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Desabafos da Mula

Desabafos do quotidiano, por vezes irritados, por vezes enfadonhos, mas sempre desabafos.

Desabafos da Mula

Como medita uma mente inquieta

 

Vocês sabem que eu não sou uma pessoa paciente. Sou das que quer tudo... Para ontem. Esperar não é o meu forte. Como tal, meditar torna-se um processo incrivelmente cómico.

 

Antes de vos contar coisas que me passam pela cabeça durante a meditação, adiantar-vos que apesar de tudo é algo que me tem feito um bem incrível, que me tem salvado das noites de insónia e me tem dado ferramentas para controlar melhor a minha impulsividade, agressividade e impaciência.

 

Ainda assim, o processo inicial nunca é muito tranquilo, pois se não vejamos.

 

Os senhores do youtube, como lhes chamo - gosto particularmente do Lázaro Ramon - começam sempre as meditações por exercícios de respiração:

 

Senhores do Youtube: Vamos começar por inspirar lentamente, devagar...

Mula: Boa, bora lá. Estou a respirar... Inspirar, expirar....

Senhores do Youtube: Prendemos ligeiramente a respiração, 3, 2, 1 e expiramos.

Mula: Oh bolas! Já inspirei e expirei umas quantas vezes. Ok! Já sei como é, bora lá novamente.

Senhores do Youtube: Voltamos a repetir... Inspirar lentamente...

Mula: Estou a conseguir, estou a conseguir!

Senhores do Youtube: Mais uma vez. Inspiramos lentamente...

Mula: Mais uma vez?? Mas já está, vamos avançar...

Senhores do Youtube: Uma última vez... Inspiramos lentamente...

Mula: Vá, só mais uma vez e avançamos! - já meia irritada.

 

Depois passamos para a fase seguintes:

Senhores do Youtube: Vamos ficar tranquilos, numa posição confortável.

 

Mula, começa a mexer-se e a remexer-se na cama sem parar, já a os exercícios de relaxamento começaram.

 

Senhores do Youtube: Vamos relaxar todo o corpo.

Mula toda tensa: Estou relaxadinha!

Senhores do Youtube: Começamos pelos pés...

Mula ainda toda tensa: Então não era o corpo todo? Já está tudo! Avancemos!

 

E enquanto ele passa por todas as partes do corpo em sentido ascendente, a Mula já está a pensar em tudo menos no que está a ser dita, na expectativa de já estar relaxada, mas a dores nos músculos garantem que não.

 

Senhores do Youtube: Imagine um lanço de 10 escadas, vamos começar a subir lentamente... 1...

Mula: Boa, já subi! Vamos para onde?

Senhores do Youtube: Segundo degrau...

Mula: Segundo? Já estou lá em cima!!! Bolas! Espera, vou descer!

 

E respiro fundo, já irritada.

 

Senhores do Youtube: Agora vamos pensar em algo que queremos libertar da nossa mente...

Mula: Não!!! Não quero, não me façam isto!

 

E acabou a meditação, e há choradeira, e a Mula que ainda não relaxou está ainda mais tensa... e lá coloco aquilo do início até funcionar...

 

Depois há algumas que começam a idealizar que temos umas portas para abrir, e espreitar o que temos dentro das portas, e por aí passa-me tudo pela cabeça, inclusive coisas parvas que às vezes me faz sair do estado de relaxamento e tenho de reiniciar todo o processo de respiração.

 

E é assim que uma mente irrequieta e um corpo tenso meditam.

 

E vocês, costumam meditar? Como vos costuma correr?

A minha primeira vez com gongos e taças tibetanas...

... Ou com meditação guiada no geral!

Pode parecer que não, já que a Mula é doida da cabeça, mas... continuamos a falar de saúde mental através de terapias alternativas. Curiosos?

 

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Imagem retirada daqui

 

 

A Mula não é boa da cabeça, isso já todos vocês sabem. O que talvez não saibam é que se relaciona com pessoas piores que ela. E foi assim sem perceber muito bem como, que a Mula foi arrastada para uma sessão de meditação com taças e gongos tibetanos a um sábado à noite.

