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Desabafos da Mula

Desabafos do quotidiano, por vezes irritados, por vezes enfadonhos, mas sempre desabafos.

Desabafos da Mula

Desafio de escrita dos pássaros #2.8 Foi tão bom, não foi?

Sei que estou em falta com o texto passado... Mas... Recomecemos a partir daqui, sim? Façamos ó de conta que tenho todos os textos em dia, que está tudo bem, que não sou uma baldas e uma desorganizada e façamos também ó de conta que publiquei isto na hora certa e que não ando a fugir às regras nem ao tema  como quem anda por entre as gostas de chuva, sim? Muito agradecida! Vamos a mais um poema?

 

 

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Foi tão bom, não foi?

Percorreste toda a minha boca,

Causaste-me arrepios!

Fizeste até parar o tempo.

Puseste-me em rodopios!

 

E agora que acabou, 

Ainda sinto o teu cheiro,

O teu leve travo a laranja,

O teu toque suave e macio.

 

Percorreste todo o meu corpo,

Fizeste-me tremer e desejar-te ainda mais,

Mas o controlo logo impede,

Gosto de manter firmes os meus ideais.

 

Sonho-te e desejo-te todo o dia.

Sorriso rasgado, só de te imaginar,

A percorrer novamente com a minha língua,

Pões-me facilmente a salivar.

 

Foi tão bom, não foi?

Apalpo-te e sinto-te a terminar.

Fico em êxtase com o teu último bocado,

Sei bem que me tenho de afastar!

 

E de repente a tablete acaba,

Como o teu último quadradinho,

E a delícia dá lugar ao desespero,

Tenho de comprar outra, pelo caminho!

 

Desafio de escrita dos pássaros #2.6 oh não, um vírus outra vez!

Cresci com a Doença das Vacas Loucas - proibiu-se o belo do bife aqui em casa, e o leite era fervido e refervido e refervido, e a mãe não me deixava se quer babar para o belo do queijinho fresco... - depois veio a loucura da Gripe A, muito alcooool seeeempre! E agora... o Corona, que até há bem pouco tempo fazia parte do dicionário da Mula como sendo a gostosona da cerveja.

 

Mas não...

 

É um vírus... Outra vez!

 

 

Pois que a Mula também está de quarentena... Por aqui trabalha-se a partir de casa desde quinta-feira.

 

Era suposto neste momento estar de férias e pior, a divertir-me na Suíça, a atirar bolas e a fazer anjinhos de neve mas quis o covid-19 que a Mula ficasse em casa, e quis a Easyjet que a Mula ficasse sem o seu dinheiro. Tinha esta viagem marcada já há algum tempo e aguentei-me firme quase até ao último segundo, ou até ao último dia, basicamente. Pedi para anular as férias, continuo a trabalhar... A partir de casa pois claro. Não é possível a Mula viajar nestas condições, ainda pra mais quando a mãe continua a trabalhar e em contacto com tanta gente diferente. Era irónico a Mula não apanhar o vírus na Suíça mas apanhar em casa estando barricada em casa já há alguns dias... Até ver está tudo bem. Ando um pouco constipada, com alguns sinais agudos de alergia - passar tempo em casa dá nisto... - mas zero sintomas do bicho, por isso acredito que esteja tudo bem. Estamos firmes. 

 

Tinha outra viagem marcada, para Barcelona, para Abril, para festejar o meu aniversário... Estou mesmo a ver o que vai acontecer... Estou a tentar cancelar hotel e viagens mas a coisa não está fácil... Não está mesmo nada fácil...

 

E já agora questiono: Quem é que teve a ideia deste tema mesmo? Quem é que tem a bolinha de cristal escondida debaixo da cama?

 

Eu não fui... Eu só escondo bolachas!

Desafio de escrita dos pássaros #2.5 O dia!

 

Acordo ainda meia atordoada, não caibo em mim de felicidade, nem acredito que se realizou e que o meu dia chegou. Tanta gente dizia que iria chegar mas eu duvidei, parecia quase impossível, mas essas gentes tinham razão. Chegou!

 

Estou zonza, tanta gente à minha volta a perguntarem-me o que preciso. Perguntam-me como estou. Quem são estas pessoas todas à minha volta? Preciso mesmo desta gente toda à minha volta? Estou confusa e assustada. Feliz, mas confusa e assustada. Dizem que devemos de ter cuidado com aquilo que desejamos porque pode efetivamente acontecer e no fundo é isso, o turbilhão de emoções e de tantos sentimentos e alguns tão contraditórios. Não sei como me sinto, não tenho bem a certeza.

 

E agora? Será que ainda vou a tempo de voltar atrás?

 

E agora? O que é que eu faço?

