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Desabafos da Mula

Desabafos do quotidiano, por vezes irritados, por vezes enfadonhos, mas sempre desabafos.

Desabafos da Mula

O amor ai o amor...

E chegamos assim ao fim da primeira temporada do desafio #passapalavra. Queremos agradecer a todos, todos sem exceção, que participaram connosco nem que fosse uma única vez. Para nós o objetivo foi cumprido e o objetivo era nada mais nada menos que se inspirassem, que escrevessem, que libertassem palavras da vossa alma mas sem pressões. 

 

A última palavra foi Amor e por isso aqui estão os blogs que falaram sobre esse palavrão que é o amor.

 

Ti* - Amor

José da Xã - De amor me vesti

Alice Barcellos - Pequeno poema de amor-próprio

Imsilva - Amor

Charneca em Flor - Amor ao primeiro banho

Ana de Deus - Amor

Monteiro - Amor?

Maria - Amor

Mula - Amor

 

Quem faltar que se acuse, que já sabem que a lista será atualizada.

 

Uma vez mais agradecer-vos a participação e dizer-vos que está a ser alinhavada uma segunda ronda de palavras, por isso, enviem-nos as vossas sugestões que teremos todas em consideração.

 

Continuem a escrever!

 

E já sabem... Vemo-nos na próxima palavra!

Desafio | Passa-Palavra #Amor

O amor...

 

Ai o amor...

 

Não há palavra mais cliché que esta mas não poderia faltar no nosso desafio. Porque... O que seríamos de nós sem o amor?

 

Esse sentimento tão grandioso que pode assumir tantas formas e tantos jeitos, tantas palavras e feitos. Que nos causa tantas rugas e alegrias, que num momento nos causa dor e noutro a mais audível gargalhada.

 

Eu já disse aqui várias vezes, eu sou feita de amor. Não sou de grandes gestos mas sou de grandes sentimentos. Quando sinto, sinto muito, sinto tudo e dou-me por inteira. Quando amo têm tudo o que querem de mim, seja como filha, como amiga, como namorada ou como esposa. Sou como os polos do amor, ora rio ora choro, sou uma eterna insatisfeita ainda que fácil de agradar. Contraditório? Não é... Quero sempre mais, mas o meu mais não tem de ser muito, basta ser sentido, basta ser verdadeiro. Mas sou como o fogo, preciso de alimento para manter quente a chama, se a chama não aquece então prefiro deixar apagar, e não há nada pior, no amor, que uma fogueira que apenas faz fumo, mais vale deixar morrer. 

 

Por isso hoje lembrei-me de partilhar convosco uma música que me define no amor: Não é romântica, mas tem todas as palavras bonitas e tudo o que é importante no amor, porque como diz a música "Sentir não é mostrar e dar não é sentir." Há que encontrar o equilíbrio e a sinceridade das ações.

 

 

 

Ai o amor, o amor...

 

Que seria de mim sem amor...

 

E já agora deixo-vos a questão: Consideram-se românticos?

Desafio | Passa-Palavra #Amor - Texto do Monteiro

E continua-se a falar de amor!... 

 

E que dizer dos textos do Monteiro que já não se tenha dito antes? Gosto muito! Como sempre tem tanto de ternura como de fatalidade. Gosto da dose de cada elemento. E é assim que esta sexta-feira 13 ganha uma nova cor.

 

Vamos lá continuar a falar de amor...

 

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Falou-se sobre amor, e é com amor que fecho (por enquanto, pois se houver novas edições nos mesmos moldes, participo com todo o gosto), a minha participação neste desafio. 

Agradeço imenso a cedência do teu espaço e o "feedback" (não gosto de usar esta palavra) da malta. Fico contente por saber que há quem goste daquilo que escrevo, embora tenha a noção que existe sempre algo para melhorar! Deixarei um agradecimento público no último texto, pois todos os comentários que li não foram esquecidos nem foram passados em claro. 

