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Desabafos da Mula

Desabafos do quotidiano, por vezes irritados, por vezes enfadonhos, mas sempre desabafos.

Desabafos da Mula

Tecto brilhante, porque não?

imagem retirada daqui

 

 

Quase logo a seguir a vos ter abandonado, mudei de casa e apesar da casa estar perfeitamente habitável tivemos de fazer umas pinturas para deixar a casa mais nossa, até porque o quarto da mãe era um anterior quarto de criança, e tinha imensa bonecada colada na parede e a sala tinha tons muito escuros que faziam parecer uma sala mesmo muito sombria. Assim trocamos o azul bebé do quarto por branco e o tom terroso da sala para um cinza clarinho.

 

Fui eu que fui comprar as tintas, achando-me perceber imenso sobre o tema.

 

Entretanto os homens que foram contractados para pintar as duas divisões iniciaram os trabalhos e ao fim de umas horas do primeiro dia vieram ter comigo e fazer-me umas perguntas. 

 

Sr. Pintor: Foi a menina que comprou as tintas para os tectos?

Mula: Fui sim! - Digo orgulhosa de peito aberto.

Sr. Pintor: A menina pediu tinta brilhante?

Mula: Sim, foram todas brilhantes. Digo ainda mais orgulhosa do meu feito.

Sr. Pintor: Menina... - Respira fundo, e foi quando percebi que alguma coisa estava errada - Disse na loja que era para tectos?

Mula: Não... Mas porquê?

Sr. Pintor: Os tectos não podem ser pintados com tinta brilhante... Tem de ser mate. Olhe para cima, está a ver como fica?

Mula: Ainda está "molhado", ainda não dá para ver bem... Mas quando secar vemos o que vai acontecer.

Sr. Pintor: Não menina, aí é que está, os tectos já estão secos. 

 

E foi assim que entendi que pintar tectos com tinta brilhante parece que a casa foi lavada com máquina de pressão, ou então que o vizinho de cima está com uma inundação. Percebi rapidamente que não percebo nada de tintas, e lá meti a viola ao saco, o orgulho deu rapidamente lugar à vergonha, e propus ir comprar tintas novas. Felizmente os senhores foram incríveis e conseguiram fazer uma mistura com o primário para tornar a tinta mate e prontos a modos que resolveu.

 

Mania desta Mula achar que tudo é simples e não ser específica e aceitar a ajuda de pessoas externas...

O que pesa mais: 1kg de penas ou 1kg de ferro?

E hoje vou honrar e defender todos aqueles que disseram, um dia, que 1kg de ferro pesa mais que 1kg de penas. Em defesa de todos estes humanos, eu também preferia levar com um kg de penas em cima, do que com um kg de ferro. 

 

Quem me segue no Instagram sabe que ando numa cadeia de ginásios muito conhecida da nossa praça, onde posso frequentar todos os ginásios do país, de norte a sul. Então mesmo não andando de norte a sul, vou variando aqui pelo norte e tenho os meus favoritos de acordo com o tipo de treino que vou fazer e mediante o horário, pois já sei que determinados horários em determinados ginásios são impossíveis de treinar. O ginásio mais perto de minha casa é quase sempre impossível de treinar, é dos mais pequenos também, no entanto sei que há horários que mesmo este está vazio. Sábado após o almoço é um desses dias.

 

Calhou que sempre que lá fui, fiz treino de superiores e como os meus treinos de superiores é essencialmente trabalho com halteres as máquinas deste ginásio não me eram muito familiares. Calhou que neste sábado era treino de inferiores que é maioritariamente com máquinas. Quando entrei, dei uma vista de olhos geral à sala para ver onde estavam as máquinas, vi que tinha tudo o que eu precisava e comecei o meu treino.