 

Será que vou continuar a ter os meus amigos do meu lado? E a minha família? E a minha vida? Como será a minha vida daqui para a frente? O que é que eu faço? Tudo será tão diferente agora. Será que vou conseguir? Será que sou capaz?

 

- Força! - Ouço dizerem-me! Mas a voz parece tão distante.

 

- Força! Tu consegues! - Continuo a ouvir sem perceber realmente de onde vem.

 

E olho para todo o lado, não sei se consigo continuar. Já não sei se é isto que quero, apesar de o ter querido toda a minha vida. Neste momento eu já não quero nada, dormir talvez. Sim, preciso de dormir, só 5 minutos talvez... Estou tão cansada!

 

- Força! - Parem, deixem-me em paz.

 

Estou feliz? Já não sei. Assustada? Muito assustada. Parece que tive muito tempo para me preparar, toda uma vida, talvez, mas não é tempo suficiente, talvez nunca seja. Tenho muitas dúvidas, demasiadas creio eu...

 

E agora?

 

Até que a ouvi chorar, e todas as minhas dúvidas e medos se dissiparam.

 

Agora sim, estou em paz e sem dúvidas. Feliz, sem sombra de dúvidas feliz. Como é que alguma vez pude duvidar?

Desafio de escrita dos pássaros #2.4 O google está errado

Continuação da história de D. Albertina, que podem ler aqui.

 

(Imagem retirada daqui)

 

 

Após D. Albertina ter ido para Tomar,

Em busca fervorosa pelo seu antigo amor,

Finalmente percebeu o errado que é googlar

No Google as doenças, como um rumor!

 

Porque já se sabe, o Google não sabe tudo,

Apesar do que possam por aí defender.

E alertou D. Albertina como um som agudo...

D. Albertina achou que ia morrer!

 

"E vai D. Albertina, e vai", disse-lhe o Doutor,

Porque já se sabe que é a única verdade certa,

Mas D. Albertina olhou-o como a um impostor,

Logo agora que tinha o coração em descoberta.

 

Mas D. Albertina reconheceu-lhe o mérito,

Da paciência, da capcidade de a aturar,

E pediu-lhe apenas mais um remédio,

Para mais uns anos durar.

 

Porque agora D. Albertina apaixonada,

Queria para sempre viver,

E prometia não mais ao Google procurar.

Não mais a morte queria antever!

 

D. Albertina reencontrou o amor, 

Não em Tomar, mas no Barreiro,

Que o google também se enganou na localização,

Do seu amor único. O derradeiro.

 

Mas o google estava realmente errado,

D. Albertina não padecia de nenhuma doença,

E foi viver com o seu amor recém encontrado,

Lá para os lados de Fervença!

 

E nós muitos anos de vida lhe desejamos,

D. Albertina seja muito feliz,

Que não há idade para encontrarmos,

O amor que nos condiz!

 

 

P.s.: Peço desculpa a todos os participantes e aos Pássaros pelo atraso na publicação deste tema.

Desafio de escrita dos pássaros #2.3 Manual para iniciar relacionamentos

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A vida é difícil, mas com umas quantas dicas importantes pode ser mais simples viver, essencialmente no que toca a relacionamentos. Por isso hoje, a Mula, em tom de Mula conselheira, vai dar-vos 5 dicas importantes para se iniciar um relacionamento sério. Para um relacionamento sério para a vida, com respeito e amor.

 

Eis o manual da vossa Mula.

 

5 Dicas para conseguirem um relacionamento sério para a vida:

1. Comam, durmam bem e pratiquem exercício.

Pumbas começamos logo assim com um três em um! Vejam bem a qualidade da coisa! Mas a verdade é que para conseguirem um relacionamento sério e saudável, vocês também têm de se sentir bem, estarem verdadeiramente bem e saudáveis. Faz sentido? Claro que sim!

 

2. Meditem.

Reflitam diariamente sobre a vossa vida, sobre o que querem para o futuro. Só com um plano semi delineado é que podem perceber se estão no caminho certo ou não. E sempre que necessário procedam a alterações. Vocês são os responsáveis por cada passo que dão, e por isso podem fazer todas as alterações que considerem necessárias sem limite ou direito a censura. Tenham uma mente aberta. Não se julguem ou martirizem por atitudes menos corretas, o importante é lutarem para serem felizes. Podemos mudar de ideias, por isso não faz mal se mudarmos de rumo.

 

3. Aceitem a imperfeição.

Devemos ter um certo grau de exigência seja nas relações com os outros seja connosco mesmos, mas devemos ter noção de que não há pessoas perfeitas, relações perfeitas, trabalhos perfeitos e por isso devemos de relativizar a nossa definição de perfeição e só isso é que nos pode permitir avançar sem estamos permanentemente insatisfeitos. Mas isto não quer dizer que devemos aceitar qualquer coisa só porque a perfeição não existe. Devemos apenas ajustar as nossas definições e nunca desvalorizar o que consideramos verdadeiramente importante.