Ora, sem mais delongas, cá vai o texto: 



AMOR? 

 

"Amor? 

Amor são trezentas mil formas de se sentir e de fazer. 

São como os muitos pães, de diferentes formas e feitios, acabados de cozer.

Cada um com formas e sabores diferentes, mas em que o apetite é saciado. 

Aqui o amor sacia a alma, embora seja algo que nunca esteja acabado. 

É obra eterna em construção, cujos alicerces assentam no lodo da traição. 

Amor é toque e beijo que nunca se irão esquecer, mesmo que esses momentos se acabem por perder. 

Opá, amor é um fim para se chegar ao fim da felicidade, embora haja quem seja feliz no reino da falsidade. 

É perda pelo caminho, é uma lágrima a escorrer quando te recordas daquele caminho. 

Para uns quantos felizardos, é a lotaria da sorte, porque é algo que fica para além da morte. 

Para os solitários é uma quimera, talvez uma infelicidade pelo tempo que se espera. 

É guerra, é fome, é paz, é fartura. 

Falam-me disso como se fosse um lago de ternura. 

Amor são palavras escritas em poesia. 

É loucura em cada palavra, imersa em maresia. 

É o que vejo. 

É o que tu pensas. 

Para muitos, pode não ser nada demais. 

Para nós, é algo que vemos de forma diferente, porque nós não somos (mesmo) iguais."

 

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Desafio passa-palavra criado pela Mula e pela Mel. Todos os domingos e durante - para já - oito semanas, sairá uma palavra para vos inspirar a escrever sobre ela. Quem quiser é livre de se juntar a nós, sem compromissos ou prazos apertados. Escrevam, porque escrever liberta a alma. A quem participar nos seus blogs, aqui as meninas pedem apenas que nos identifiquem nas publicações, para podermos ir ler-vos e comentar-vos! Bom desafio a todos o que connosco embarcam.

Desafio | Passa-Palavra #Amor- Texto da Maria

Quem mais acha que a Maria deve criar um blog de textos, que levante a mão! Maria, como sempre, adorei o teu texto, e parabéns pela criatividade e pela forma como nos conduzes nas histórias. 

 

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- Amor, chegas-me a chave-de-fendas que está na gaveta da tralha, na cozinha?

- Já chego, estou na casinha.

Jaime sorriu ao ouvir a resposta dela. Nunca dizia que estava no quarto de banho, dizia sempre ‘na casinha’.

Passado uns momentos ouviu a descarga do autoclismo seguido de água a correr na torneira e passos leves no corredor em direcção à cozinha. Ele estava no escritório a tentar montar uma estante daquelas que vêm em peças e trazem tudo o que é necessário para a sua montagem, no entanto a pequena chave em formato de L que acompanhava os parafusos era um bocado fraca para ficarem bem apertados.

Isabel tropeçou no tapete do hall à entrada do escritório que tinha ficado enrugado com as correrias do gato. Caiu desamparada e bateu com a testa na ombreira da porta. Perdeu os sentidos e ia cair estatelada se Jaime não se tivesse apercebido tendo-a tomado entre os braços, sentando-a no futon. Deu-lhe palmadinhas leves na cara para a acordar vendo logo o enorme galo a formar-se na sua testa.

Ela estremeceu, abriu os olhos e perguntou:

- Quem é você, onde estou?

Jaime ficou lívido e segurou-lhe o rosto entre as mãos.

- Amor… Isa, sou eu, o Jaime. O teu marido. Bateste com a cabeça na ombreira da porta. Eu bem te disse que o gato ainda havia de trazer problemas.

- Gato? Qual gato? – ela olhou pelo espaço do escritório onde só se viam tábuas e parafusos. Ainda tinha na mão a chave-de-fendas para a qual olhou devolvendo de seguida o olhar para Jaime.