 

Apesar dos ginásios pertencerem todos à mesma cadeia as máquinas são diferentes de ginásio para ginásio. Diferentes estruturalmente e pasmem-se, diferentes nas cargas! Ok. Não me choca que num ginásio uma máquina tenha marcado 15, 27 e 32kg e noutro 10, 25 e 30kg. Tudo certo. Máquinas diferentes, medições diferentes. Eu ajusto-me fácil. Tenho de me ajustar bem mais no dia a dia com as pessoas que sou obrigada a lidar. O que me chocou é que descobri que afinal a física (e a matemática) estiveram enganadas este tempo todo. 1kg de penas não é igual a 1kg de ferro. Só isso justifica que numa máquina de um dos ginásios que mais frequento eu fazer com uma carga de 30kg e neste que fui no sábado ter de fazer com 65kg para ter a mesma taxa de esforço.

 

Gostava de chegar aqui toda fanfarrona e dizer-vos que evoluí 35 kg nos abdutores numa única semana, qual hulk na versão equidia, mas a verdade é que não.

 

Há algum Personal Trainer aqui no curral? Ou algum físico, ou metalúrgico, ou qualquer pessoa que me explique como é que é possível duas máquinas "iguais" mas de marcas diferentes, terem dois pesos totalmente distintos quando serão o mesmo peso (ou mais ou menos o mesmo...), para exatamente o mesmo exercício? Como é que sei qual é o verdadeiro? Se é que isso da verdade absoluta realmente existe, filosofando agora um pouco. 

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Mulher troféu

Tenho 37 anos. Desde os 30 - pós divórcio - que voltei a viver com a mãe e tendo em conta a crise da habitação, não há perspetivas de conseguir ter a minha casa nunca, e olhem que o meu salário não é mau de todo, mas ainda assim insuficiente para ter uma casa, seja comprada ou arrendada, nos tempos que correm e que irão correr. Quer dizer, se eu pensar bem na coisa, o impossível não é eu ter uma casa minha, o impossível é a casa e ao mesmo tempo ter os outros luxos, como a água, a luz e a alimentação. Vá, estou a exagerar, acho que dava perfeitamente para a casa e para a alimentação! Também quem é que precisa de luz à noite? À noite é para dormir, e quanto à água... vem aí o inverno, também se arranjava certamente uma solução. Mas esta minha mania das grandezas... enfim, não me permite mais. Tudo se está a encaixar para eu ser uma quarentona a viver com a mãe.

 

No entanto, tenho pensado numa solução.

 

Creio que encontrei uma solução, mas preciso da vossa ajuda.

 

Onde assino para renegar as conquistas femininas sobre essa da igualdade e da liberdade e afins? Mas quem é que achou que era giro sair de casa e ir aturar pessoas e patrões e cenas várias por uns tostões? Malditas gajas que não souberem estar quietas e sossegadas... agora por umas pagam as outras!

 

Trabalho desde os 16 anos, estou cansada! Sou demasiado velha para ser uma sugar baby, tenho demasiada celulite, e gordura geral, para ter OF, estou farta de ser guerreira e trabalhadora, e empoderada e essas tretas. Chega. Aceito ser mulher troféu.

 

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Por isso, homens que me leiam, acreditem em mim, tenho 37 anos, mas bem estimados. Sou licenciada pelo que podem contar a treta de que abandonei uma carreira importantíssima em prole da família e de vós. Não sou bonita demasiado para dar trabalho, nem feia demais para fazer passar vergonhas, estou modéstia à parte, bem equilibrada. Faço as unhas de 3 em 3 semanas, mas até poupo no cabeleireiro, que o cabelo até pinto eu em casa. Vou ao ginásio cinco vezes por semana o que faz com que não dê para andar muito pelas compras a gastar dinheiro que as pernas doem. Sei cozinhar, e apesar de odiar lavar e passar a ferro, lavar loiça e aspirar, sou capaz de odiar mais acordar às 6h da manhã para ir para um escritório que está sempre gelado, com pouca luz natural e carregado de seres humanos com os quais eu não me identifico. Venham de lá essas camisas que eu prometo deixa-las impecáveis e sem vincos e as jantaradas em que me exibirão com um vestido sexy, mas apropriado, para vocês mostrarem aos amigos o traço que o universo pôs no vosso caminho, qual presente de Deus.

