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Desabafos da Mula

Desabafos do quotidiano, por vezes irritados, por vezes enfadonhos, mas sempre desabafos.

Desabafos da Mula

Não podemos negar que homens e mulheres são diferentes...

...Nos humanos e nos gatos! Igualdades de género à parte. 

 

Basta olhar para o meu Simba, mesmo sem lhe tocar, basta só olhar, e ele desata a ronronar em alto e bom som como se o tivéssemos esborrachado de mimo...

 

Já a minha Kika... Temos de lhe dar muito mimo para ela ronronar, discretamente, num tom quase inaudível...

 

Nos gatos e nos humanos... Realmente nós mulheres não somos bichos fáceis de agradar! 

Mimalhices e gatices

O meu Simba nunca foi um gato muito mimalho. Nunca gostou de colo, não gostava de mimos em excesso e sempre fugia quando chegávamos a casa. Pegar-lhe era simplesmente impossível. Todos os dias era necessário um período de adaptação à nossa presença em casa porque mal chegávamos ele fugia de nós. Nunca entendemos o motivo, veio muito pequenino cá para casa, cabia na nossa mão, e não era vadio. Não acreditamos que tenha sido maltratado ou algo do género. É só a personalidade dele. Cada gato com a sua, não é verdade?

 

Já a Kika sempre foi mais dada, adora pessoas, apesar de também não ser fã de excesso de mimo, sempre tomou a iniciativa de o pedir quando assim o entendia. A Kika continua igual. Ele não.

 

O comportamento do meu pimpolho mudou com a pandemia.

 

Passamos mais tempo em casa, passamos temporadas inteiras sem sair de casa. Apegou-se bastante, parece-me. Agora é vê-lo sempre atrás de nós, a pedir mimo e até vem para o nosso colo, quando ele quer e assim o decide, ele manda, mas já é mais fácil pegar-lhe, mesmo quando ele não quer. Corto-lhe finamente as unhas com alguma facilidade e está um gato muito meloso, atualmente.

 

Isto deixa-me a pensar no que acontecerá quando voltarmos a trabalhar fora de casa, quando a casa voltar a estar vazia novamente durante o dia, durante horas. Nós facilmente nos adaptaremos à nova rotina, e eles? O que pensarão quando voltarmos e nos afastarmos? Sentir-se-ão abandonados? 

 

Há muitas coisas que eles não compreendem... Mas sentem mais do que imaginamos.

 

E os vossos animais? Como acham que reagirão os vossos animais?

Os animais têm pesadelos?

Sempre percebi que os animais também sonham. Sempre convivi com cães - e mais recentemente com gatos - e sempre me apercebi de sonos por vezes agitados que me levaram sempre a acreditar que os animais, tal como nós, também sonham.

 

O meu Mimo sonhava, sonhava muito. Era normal vê-lo a mexer as patas enquanto dormia, como se estivesse a dar grandes corridas e era comum vê-lo também a mexer a boca como se tivesse, durante a sua aventura, caçado algo suculento. O meu mimo dormia profundamente. Quando o via agitado nos sonhos, era habitual colocar-lhe uma mão sobre a barriga para o tranquilizar e ele rapidamente acalmava os movimentos. Era um momento muito nosso.

 

Mas adiante.

 

Ontem à noite enquanto lia junto à lareira, como tem sido habitual durante o meu atual isolamento profilático, o Simba dormia profundamente no sofá. Sei quando dorme profundamente porque respira muito profundamente, chega por vezes a ressonar, às vezes até me assusta. De repente assustei-me. O gato mexeu-se num impulso, deu um pulo no sofá e do nada bufou assustado. Parou, meio atordoado, começou a olhar em volta um pouco confuso. A Kika que estava comigo junto à lareira levantou-se também e ficou sentada a olhar para ele em alerta, sem ter percebido o que efetivamente se passava.

 

1606098729820.jpgSimba, o rei pouco espaçoso!

(e é assim que esta criatura de 8kg dorme habitualmente...)