- Eu… - tentou levantar-se mas a dor na cabeça fê-la passar a mão no alto que sentia a ficar cada vez maior. Devia estar linda. E ele estava com um ar tão preocupado. Olhou novamente pelo escritório e ouviu um miado. Na entrada viu um gato listrado.

- Ginger! – sorriu para Jaime que não sabia se havia de ficar contente por ela ter recuperado a razão ou se se sentia ciumento por ter sido o gato a trazê-la de volta.

- Sim, esse palerma, se não fosse ele não tinhas caído. – Mas sorriu porque fosse como fosse estava feliz por ela estar bem.

Isabel meteu a mão no bolso do casaco de malha e tirou de lá uma espécie de tubo. Deu-o a Jaime.

- Já me lembro, era isto que te queria mostrar!

Jaime olhou para o objecto que tinha duas linhas vermelhas e só passado uns segundos atingiu o significado. Abraçou-a ao mesmo tempo que saltava uma batida do coração.

Ela sorria. Não tinha sido desta maneira que tinha planeado dizer-lhe mas ainda assim achava que tinha sido original. Não que a cabeça não lhe doesse imenso mas o ar dele quando pensou que ela tinha perdido a memória tinha sido imperdível.

 

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Desafio passa-palavra criado pela Mula e pela Mel. Todos os domingos e durante - para já - oito semanas, sairá uma palavra para vos inspirar a escrever sobre ela. Quem quiser é livre de se juntar a nós, sem compromissos ou prazos apertados. Escrevam, porque escrever liberta a alma. A quem participar nos seus blogs, aqui as meninas pedem apenas que nos identifiquem nas publicações, para podermos ir ler-vos e comentar-vos! Bom desafio a todos o que connosco embarcam.

Desafio | Passa-Palavra #8

E chegamos ao final da primeira edição do Desafio Passa Palavra. Passou a correr, não concordam? Deixamo-vos aqui a questão, se querem continuar, se não, para fazermos uma segunda edição. Deixem aqui as vossas vontades, anseios e questões nos comentários.

 

Este desafio foi bastante enriquecedor a nível de textos, e é incrível como com a mesma palavra, diferentes pessoas escreveram textos tão diferentes e com tantos significados diferentes. O objetivo foi sem dúvida cumprido. Esta semana não foi exepção. Vamos ver a água que rolou esta semana?

 

Maria - Água

Ti* - Água

Maria Araújo - Água

Charneca em Flor - A cascata do bosque

José da Xã - De água me vesti

ImSilva - Água

Alice Barcellos - A História de uma onda

Ana de Deus - Água

Mula -  Claro como a água

 

E terminamos com a palavrinha...

 

 

... Amor!

 

Relembrando apenas as (poucas) regras que temos: O texto de até 400 palavras é totalmente livre e podem ou não utilizar a palavra no decorrer do texto ou apenas escrever sobre ela. Desafiamo-vos a escrever sobre esta palavra durante esta semana, mas escrevam quando decidirem e se decidirem. Identifiquem apenas a Mel e a Mula para depois no próximo domingo podermos listar-vos na publicação do desafio.

 

Despedimo-nos com Eugénio de Andrade:

 

É urgente o amor.
É urgente um barco no mar.
é urgente destruir certas palavras.
ódio, solidão e crueldade,
alguns lamentos
muitas espadas.

É urgente inventar alegria,
multiplicar os beijos, as searas,
é urgente descobrir rosas e rios
e manhãs claras

Cai o silêncio nos ombros e a luz
impura, até doer.
É urgente o amor, é urgente
permanecer.

 

Até qualquer dia, até qualquer palavra! Bom desafio! 

Desafio | Passa-Palavra #Água

Claro como a água

 

 

Gosto de clareza, e não de meias palavras, por muito que a realidade seja dura... Gosto de uma realidade clara mas a vida ensinou-me que nem sempre assim o é.