 

Mandem por isso os vossos currículos de candidatos, anexando últimas 3 declarações de IRS e declarações de não dívidas do banco de Portugal a ver se reúnem as condições para manterem esta Mula, que apesar de ser de baixa manutenção, tem alguns mínimos de exigência, que não é só sustentar a Mula com combustível barato e já está. Que esta Mula é Mula mas não é de carga.

E se pudesses resumir dois anos em meia dúzia de linhas?

Nunca são meia dúzia de linhas... Quando me agarro ao teclado, agarro-me com a mesma vontade que um surfista à prancha, na hora da onda da vida dele, o que me remete para a sensação de que nunca abandonei este espaço por deixar de gostar de escrever ou por falta de inspiração. Nunca o foi e creio que nunca o será. Creio mais que é um cansaço geral de quem trabalha ao computador o dia todo. Muitos dirão - aqueles com trabalhos mais físicos - "olha a parva, trabalha sentada, sem clientes e ainda se queixa!", mas a verdade é que nestes últimos anos tenho percebido que o cansaço psicológico consegue ser bem mais violento que o  cansaço físico. O físico, hibernar um fim de semana resolve, umas férias resolvem, uns fins de semana prolongados resolvem... Os psicológicos... Às vezes nem todo o tempo do mundo os resolve.

 

Antes de mais, queria ainda agradecer todas as mensagens que ao longo destes dois anos fui recebendo vossas, quer pelo instagam, quer por email. Vocês sempre deram muito miminho à vossa Mula mesmo quando ela pouco mereceu, mas acreditem que essa vossa lembrança e preocupação sempre me aqueceu, e muito o coração.

 

Mas adiante, que não é para lamechices que aqui estou hoje.

 

Ao longo destes dois anos de ausência muita coisa se passou e dou-vos um breifing do que se vai escrever por aqui nos próximos dias de modo a que entendam o motivo de necessitar desta terapia de escrita como quem precisa do ar para viver:

 

  • Mudei de casa e de cidade - só atravessei a ponte, vá - há um ano e meio e tudo o que podia ter corrido mal nesta mudança de casa correu! Mas calma, se tenho acesso a este velho PC que já necessita de estar ligado à tomada, e acesso à internet, é porque a minha situação de quase sem abrigo foi temporária! Agora quase 2 anos depois, acho que já consigo falar sobre o tema.


  • Tive um acidente de viação na autoestrada, faz em Novembro um ano, que quase levou esta Mula para outro universo, está tudo bem também, todos os membros da vossa Mula foram poupados nesta aventura e só a cervical é que ainda se queixa de quando em vez. Aguardo ainda a indemnização milionária que me vai tornar numa verdadeira influencer e trocar os textos pseudodramáticos por hauls da Chanel e da Luis Vitão*!

E porque já chega de desgraças...

  • Deixei de fumar há mais de dois meses, a ansiedade está nos píncaros, graças a esta ideia brilhante passei a sofrer de bruxismo e há mais de 2 meses que não consigo comer em condições sem sofrer da dentadura. Mas já se sabe... dentadura de Mula velha... Apesar de tudo os pulmões agradecem, a carteira da Mula também...

 

  • Iniciei há cerca de um mês o projeto Mula Maromba - acabei de inventar o nome, mas parece-me bem, não é bonito, não me causa orgulho mas também não me causa vergonha -, treino 5 vezes por semana, alimento-me à base de claras de ovo e proteína em pó - o que digo-vos desde já que é um alívio aqui para a dentadura da Mula - e já estive mais longe de fazer criação de galinhas ali no terraço... Fosse o Hachi mais cooperativo...