 

 

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Kika, a princesinha pouco friorenta

(Sempre colada a toda e qualquer fonte de calor)

 

Esta situação levou-me a acreditar que os animais também têm pesadelos, que não dão apenas longos passeios pela selva em busca de presas suculentas, mas que também encontram, quiçá, predadores pelo caminho. 

 

Levantei-me, fui ao sofá, afaguei-lhe o pelo com ternura, ele piscou lentamente em sinal de agradecimento, lambeu-se e como se nada tivesse acontecido, voltou a deitar-se e novamente adormeceu. Vendo que o irmão estava tranquilo, a Kika também voltou a enroscar-se junto aos meus pés, e voltou a adormecer.

 

Às vezes pergunto-me se são eles que são tão humanos ou se nós é que somos tão animais. Vejo neles tanto de nós...

 

E os vossos animais também demonstram ter pesadelos?

Um curral cheio de vida

E o curral da Mula, físico e virtual, está cada vez mais cheio de amor. Mais rico em vida e em pelos. Essencialmente em pelos. Ó roupa: rolos autocolantes a quanto obrigas!

 

Há quase duas semanas que abrimos portas a um novo membro, que cresceu muito, demasiado para o que estavam à espera e que por isso precisou de ser acolhido num novo lar. Abençoados aqueles que abrem as portas para acolher novos membros, essencialmente os de quatro patas.

 

Assim, já conhecem o Simba e a Kika e hoje apresento-vos o Hachi!

 

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O Hachi tem 6 meses, 30 kg de pura gostosura e é do mais amoroso que há! Muito inteligente, obedece-me desde o primeiro dia, mas teimoso q.b. - acho que está na casa certa, tendo em conta que é uma casa de casmurros. Tem energia para dar e vender e bebe tanta ou mais água que um camelo - nem sei onde armazena tanta água! A cereja no topo do bolo é que não é fã nem de cães nem de gatos. E descobrimos que os nossos gatos também não são nada fãs de cães, ou pelo menos não são fãs do Hachi. Adivinham-se dias curiosos.

 

A reação do Hachi aos gatos - que os viu apenas por uma portinhola lá longe, muito longe... - foi de curiosidade, senti ali uma certa vontade de os cheirar de perto, quiçá dar-lhes umas mordidas de amor. A reação dos gatos ao Hachi foi de puro pânico. A Kika congelou, a cauda do Simba engordou, e sempre que o Hachi lá fora ladra, os gatos parece que se preparam para a terceira guerra mundial. E pronto é isto!

 

Estamos todos bem. Uma casa com animais é uma casa feliz! Por isso estamos todos bem.

Pedido de ajuda

Malta dos gatos, compadeçam-se de mim e ajudem aqui a Mula:

 

Como dar, presencialmente, festas/mimos virtuais a gatos?

 

Como assim Mula, é presencial ou é virtual? Eu passo a explicar.

 

O Simba, o meu leão gatarrão de serviço, é um mimalho, mas vá-se lá saber porquê, evita ao máximo contacto humano e só aceita receber festas e mimos em condições muito específicas e inclui sempre um humano sentado ou deitado. Deve achar que os humanos ficam mais vulneráveis nesta posição e sente-se  mais confortável, não sei. Por sua vez, Kika mimalha atrevida vem sempre receber festas. Simba ao ver a Kika a receber mimos vem também. Inclina a cabeça para nós lhe fazermos festas e quando estamos quase, quase, quase a tocar-lhe Simba desaparece do mapa e se formos atrás dele então nunca mais o vemos...

 

Ora, eu gostava de amimalhar o meu Simba como tanto ele gosta, e estupidamente quer, mas o bicho não é fácil de lidar, e também não queremos irritar o miúdo que 6,5kg de gato ainda é capaz de fazer mossa.

 

 

Mais alguém com algum gato mimalho mas com a mania que é independente?

Não deixes para amanhã...

... O que podes comer hoje!

 

Esta é a grande aprendizagem destas férias forçadas.