 

4. Façam coisas que gostam.

Dediquem-se aos vossos hobbies, façam coisas que vos deixam felizes, seja no trabalho, seja no vosso tempo livre. Ler um livro, ver um filme, bricolage, correr ou simplesmente caminhar a beira mar. Sozinhos ou acompanhados o importante é sentirem-se bem. E quando fazemos o que gostamos, sentimo-nos bem.

 

5. Aprendam a dizer NÃO!

Seja a vocês mesmos, seja aos outros. O "não" é importante, porque tal como já vos disse no ponto anterior, devemos fazer o que nos faz feliz e não apenas o que faz os outros felizes. É demasiado desgastante viver para agradar os outros. Por isso, não querem, não vão, não fazem, não dizem. Aprendam a dizer "não",  já hoje!

 

E é este o Manual para se iniciar um relacionamento sério connosco. As dicas da Mula para desenvolver O Amor Próprio. O manual para nos amarmos e respeitarmos a vida toda. Espero que tenham gostado e que vos seja útil.

 

Ai não era isto que queriam? E era tipo para relacionamentos com os outros, tipo amorosos e isso? Ó pa... Disso não percebo nada, mas suponho que se desenvolvermos o amor próprio o resto venha por arrasto sem darmos por isso!...

Desafio de escrita dos pássaros #2.2 Dr. Google: Porque isto de médicos nunca fiando

D. Albertina queixando-se de dor num pé, 

Foi ao doutor, lá pros lados da Nazaré,

Que lhe receitou um remédio, 

Essencialmente pra lhe curar o tédio. 

Já que de dor no pé, D. Albertina não padecia. 

 

Então D. Albertina, desta vez, com rubor no braço, 

Foi para os lados de Sobral de Monte Agraço, 

Colher uma flores receitadas por uma vizinha,

Entre promessas de lhe acalmar a tinha,

Que na realidade não tinha.

 

Mas a dor do pé não passou e o rubor piorou,

E D. Albertina, cada vez pior, desesperou.

Foi então que decidiu Googlar,

Que já se sabe, isto de médicos, nunca fiando.

E  listou as doenças que a estavam a assolar.

 

Então D. Albertina ao Doutor voltou,

Reclamar que nada lhe faziam

Os medicamentos que este lhe receitou!

Tendo a lista de tudo o que podia tomar,

E todas as doenças que o Dr. Google lhe diagnosticou.

 

E o Doutor a ignorou,

E D. Albertina desesperada chorou,

Porque ninguém lhe acalmava,

Todas as as dores que lhe cabiam na alma,

E que medicamento algum conseguia curar.

 

Então D. Albertina com uma dor sem par

Foi lá para os lados de Tomar,

Procurar o seu antigo amor,

Verdadeiro causador de toda a sua dor,

E nunca mais foi preciso googlar!

 

 

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Triptofano, e esta hein? 

 

Desafio de escrita dos pássaros #2.1 Acho que a coisa não vai correr bem

Deveria de ter vindo cá com antecedência falar-vos do desafio que hoje recomeça. Não consegui. Deveria ter vindo cá, falar-vos de como adorei ter pertencido ao desafio de escrita e de como me roubou horas de sono por ser boa portuguesa e deixar tudo para a última e depois estar bloqueada e nada sair durante horas a fio e acabar a escrever de madrugada. Deveria de ter vindo cá com antecedência dizer-vos como apesar de tudo isso, que gostei. Deveria. Mas não consegui. Tentei. Mas não consegui... Por isso o tema desta semana, deste recomeço não poderia ter sido melhor escolhido:

 

Acho que a coisa não vai correr bem

 

Apesar de bloqueada e sem tempo,
No desafio dos pássaros decidi continuar.
Por isso já imaginam...
Como é que isto vai terminar.

 

Com textos sem cabeça nem pé,
Sem fim, sem ponta ou ligação.
A imitar a vida como ela é,
Vai ser para aqui uma grande confusão.

 

Por isso a cantar vos digo,
Acho que a coisa não vai correr bem,
Mas com certeza confirmo.
É melhor viver a tentar, do que viver sem.

 

Desistir pra Mula não é opção,
Mesmo sem tempo, paciência ou coração.
Por isso aqui vai mais um desafio,
Que espero seguir de fio a pavio!

 

Bons textos maltinha. Choquem aí! [imaginar punho fechado e animado]

 

Wish me luck!

Desafio de escrita dos pássaros #17 Luz e Sombra

Imagem retirada daqui

 

Rio feliz, com candura, e serenamente,
Limpo as lágrimas e escondo o lenço,
Escondendo no lenço a amargura,
Que na alma se crava, de modo denso.