 

  • Voltei a ler, e voltei a apaixonar-me por livros. A culpada é de uma menina chamada Débora que trabalha numa esplanada que eu frequento e que me apresentou a Colleen Hoover. Sinto que vamos ter aqui um problema - quer dizer, eu vou, vocês provavelmente não - e temo começar a gastar o dinheiro que estou a poupar por deixar de fumar em livros. Livros, ovos e claras engarrafadas, como já devem imaginar.


  • Estou a aprender turco... E italiano. Mas italiano é pra meninos e o turco sinto que quanto mais aprendo menos sei e acho mesmo que nunca irei conseguir mais do que identificar meia dúzia de palavras soltas numa série. Pensem numa língua difícil... E agora multipliquem isso por muito difícil. É como eu vejo o turco. 

 

  • E por último, mas não menos importante... Conheci uma pessoa que me está a levar por uma aventura incrível nesta vida, este tema ainda é sensível e ainda se encontra sobre sigilo de justiça aqui do curral, mas quem saiba um dia venha falar sobre isto, para celebrar convosco, ou para chorar no vosso ombro, dá para os dois lados, consciência da vida acima de tudo.

 

Dois anos se passaram, muita coisa se passou, muita coisa mudou mas como podem comprovar, o humor da Mula continua semelhante, só a paciência é que está cada vez menor - se é que alguma vez foi grande - e por agora, será por aqui que vos irei começar a atualizar...

 

Pergunto-vos, já que vamos de fofocas:

 

Alguma fofoca que queiram ver escrutinada primeiro?

 

*Aviso à navegação de quem não conhece a capitã a bordo destas quatro tábuas perdidas no oceano: Sim, mal escrito propositadamente, não me venham já com hate e moralismos, que eu perco já a paciência**.

 

**Agora que penso nisso ocorreu-me a seguinte questão: É possível perder-se o que não se tem?

Porquê dois anos depois?

Ninguém perguntou, mas eu respondo na mesma, se bem se lembram - provavelmente já ninguém se lembra... -, eu sou uma rebelde.

 

Pois que como é habitual, desde Setembro de 2015 - fez o estupor 10 anos e esta inábil foi incapaz de lhe cantar os parabéns! - recebi o mailito do domínio para pagar, procedo ao respetivo pagamento - com a mesma naturalidade com que pago quinzenalmente o ginásio - e eis que me ocorre um pensamento que me pareceu bastante válido:

 

Estás a pagar por algo que nem sabes se ainda existe!

 

Decido assim num acto de loucura, às 4 horas da madrugada de uma segunda-feira - ai esperem, que já é terça - ligar o velho portatil, que tinha provavelmente o mesmo pó que estas velhas páginas - a julgar pela não funcionalidade de algumas teclas, e de uns bugs marados que vão ocorrendo enquanto vos escrevo este texto duvidoso -, e decido espreitar quando tinha sido a última publicação.

 

20 de Setembro de 2023

 

Uau! Que incrível! Acho que bati o recorde...

Mula sempre a surpreender-se, nem que seja pela negativa.

 

À parte do choque. O tempo voa, não é só cliché e claramente voou mais do que o esperado, desta vez, reparei em duas situações: 20 de Setembro é a data de aniversário da minha mãe, e a última publicação que fiz foi a dizer que estava com covid-19 - que até se deveria de chamar covid-23, uma vez que chegou 4 anos mais tarde - e curiosamente, estamos novamente em Setembro, dois anos mais tarde, e curiosamente também, eu estou novamente com covid. Não sei se os sinais do universo existem, gosto de acreditar que sim, mas tomei estas suas casualidades como um sinal e pensei...

 

Agora, passado todo este tempo?

 

E porque não?

 

Não sei se ainda está alguém desse lado, mas a verdade é que nunca foi por estar alguém desse lado que eu escrevi. Comecei tanto tempo antes... Mas não nego que gostaria que ainda estivesse aí alguém por trás do pano, só para dar aquele abracinho e dizer - ou só pensar, também não estou em condições de me armar em esquisita:

 

Olha a Mula!

