar com estranhos.

 

Não sou hipocondríaca, mas a verdade é que ir a um hospital em altura de pandemia é algo que não me alegra nem me deixa tranquila. Pertenço ao grupo de risco, se apanhar o dito não digo que me quine assim - sou de risco mas sou de gancho - mas a verdade é que tenho tudo para ficar bastante mal e o ideal é evitar essas brincadeiras. Onde é que eu ia? Ah sim, distanciamento social. Passaram-se mais de 7 meses desde o primeiro infetado em Portugal e as pessoas continuam sem saber o que é isso do distanciamento social, e é inevitável que me chateie com pessoas em todo o lado que vá. Ontem não foi exepção.

 

imagem retirada daqui

 

 

Estou sentada nos bancos da parte da sala de espera do hospital porque os corredores estavam simplesmente apinhados de gente. Os bancos da sala de espera têm a indicação de onde nos podemos sentar com um visto ou uma cruz, mediante a situação. Chega uma mulher e senta-se ao meu lado! Assim, cheia de lata, chega e simplesmente senta-se.

 

Mula: Desculpe, não se pode sentar aqui. - Digo educadamente.

Mulher: Não posso porquê? Estou ao lado do meu marido!

Mula: Mas está também ao meu lado e eu não vivo consigo e nem a conheço! Pode ir para outro lugar? - Digo já exaltada.

Mulher: Já lhe disse que estou ao lado do meu marido!

Mula: A senhora não tem olhinhos? - Digo enquanto me levanto para ir para outro lugar - Não sabe ver que aqui tem as indicações onde pode e onde não se pode sentar?  - Digo, inevitavelmente aos berros, o meu lado carneiro levou a melhor...

 

Levantei-me e fui para outro lugar longe da mulher. A mulher não era idosa, e o marido também não pelo que nem deveria de ser permitido acompanhamento, mas à parte de tudo esta gente não tem a mínima noção do perigo e do ridículo. Cinco minutos antes, tinha uma senhora se aproximado de mim para me perguntar onde tirava as senhas e lá andava eu feita tola a fugir da senhora sempre para trás e ela sempre a avançar para mim... 

 

Não posso negar, mais do que o vírus, chateia-me a ignorância! A ignorância e os seguranças que em vez de ficarem só na entrada deveriam de controlar estas pessoínhas nas salas de espera!

Desabafos do quotidiano, por vezes irritados, por vezes enfadonhos, mas sempre desabafos. Mais do que um blog, são pedaços de uma vida.