Porque de dia sou luz, sou alegria e multidão,
Mas à noite sou sombra, sou tristeza e solidão!
Porque de dia sou barulho, sou gente com esplendor.
Mas à noite sou silêncio, sou vazio... Apenas dor!

 

Choro triste, sem pudor, mas ternamente,
Escondo o sorriso envergonhado que à luz espreita,
Escondendo no coração a alegria,
Que na alma brota, de modo puro, tão perfeita.


Aceito-me. Não tenho de viver em contra-luz,
Nem contra a luz, nem contra as sombras.
Aceito os meus sorrisos e os meus olhos raiados.
Aceito os dias felizes e os amargurados.


E o que seriam dos dias sem as noites?
Ou então das sombras sem as luzes?
Bem ou mal eu quero sentir,
Nem que em mil pedaços me tenha de partir!

 

Desafio de escrita dos pássaros #16 Não entendo nada disto

Sobre a vida adulta: Ainda não entendi o que é para fazer

 

 

Disseram-me que crescer era trabalhar, casar, ter casa e carro, ter contas para pagar e decisões a tomar. Então eu cresci - essencialmente para os lado -, arranjei trabalho, casei, comprei casa e carro e contas era o que não faltavam para pagar. E assim vivi. Cresci cedo, muito cedo, ainda sem o peso da responsabilidade do que era ser um adulto. Aprendi on job, sem espaço para formação ou worshops. Não aprendi, fui aprendendo à medida das necessidades. Não vivi, fui vivendo à medida das possibilidades. Não amadureci, fui amadurecendo à medida das obrigatoriedades. Fiz tudo o melhor que sabia, com as ferramentas da infância e da adolescência, cresci o melhor que consegui. Fui caminhando sem saber muito bem por onde estava a pôr os pés. Caí tantas e tantas vezes, cometi tantos e tantos erros e tantas vezes os mesmos. A verdade é que ninguém nos diz o que fazer ou como fazer. Não há formulas mágicas, ou certas e definidas. Mas defini objetivos, tracei planos.

 

Mas os objetivos não se cumpriram e os planos saíram furados. Deixei de ter casa própria, descasei-me e regressei ao quarto de infância, as contas reduziram-se para metade - haja alguma coisa boa na regressão! - e as decisões... Tantas que foram adiadas... Fiz e desfiz e continuarei a fazer e a desfazer enquanto não entender o que é para fazer.

 

Tomar decisões parece cada vez mais difícil, com os anos. Não deveria de ser ao contrário? Com o tempo, decidir, não deveria de ser mais fácil? Não deveríamos de ganhar prática? Mais traquejo?

 

Quando era mais nova, já tive um livro carregado de texto, bem escrito, definido.

 

Neste momento sinto que tenho um livro de rabiscos...

 

Não, definitivamente ainda não percebi o que é para fazer... E sinto que conduzo esta pseudo-adultez de modo cada vez mais atabaolhado.

Desafio de escrita dos pássaros #15 Rudolfo procura Pai Natal...

... Para relacionamento sério.

imagem retirada daqui

 

 

O Pai Natal achando que era altura,
Decide pedir reforma antecipada,
Pegar nas poupanças de uma vida,
Gozar do mundo, da vida airada.

 

Quem não gostou foi o Rudolfo,
Que sabia que para ele ia sobrar,
E a uns meses do Natal,
Um pai natal tinha de encontrar.

 

Começaram assim as entrevistas,
E Rudolfo suspirava de nervoso,
"Cada um pior que o outro!"
Pensava ele, naquele dia chuvoso.

 

E as entrevistas prosseguiram,
E ninguém apareceu para companheiro.
"Porra que homens bons se extinguiram"
Pensava ele, naquele dia soalheiro.

 

E os dias foram passando,
Ora chuva ora sol,
E nenhum pai natal que se prezasse,
Aparecia naquele rol.

 

E assim Rudolfo decidiu,
Pedir um desejo aos duendes,
Que o Natal se mudasse para Portugal,
"Que assim... Vós sabendes...!"

 

E da Lapónia para Portugal,
A Casa do Pai Natal se mudou,
E como não há boas reformas em Portugal,
O Pai Natal se lixou...

 

E ao trenó voltou...

 

...E já não se reformou!

 

E o Pai Natal trabalhou,
Anos a fio, lá se resignou.
Vendo cada ano ser adiado,
O dia da sua reforma, tão esperado.

 

Quem ficou feliz foi o Rudolfo,
Apesar de toda a vida ter de trabalhar.
Ajudava o seu melhor amigo no inverno,
Mas no verão estendia-se à beira-mar!

 

Desabafos do quotidiano, por vezes irritados, por vezes enfadonhos, mas sempre desabafos. Mais do que um blog, são pedaços de uma vida.