 

Porque só significaria que ainda havia alguém desse lado que sabe que a Mula existiu algures, num universo qualquer paralelo, que este blog tem 10 anos, e que quiçá esteja na altura de o ressuscitar. Jesus ressuscitou ao 3º dia, a Mula ressuscita ao 2º ano... Cada um com o seu tempo não é verdade? Não vamos já começar com acusações e preconceitos, ok? A Mula é lenta... Deixem-na ao seu ritmo.

 

Mas sim, dizer-vos que apesar de ter saído para comprar tabaco e não ter voltado mais, que não morri em 2023 de covid, apesar de quase ter parecido - que revolta ter deixado o blog com esta última publicação! - e que gostava de voltar. Tem-me feito falta escrever, este blog sempre foi a minha terapia e sinto que preciso de retomar a expiação dos meus demónios. 

 

Sei que alguns de vós ainda me acompanham pela minha conta de instagram medíocre - a verdade é que desde a eliminação da minha antiga conta de instagram nada mais foi como antes - e por isso faço o convite a quem ainda não me conhece e que gostasse de me conhecer só mais um pouquinho que passe por lá e dê joinha e que carregue no sininho das notificações. Ah esperem! Essa recomendação é para outra rede social... Perdoem a vossa Mula, que já está meia idosa e já está desabituada destas andanças.

 

Mas é isto meus amores mai lindos da vossa Mula, estou de volta! É isso, ou vim só dizer um oi e sair novamente para comprar tabaco e desaparecer por mais 2 anos... Ah esperem, deixei de fumar! Pode ser que fique por cá mais algum tempo afinal...

 

Assim como assim... E antes de ir para esta casa limpar o pó ao que já não interessa... Queria só dizer-vos:

 

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Atenção:

Obrigatório o uso de máscara para leitura desta publicação

A vossa Mula é tão démodé... Que até apanha covid quando o mesmo saiu de moda, 3 anos depois.

 

imagem retirada daqui

 

Não quero com isto trazer-vos novamente este tema altamente aborrecido e badalado em 2020, no entanto, desabafar convosco a minha indignação, porque... Eu estive vários meses à espera destes dias de férias... Demasiado tempo à espera destas férias para... Exatamente no primeiro dia de férias ter testado positivo à covid, quando podia ter testado positivo qualquer dia ao longo destes mais de três anos!!! Mais de três anos, mais de 1000 dias e 150 semanas e eu tenho de ter covid pela primeira vez no primeiro dia de férias... em Setembro de 2023! Desculpem, não acho justo!

 

Mas ó Mula, mas e estás bem?

 

Desci aos infernos durante dois dias, ressuscitei do mundo dos mortos por um dia, para logo voltar a comer o pão que o diabo amassou e têm sido assim os meus dias. Começou com uma enxaqueca que eu associei ao normal ciclo hormonal feminino, que em poucas horas evoluiu para uma febre que me acompanhou ao longo de 2 dias, abrandando ao 3º dia. Achava eu que o circo tinha terminado aqui, quando após um dia de tréguas terem chegado os enjoos, as tonturas, e a vontade de cortar os pulsos.

 

Tudo me sabe mal, a comida sabe mal, a água sabe muito mal - não sei o que aconteceu ao meu paladar mas nunca uma gripe me fez distorcer tanto o sabor da água. Só tenho vontade de dormir, as minhas costas só têm vontade de serem retalhadas e colocadas em água a ferver, e o estranho dos estranhos, o crème de la crème das coisas estranhas é uma dor na anca que abancou em mim desde o primeiro dia e está aqui a fazer-se de inquilina sem pagar renda. A somar a isto várias pisaduras nas pernas que não sei de onde vieram. Não estou a apreciar o momento, tinha planeado ir para o Azibo aproveitar os últimos raios de sol do verão e algo numa realidade paralela e esta falhou e... Deu-se esta valente porcaria.