 

Uma amiga foi a Viana do Castelo e trouxe-me as tão deliciosas Bolas do Natário - que eu adooooooro - e dois barquinhos com doce de ovos e amêndoa que eu nunca tinha provado, e cujo nome desconheço. Comi as bolinhas com um chá ao lanche e guardei os barquinhos para a sobremesa  para depois do jantar. Deixei os barquinhos na sala enquanto fui jantar...

 

...A Kika e o Simba acharam que a minha sobremesa dava um óptimo brinquedo...

 

Conclusão. Nunca tinha comido, e continuo sem saber a que sabe! Lição aprendida, o meu eu antigo é que tinha razão: o melhor é comer tudo enquanto se sabe que é possível comer! 

Kika e Simba

A Kika e o Simba não poderiam ser mais diferentes... Ela é atrevida e uma vendida, mal vê um estranho vai logo cumprimentá-lo. Ele fugidio e se vê alguém desaparece por horas. Ela é esguia, ágil e meiga. Ele gorducho e pachorrento, gosta pouco de ser pegado e de mimos. Ela consegue andar por cima de móveis sem ser notada. Ele derruba tudo por onde passa. Ela adora locais quentes. Ele prefere os frescos. Sim, eles são mesmo muito diferentes.

 

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Mas a diferença que mais me diverte neles é que ela quando fica fechada em algum lugar, ele fica desesperado atrás dela, sempre a miar, e facilmente percebemos onde ela está porque ele fica ali a rondar às voltas até a "libertar-mos". Já quando é ele que fica trancado... Ela não está nem aí. Deita-se descansada e se lhe perguntar-mos por ele ainda olha para nós como que a dizer "deixem-no estar, que eu assim durmo descansada!" Até nos pode ver à procura dele, ou a ouvi-lo miar, que incrivelmente não quer saber.

 

Os vossos patudos também têm assim estas marotices uns com os outros?

Vida de gato é tão difícil....

Tive o sofá livre toda a tarde. O Simba esteve deitado no balcão do bar toda a tarde. Decido desligar o PC e ponho-o no braço do sofá. O Simba vai para onde? Para cima do braço do sofá. Que tinha o quê? Isso mesmo, o computador... E ainda consegue olhar para mim como que a dizer "podias tirar isto daqui? Estorva um bocadinho..."

 

Cadeira da secretária livre a tarde toda. Simba deitado no chão a tarde toda. Kika decide ir para a cadeira da secretária. Simba faz o quê? Fica sentado a olhar para ela deitada como que a dizer "Ai! Ali é que se deve estar confortável!" Faz o quê? Tenta ir para lá, mas a Kika não lhe dá abusos e expulsa-o. Tenta uma segunda vez mas o mesmo final. Simba vai amuado novamente para o chão.

 

Podia continuar a enumerar imensas situações de como esta vida é injusta para os gatos desta casa... Realmente ser gato é mesmo difícil!

 

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(imagem retirada daqui)

Por vezes achamos que estamos sozinhos...

A minha mãe tem dois gatos - a Kika e o Simba - que para desgosto dela quando vim para cá morar passaram a colar-se a mim, onde eu estou, lá estão eles, mesmo quando eu acho que não.

 

Um destes dias estava sozinha na sala, a mãe já em baixo a dormir e eu achava que estava sozinha. Pensei cá com os meus botões "bem, hoje nenhum deles quer saber de mim..." e eis que um espirra e a outra espreguiça-se e fizeram os dois barulho e eu assim descobri que mesmo não estando colados a mim estavam a fazer-me companhia discretamente.

 

Com os amigos também é assim.

 

Por vezes os nossos amigos não são as pessoas com quem falamos todos os dias, que vemos todos os dias, com quem teclamos todos os dias. Tantas vezes eles estão connosco mesmo sem estar e basta um pequeno tremelicar nosso e eles estão logo ali à espreita para nos amparar em caso de queda...

 

E é tão bom quando assim é!

 

Por vezes achamos que estamos sozinhos... Mas depois a magia acontece!

Desabafos do quotidiano, por vezes irritados, por vezes enfadonhos, mas sempre desabafos. Mais do que um blog, são pedaços de uma vida.