 

Gosto de surpresas, mas de surpresas boas, daquelas que vêm num tabuleiro com café, croissant, sumo de laranja junto com uma rosa que nos trazem à cama. Gosto de palavras bonitas e floreados nas relações. Odeio mentiras, enganos, que me atirem areia para os olhos, no geral. No geral, gosto da realidade, odeio ilusão...

 

E esta semana caiu todo o pano de uma realidade que durante muito tempo esteve encoberta...

 

Queria ter lágrimas para chorar... 

 

... Mas neste momento só sinto raiva.

 

Fui despedida! De um dia para o outro, assim, de repente. Num dia está tudo bem... Noutro dia está tudo de pernas para o ar. Andaram meses a iludir-me, a mim, às minhas colegas, e até às novas contratações... E amanhã começa uma empresa de outsourcing em meu nosso lugar. Num dia falavam em aumentar a equipa, noutro dia dizem que querem mudar de estratégia. Num dia dão-nos os parabéns pelo nosso desempenho, noutro dia, somos dispensáveis.

 

Nada parece fazer sentido, mas de repente, tudo faz sentido, e entendo agora tantas atitudes, tantas situações, que durante tanto tempo não faziam sentido. Agora sim é claro... Claro como a água!

Desafio | Passa-Palavra #Água - Texto da Maria

A Mula, que é uma desnaturada, ainda não escreveu sobre a palavrinha da semana, mas deixo-vos com o texto da Maria, que está fantástico!

 

A ver se me inspiro!

 

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Tinha o corpo estendido, deitado de costas no sofá, um braço sobre o peito e o outro braço sobre a testa, de modo a tapar-lhe os olhos.

A música ambiente num sussurro, de uma daquelas rádios que de madrugada passavam músicas profundas, com significados que durante o dia não atingíamos por haver tanta distracção.

Everybody hurts, dos R.E.M.

Tão apropriado, "everybody hurts sometimes, everybody cries". A música de fundo para o rio de lágrimas que deslizavam dos seus olhos para se perderem dentro do encosto do sofá.

O sono há muitas horas disperso pela mágoa. Como podia ter estado tão alheado, ter sido tão cego? Todas as pistas à sua frente nos últimos meses, os atrasos mal explicados, os telefonemas em surdina. Só ele não tinha percebido.

E a rádio, parecia que estava de conluio, agora a passar Cry me a river na voz quente e sedosa de Diana Krall.

Não se lembrava de chorar, há anos que não acontecia, sempre tinha pensado que o faria quando visse o seu filho recém-nascido mas isso não tinha acontecido, agora entendia porquê já que naquela união apenas ele tinha sido honesto, sincero.

Chegara a casa dois dias antes do previsto depois de uma semana de trabalho em Berlim e com a ânsia de a ver decidira uma surpresa, entrar em casa em silêncio e envolvê-la nos seus braços,  passarem algum tempo só para eles sem mais ninguém, sem compromissos com amigos ou familiares. Ficar todo o fim-de-semana pela cama e pelo sofá, ler, ouvir música, os corpos encaixados um no outro. Precisava do seu cheiro e queria retornar aos tempos em que os olhares bastavam, a cumplicidade dos sentimentos tão claros, tão profundos.

Quanta mágoa podia uma pessoa suportar?

Sabia que aquela era a pior altura e que passado o choque da descoberta dos dois corpos entrelaçados na cama que devia ser sagrada... tinha sido uma dupla traição, neste momento nem sabia qual a que lhe custava mais, se a dela, com quem estava há apenas três anos, se a do seu irmão, que conhecia desde que tinha nascido, há trinta anos.

De quando em quando as letras das músicas a fazerem-se ouvir. I'll be needing stitches, o refrão de um cantor daqueles quase instantâneos. A música não o estava a ajudar, quase que o fazia afundar mais no desgosto ou era coincidência que naquela madrugada todas as canções pareciam saber o que ele estava a sofrer?