 

Bem sei, que legalmente poderia pedir baixa e adiar as férias mas... Comecei a trabalhar há pouco tempo, acabei de efetivar e não queria já estar a beneficiar de benefícios básicos laborais... A verdade é que a minha chefe soube da minha situação e nem uma chamada, ou uma breve mensagem, só para saber se estou viva, ou se ainda respiro sem ajuda pelo que imagino que as coisas iriam começar a correr mal se usasse esta cartada que seria minha por direito. E é a segunda vez que desperdiço uma cartada destas, mas da primeira vez ainda prossegui com as férias. Desta vez fui só mesmo eu, o meu sofá e a netflix, quando consegui abrir os olhos e deixei de dormir mais de 20h por dia...

 

Com esta, espero ter limpo todo o meu karma!

 

P.S.: Onde peço uma indemnização por danos morais e patrimoniais por um covid fora d'horas?

 

P.S2.: Espero que ainda tenham álcool gel para desinfetarem bem as mãos após leitura desta publicação. Não me responsabilizo por danos em férias alheias.

Quão fácil é julgar?

É muito fácil julgar o outro sem o conhecer realmente. Dizer uns quantos chavões e acreditar que se acertou numa vida inteira. Raramente se acerta, na realidade.

 

A vida tem me mostrado que o julgamento ao outro é quase inato à natureza humana. É incrível a facilidade com que nos permitimos avaliar as escolhas e comportamentos dos outros de modo automático, sem hesitar, como se de um reflexo se tratasse. Julgar é instintivo e fazemo-lo, todos nós sem exceção, de forma tantas vezes inconsciente.

 

Às vezes pergunto-me se não refletirá as nossas próprias inseguranças. Porque o ato de julgar oferece uma sensação momentânea de autoridade e controlo e por breves instantes podemos distrair-nos das nossas próprias imperfeições e fraquezas. Como que um alívio temporário da nossa dor e instabilidade.

 

Mas há todo um outro lado escuro, um outro lado que não se vê, que não se conhece. Quando olhamos de fora, sem conhecer as nuances da vidas e experiências dos outros, acabamos a reduzir os outros a simples rótulos superficiais. Acabamos reduzidos a rótulos simples e superficiais. Ignoramos histórias de vida, lutas silenciosas, desafios diários. Acabamos ignorados nas nossas lutas e feridas profundas. E é tão fácil apontarem-nos o dedo e dizerem-nos "é parvo sentires-te assim, porque eu já passei por pior e estou aqui". Não me interessa o pior dos outros, interessa-me o meu pior. Eu vivo a minha vida, sofro com os meus acontecimentos, e os outros com os seus. As feridas da alma podem ser tão ou mais nefastas que as físicas. Não há o bepanthene para a alma.

 

Em tempos, explicava a uma pessoa o motivo de um certo comportamento meu, que a pessoa em questão não entendia. A minha explicação foi reduzida a pó porque a pessoa dizia que eu não tinha o direito de me sentir assim e enumerou as suas razões pessoais. Confesso que no momento em que abri o meu coração e expliquei coisas que raramente me saem da boca - já a antever este tipo de comportamentos - que procurava compreensão, aceitação, empatia,... Mas o que encontrei foi palavras afiadas em vez de mimo. Atenção que não sou a favor que se deva colocar paninhos quentes nos outros, eu própria não o faço, e quem convive comigo sabe, mas senti-me totalmente nua perante um juiz implacável.