 

O que é isso? Não sei, que eu também não vi, mas olhem que senti... Ó se senti, e só vos tenho a dizer bem. Mas adiante.

 

Duas malucas foram assim meditar para cascos de rolha com coisas que vêm de tão longe, e tenho-vos a dizer que quase foram ouvir uma palestra do Reino de Deus... É que para a Mula Rua, Travessa, Parque é tudo a mesma coisa e fomos parar ao fim do mundo errado. Mas lá demos com aquilo. Chegamos atrasadas, é facto, mas em nossa defesa não fomos as últimas e isso, por si só já me alivia os ombros - convém, já que para relaxar também é preciso relaxar o corpo, nomeadamente os ombros.

 

A verdade é que estou nesta onda da meditação. Já o faço em Pilates - em certa medida - mas não é suficiente. Mais do que estar na onde é mesmo o precisar, tanto que estou a equacionar treinar-me para o conseguir fazer em casa no silêncio do lar - se os gatos permitirem, pois claro, já que somos meros servos da classe felina - e treinar a mente para me auto-acalmar, para relaxar, para ver se não fervilho tanto no dia-a-dia. Isto não está fácil minha gente, não anda mesmo nada fácil. Se eu fosse a pipoca dos blogs, já estava frita, mas daquelas más, que têm o milho na mesma inteiro no interior, sabem? É isso, enfim, não ando na minha melhor fase, e tenho estado interessada em meditação e até já fiz um workshop de mindfullness e tenho lido sobre isso e estado em alerta sobre o tema. Mal também não faz, não é verdade?

 

Assim, e apesar de achar estranho à partida, fui a um concerto meditativo com taças e gongos tibetanos. Não deixa de ser estranho estar numa sala de um edifício que não conhecemos, às nove da noite, com pessoas que não conhecemos, e deitarmo-nos num espaço que não conhecemos com umas mantas e almofadas que não fazemos ideia onde andaram mas... a experiência é brutal. Os sons, as vibrações, tudo tem um efeito incrível no corpo, na mente... Primeiro estranha-se, depois entranha-se.

 

Relaxa, efetivamente aquilo relaxa.

 

Pena que alguém lá no grupo tenha relaxado de mais e aproveitado para tirar um cochilo e tenha roncado como se não dormisse há meses... E aí entornou-se o caldo na Mula, que não há ansiedade que resista ao ressonar de alguém. Acho que nunca vos disse, mas sou altamente sensível a sons, para o bem e para o mal, e se os gongos tibetanos causaram um bem estar único, que nunca imaginei, o ressonar de alguém conseguiu estragar toda a tranquilidade atingida. Apesar desta parte não ter corrido tão bem, tenciono repetir a experiência e recomendo mesmo a experimentarem. Se têm dúvidas... pela personagem que adormeceu podem ter a garantia de que realmente saem da sessão relaxados.

 

Para quem não sabe - eu também desconhecia - as taças tibetanas têm diferentes tamanhos que emitem diferentes vibrações e sons - notas - que tocando determinadas melodias, podem trabalhar diferentes problemas e questões. Na nossa sessão foram trabalhados os medos e a ansiedade e posso dizer que é algo realmente incrível. As taças são usadas à séculos com fins curativos, já que os sons purificam o ambiente despertando o poder curativo do corpo através da terapia do som.

 

De acordo com o que pude investigar a terapia do som tem uma série de benefícios, entre eles: Permitir um estado de relaxamento mais profundo o que potencia um maior domínio sobre os problemas e preocupações pessoais; potenciar o desbloqueio energético devolvendo ao corpo e à mente uma sensação imediata de bem-estar e tranquilidade, o que permite a longo prazo melhorar a estabilidade mental, a concentração e a capacidade de ação e de reagir perante um determinado problema; e como potencia o bem-estar, aumenta a autoconfiança e reduz a ansiedade do dia-a-dia.

 

Como vêm benefícios não faltam e a Mula sobreviveu, por isso mal também não faz.

 

Alguém já experimentou? Alguém que queira partilhar a sua experiência? E meditação no geral?

Desabafos do quotidiano, por vezes irritados, por vezes enfadonhos, mas sempre desabafos. Mais do que um blog, são pedaços de uma vida.