Nunca tinha pensado nisso mas era provável que houvesse uma canção para cada estado de espírito. E para quem tinha levado com um balde de água fria, não, com um mar revolto de infidelidade, aquelas vinham todas a calhar. 

 

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Desafio passa-palavra criado pela Mula e pela Mel. Todos os domingos e durante - para já - oito semanas, sairá uma palavra para vos inspirar a escrever sobre ela. Quem quiser é livre de se juntar a nós, sem compromissos ou prazos apertados. Escrevam, porque escrever liberta a alma. A quem participar nos seus blogs, aqui as meninas pedem apenas que nos identifiquem nas publicações, para podermos ir ler-vos e comentar-vos! Bom desafio a todos o que connosco embarcam.

Desafio | Passa-Palavra #7

Parece que foi ontem que eu e a Mel começamos este desafio e estamos prestes a terminar. Voltamos a relembrar que temos todo o gosto e intenção de fazer uma segunda temporada deste desafio, com palavrinhas propostas por vocês. Como viram ao longo do desafio, foram escolhidas palavras completamente diferentes. Apenas vos pedimos para serem originais. 

 

E muito se escreveu sobre as cartas da vida por este mundo virtual. Espreitem os cantinhos que escreveram sobre esta palavrinha. Prometemos que não se vão arrepender. Acho que nem é preciso relembrar mais nenhuma vez, que quem escreveu e não está mencionado aqui, deve avisar-nos para que possamos atualizar a lista. 

 

Gaivotazul - Chegou por baixo da porta

A introvertida - O Destino das Cartas

ImSilva - Cartas

José da Xã - De carta me vesti

Charneca em Flor - Cartas do passado

Alice Barcellos - As cartas do meu avô

Ana de Deus - Naipes de Cartas

Maria Araújo - Cartas

Ti* - Cartas

Monteiro - Cartas

Mel - Cartas

Mula - Cartas

 

Sem mais demoras temos todo o gosto em anunciar a palavra desta semana.

 

 

... Água!

 

Relembrando apenas as (poucas) regras que temos: O texto de até 400 palavras é totalmente livre e podem ou não utilizar a palavra no decorrer do texto ou apenas escrever sobre ela. Desafiamos-vos a escrever sobre esta palavra durante esta semana, mas escrevam quando decidirem e se decidirem. Identifiquem apenas a Mel e a Mula para depois no próximo domingo podermos listar-vos na publicação do desafio.

 

Terminamos, para vos inspirar, com Sophia de Mello Breyner no Alto Mar:

 

No alto mar
A luz escorre
Lisa sobre a água.
Planície infinita
Que ninguém habita.

O Sol brilha enorme
Sem que ninguém forme
Gestos na sua luz.

Livre e verde a água ondula
Graça que não modula
O sonho de ninguém.

São claros e vastos os espaços
Onde baloiça o vento
E ninguém nunca de delícia ou de tormento
Abre neles os seus braços

 

Vemo-nos na próxima palavra. Bom desafio! 

Desafio | Passa-Palavra #Cartas - Texto do Monteiro

E o texto sobre a palavra da semana, do Monteiro, esta semana é mais pesado que o normal. A temática é bem diferente e confesso que me amarfanhou o coração...

 

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Eram as cartas, eram as cartas. 
Pequenas e quadradas, maiores que um telegrama,
Alguém decidiu chamar aquilo de aerograma. 
Cartas que falavam do medrar das oliveiras,
Do estrumar da terra, do pão que enchia as masseiras. 

 

Eram as cartas, eram as cartas. 
Cartas em que se contava tudo o que se podia, 
Em que se media tudo o que se escrevia. 
Cartas destinadas aos defensores da soberania,
Numa guerra de que o mundo inteiro escarnecia. 

 

Pois eram as cartas, aquelas cartas; 
Que davam ao soldadinho, vindo da sua pequena aldeia,
A coragem que lhe faltava para combater em terra alheia. 
Poderia segurar na metralhadora, apontar o canhão, 
Ser faxina na cozinha, conduzir o camião. 