 

Rapidamente despi o juiz - não literalmente, infelizmente - e percebi que todo o ataque era, na realidade, defesa. Apesar de não ter encontrado empatia, senti empatia. A pessoa em questão luta com diabos internos bem mais agressivos do que os meus, é certo, e aquele pequeno diabo era na realidade uma criança assustada. Às vezes pergunto-me se deveria de ser tão compreensiva com a crueldade dos outros, mas rapidamente percebo que de outra forma os outros também não encontram suporte para poderem perder a capa e a armadura. E percebo que tantas vezes também sou esta pessoa dura que diz as palavras sem a consciência do quanto pode ferir. Na agressividade do outro vi a minha e percebi que é um comportamento que quero mudar em mim.

 

Afinal também podemos aprender algo certo com atitudes erradas...

Yo-yo

Por falar em ciclos viciados... E porque Setembro é conhecido por ser o mês dos recomeços, regressei, como 90% da população, ao ginásio e à nutricionista.

 

Calma, não venham já discutir com a Mula, que a Mula sabe que o facto do seu corpo estar sempre a engordar-emagrecer-engordar, não é acaso ou má sorte, é só por preguiça... e bolos. 

 

Há umas semanas sentei-me em frente ao mar - quem me segue no instagram sabe que é o meu poiso quase diário - e tentei lembrar-me de onde tinha saído a motivação que em 2017/2018 (tipo jornada de futebol) me fez perder mais de 20kg. Gostava mesmo de me lembrar de que pedra tirei essa motivação, para a poder voltar a ir procurar. Só de pensar em arroz branco e peitos de frango, dá-me vontade de comer uma travessa para quatro pessoas de batata frita! Lembro-me que não tocava em quase nada que não pudesse, tirando o dia livre. Lembro-me também da fome que passei e do sofrimento que passei por ter o estômago de um mamute enfiado em mim. Hoje em dia, estou longe, muito longe, de conseguir comer o que comia, mas nem isso torna a coisa mais fácil. Claro que o facto do metabolismo estar a enfraquecer e cada vez ser mais difícil perder peso, não ajuda...

 

Parece que a motivação para perder peso é como uma borboleta esquiva, que paira no ar mas que mal a tento alcançar... Foge. E depois confesso, é tentador procurar atalhos ou procurar soluções rápidas para evitar enfrentar a falta de motivação e quando dou por mim estou em sites de chás milagrosos e comprimidos que prometem terminar com uma vida sedentária sem sair do sofá. Claro que, e felizmente, o meu lado consciente e racional, sabem que às vezes tenho disso, me relembra que não há milagres, que a roda foi inventada e que não há milagres.

 

Obviamente que nem tudo é mau, e também alcanço pequenas vitórias, e grama a grama o olhar na balança se arregala e o sorriso se esboça mas, não sei se vos acontece igual, mas mal fico feliz com 100g perdidas apetece-me ir para a esplanada beber sangria para celebrar... Compreendem que assim vai ser difícil?

 

Custa-me que tenha quebrado a promessa que fiz a mim mesma, quando estava bem, no peso praticamente ideal e olhei para uma fotografia antiga e disse "não voltarás a ser assim". Hoje percebo que é uma promessa mais difícil de cumprir do que aparentava ser.

 

Vá, gente da luta, que sei que vocês desse lado também estão comigo na luta, deem-me dicas, que ainda não encontrei o calhau que esconde a minha motivação.

Sem saída?

Tento procurar diferentes maneiras de fazer as coisas, de seguir com a minha vida, de lutar pelo que eu quero e acredito que preciso. Sinto que o resultado é sempre o mesmo. Não importa que vá pela direita ou pela esquerda. Vou sempre parar à mesma rotunda ou então a uma qualquer rua sem saída. 

 

A vida deveria de ser uma jornada fascinante, cheia de reviravoltas positivas, escolhas e oportunidades. O Karma deveria funcionar sem tardar. Quem praticasse o bem deveria de atrair coisas boas, quem praticasse o mal, coisas menos boas, algo tão simples como isto. Quase como a fila da caixa das 15 unidades, no supermercado, poderia demorar um pouco porque alguém empancava a fila com um qualquer produto sem código de barras, mas logo logo, a fila aceleraria. E agora que penso nisto... As caixas de 15 unidades já não existem pois não? Ai que a vossa Mula está a ficar tão velha!

 

Adiante...

 

Dizem por aí ao expoente da loucura, porque todos nós somos coaches baratos, que cada um de nós tem a possibilidade de traçar o próprio caminho, perseguir os seus sonhos e procurar a própria felicidade. O tanas! A minha experiência diz-me que ou tens sorte - quer te empenhes ou não - ou simplesmente terás de ser um guerreiro para a vida. Que faças o que fizeres para sair da lama, há sempre alguém a atirar água ou terra por cima.

 

Não falha. Pelo menos comigo não falha. Olho e digo, vou pelo caminho seguro e quando dou por mim estou no mesmo sítio, com desafios e sentimentos bem familiares. É como se estivesse presa num ciclo interminável, numa roda da vida que me leva de volta ao ponto de partida, independentemente do quanto tente mudar. Aos mesmos padrões, às mesmas expectativas defraudadas, à mesma mesmice.

 

Não me refiro a assuntos do coração, ou melhor, não me refiro só a assuntos do coração, refiro-me a tudo: trabalho, relações de amizade, finanças, motivação no geral, tudo!

 

Confesso que me sinto cansada. A minha vida simplesmente parou. Eu mudei de casa, mudei de emprego, mudei de rotinas, e na realidade nada mudou, apenas os cenários e mais um ano passou.

 

E calma gente, eu estou bem, é só aquela nostalgia típica de quem muda mais uma estação, de mais um verão que acaba, de mais um natal que se aproxima e eu ainda continuo presa na piscina dos The Sims, porque alguém decidiu retirar a escada*.

 

*Tenho noção que foi um exemplo muito Millennial e que nem toda a gente irá compreender, mas passei a minha adolescência a divertir-me dessa forma, confesso.

 

P.S.: É uma publicação densa para quem disse que ia voltar e voltou mas foi a desaparecer, mas vocês sabem, sem desabafos agridoce sobre a vida, a vossa Mula não era a mesma.

Erro de principiante

Sabem a velha máxima de que quando uma mulher faz uma pergunta, na verdade já sabe a resposta e está só a ver até onde a outra pessoa é capaz de chegar? Pois é... Não querendo generalizar, mas já generalizando... Normalmente nós mulheres usamos e abusamos desta maravilhosa técnica. Por isso fiquei bastante surpreendida quando a minha mãe caiu neste erro tão básico, quando ela a utiliza com elevada maestria.

 

A minha mãe colocou a roupa a lavar e entre várias peças, duas - minhas - eram brancas. Mas quando digo brancas, digo aquelas peças brancas, mesmo brancas, como o gesso... Ou eram como gesso. Agora estão mais brancas como aquela pasta de papel que fazíamos na escola para reciclar... Ou seja, estão mais pro cinza do que pro branco...

 

Mula: Mãe, juntaste alguma peça escura na máquina da roupa branca? - Digo eu a olhar desconfiada para uma camisa de dormir preta que estava dobrada juntamente com a roupa branca.

Mãe: Não...

Mula: Os tops brancos... Não estão brancos! Não tinha mesmo lá nada escuro? 

Mãe: Pois não sei porquê... 

Mula: E esta camisa de dormir preta foi lavada com o quê?

 

Pois claro que foi lavada com a roupa branca! Sabia-o desde a primeira pergunta que fiz e ela também sabia, até porque umas horas antes ela comentou que precisava de comprar um branqueador para a roupa, no entanto, tentou fazer-se de desentendida porque achava que eu não sabia o motivo de tal fenómeno. 

 

Como é que uma mulher experiente cai numa armadilha tão básica como esta?

Desabafos do quotidiano, por vezes irritados, por vezes enfadonhos, mas sempre desabafos. Mais do que um blog, são pedaços de uma vida.