 

Pois foram as cartas, aquelas cartas;
Com palavras cheias de vazio e frieza,
Que anunciaram uma grande tristeza. 
Ao soldadinho fizeram um triste funeral,
O seu nome apareceu num parágrafo de jornal... 

 

Pois Ela guardou as cartas, num cantinho da memória!
Pelo caminho ficou um casamento por realizar,
Um coroar de um amor com uma bonita História! 
Foi antes, pouco antes do estalar da Revolução, 
Que trouxe a paz, a esperança, a liberdade,
Mas que não foi capaz de lhe aplacar a Saudade...

 

Foram as cartas, Senhor. Aquelas cartas!

 

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Desafio passa-palavra criado pela Mula e pela Mel. Todos os domingos e durante - para já - oito semanas, sairá uma palavra para vos inspirar a escrever sobre ela. Quem quiser é livre de se juntar a nós, sem compromissos ou prazos apertados. Escrevam, porque escrever liberta a alma. A quem participar nos seus blogs, aqui as meninas pedem apenas que nos identifiquem nas publicações, para podermos ir ler-vos e comentar-vos! Bom desafio a todos o que connosco embarcam.

Desafio | Passa-Palavra #Cartas

 

Adoro cartas de amor. De bilhetes. De mensagens no espelho. De papelinhos espalhados pela casa. Gosto. Gosto de atos românticos. Gosto de coisas feitas de amor. De histórias de amor, de filmes de amor, de músicas de amor...

 

Mas gosto de cartas de amor sinceras. De bilhetes sinceros. De mensagens no espelho sinceras. De papelinhos espalhados pela casa quando as palavras no dia-a-dia são poucas para descrever sobre os nossos sentimentos, quando as palavras são insuficientes para demonstrar os nossos sentimentos. Gosto de sinceridade. Antes a sua ausência do que palavras falsas num papel para parecer bonito, para parecer romântico, para parecer de amor.

 

Gosto do ser. Odeio parecer.

 

Sou das que escreve, mesmo a papel e caneta, à mão, cartas de amor. Gosto de colocar por palavras aquilo que sente o meu coração, já que sou tão má a expressar-me verbalmente o que me vai na alma. Sou intensa, e como tal sou confusa, debito tantas vezes palavras confusas para expressar sentimentos que creio que tantas vezes sou incompreendida. Escrevo melhor do que o que falo. Sou mais ponderada no que escrevo do que o que falo, porque não gosto de passar a limpo, gosto de escrever o que me vai no coração, mas sem rabiscar, por isso gosto de escrever com calma, devagar e a saborear, e ler vezes sem conta, para que entenda se está percetível aos olhos daqueles que não me leem a alma. As palavras verbais não. Não dá para rever palavras que já proferimos, tantas vezes erradamente. Sou impulsiva, as palavras saem-me tantas vezes sem controlo e sem filtro. Sou calma enquanto escrevo, mesmo quando as lágrimas caem a preceito demonstrando que é verdade o que sinto. Sou um turbilhão de emoções enquanto falo, um vulcão em erupção de palavras confusas e contraditórias enquanto falo.

 

Gosto de cartas de amor. Mesmo quando são ridículas, como escreveu Álvaro de Campos um dia "Não seriam cartas de amor se não fossem ridículas." porque o amor é também ele ridículo, como tudo aquilo que nos vulnerabiliza. Porque poderia escrever sobre qualquer tipo de cartas, neste desafio, até sobre as cartas da luz e da água que me destabilizam mensalmente, mas... Sou ridícula, porque adoro cartas de amor ridículas mesmo não sendo a pessoa mais romântica deste mundo, gosto de acreditar que também eu sou feita de amor.

 

Gosto de cartas feitas de amor.

Desabafos do quotidiano, por vezes irritados, por vezes enfadonhos, mas sempre desabafos. Mais do que um blog, são pedaços de uma vida.