Na última visita à capital, apesar de ter sido uma visita quase de médico, ainda deu para visitar o museu que em 2012 abriu portas no Terreiro do Paço, em Lisboa: O Lisboa Story Centre.
Para quem não conhece, nem nunca ouviu falar, o Lisboa Story Centre é um museu interativo que pretende contar os principais eventos históricos da cidade de Lisboa, dos descobrimentos ao terramoto, passando por reis e rainhas, contando-nos histórias sobre a passarola de Bartolomeu Dias, sobre D. Dinis, entre muitos outros.
É um museu bastante diferente do habitual, perfeito para pessoas preguiçosas como eu. A verdade é que muitos museus colocam muito texto junto às imagens, e depois acabo por ler só o que me interessa recebendo apenas metade da história. Aqui não. Aqui não teremos de ler. Aqui basta colocarmos os auscultadores que nos fornecem à entrada e seguir a rota. Por ser um museu interativo este vai-nos contando as histórias à medida que vamos passando pelos locais, ao nosso ritmo.
Deste modo este museu permite-nos fazer uma viagem no tempo, fazer parte dos cenários e entrar na história como se dela tivéssemos feito parte. É um museu que apela às sensações, fazendo-nos rir uma série de vezes pela sua vertente cómica à medida que as histórias nos vão sendo contadas.
Todo o museu é bastante interessante, mas confesso que a minha parte favorita foi a que relata o terramoto de 1755.
(porta de entrada para a sala que reconta o terramoto)
Citando o site do Lisboa Story Centre, o museu é constituído por 6 núcleos distribuídos por dois pisos.
"Núcleo 1 - Mitos e Realidades, onde se aborda o rio, a terra, o mar, o céu, primórdios mitológicos, colonizadores e conquistadores e as muralhas da cidade."
"Núcleo 2 - Lisboa: Cidade Global, que apresenta a cidade cosmopolita, o armazém do mundo, para além do horizonte, o padre voador, a cidade magnificente, morte e política e a Igreja."
"Núcleo 3 - 1 de Novembro de 1755, o dia de Todos os Santos. Toda a tragédia da maior catástrofe natural de Lisboa e da Europa é vivida de forma realista através de uma experiência imersiva."
"Núcleo 4 - A Visão de Pombal, que apresenta o planeamento da cidade moderna no pós-terramoto e a reconstrução da cidade."
"Núcleo 5 - A Praça: Política e Prazer, que apresenta o Terreiro do Paço como cenário dos maiores acontecimentos históricos aos mais vários níveis."
"Núcleo 6 – Lisboa Virtual, onde se descobre a maqueta da baixa Pombalina que possibilita a interacção multimédia com variados acontecimentos relevantes da cidade."
Porque estava incluído no bilhete, aproveitamos para visitar o Triunfal Arco da Rua Augusta que nunca tínhamos tido oportunidade para visitar. As visitas sobre o Terreiro do Paço e restante envolvente de Lisboa são realmente incríveis, até fiquei com vontade de bater com a cabeça na parede por nunca ter ido lá noutras alturas, até porque para subir ao arco são só 2,5€ por pessoa, é um valor bastante acessível.
Deliciem-se com as vistas.
Agora que já sabem que a capital não é só Magnuns, Pizzas e Hambúrgueres, toca a visitar estas maravilhas!
No final do mês de Junho, aquando da grande aventura, passei pelo País Basco e sendo o Mulo um grande fã do transporte ferroviário, passamos por Azpeitia e fomos visitar o Museo del Ferrocarril de Azpeitia que se situa no Valle del Urola e por isso encontra-se rodeado por uma paisagem verdejante incrível. Dá uma certa paz olhar em volta, uma certa nostalgia típica de uma terra que outrora foi servida pelo comboio e que atualmente já não o é.
A linha ferroviária de Urola foi a primeira linha a ser eletrificada em Espanha, e este museu - aberto ao público desde 1992 - para além da antiga estaçãoferroviária, inclui também as antigas chocheiras e oficinas e uma central de transformação elétrica que datam o ano de 1925. É ainda possível ver, através de visita guiada às cocheiras, o funcionamento de um motor elétrico que movimenta um conjunto de correias fazendo trabalhar as máquinas das antigas oficinas, reproduzindo um cenário típico do século XX, fazendo as delícias de miúdos e graúdos. A animação por parte da guia é sem dúvida uma peça fundamental deste museu, porque conta o seu funcionamento como quem conta uma história.
O edifício da outrora estação ferroviária de Azpeitia encontra-se imaculado, como se de uma estação atual se tratasse. No entanto a linha que ligava as várias povoações do Vale Urola, foi encerrada nos anos 80 e à semelhança do que aconteceu em Portugal ao longo dos anos, deixou as povoações deste vale sem transportes e isoladas. Hoje em dia existem serviços de transporte rodoviário que asseguram essas ligações, mas creio que o atual trajeto tenha perdido bastante encanto, mas claro, que eu sou suspeita para falar.
O museu, segundo o site do próprio, possui uma das melhores coleções ferroviárias da Europa devido à grande variedade de material restaurado que possui, desde as máquinas mais recentes - elétricas e a diesel - às mais antigas, a vapor. É possível encontrar vagões antigos dos correios, de transporte de vinho, entre muitas outras peças antigas. Conta ainda com uma grande exposição de fardas e de relógios com o intuito de mostrar a evolução dos mesmos. Uma verdadeira viagem pela história do transporte ferroviário.
Um dos pontos que mais me encantou na visita a este museu é a animação do próprio. O museu conta com funcionários que recontam histórias através da roupa, das formas de interagir com o público como se tudo fosse uma peça de teatro em que nós, os visitantes também fazemos parte.
A história não poderia ficar completa sem a viagem num comboio histórico. Por ser Domingo, tivemos o prazer de realizar uma viagem de cerca de 30 minutos numa locomotiva a vapor entreAzpetia e Lasao, com direito a revisora trajada à época e bilhetes de cartão, antigos. Nos restantes dias, é habitual a viagem ser realizada numa automotora a disel - por vezes na portuguesa que outrora pertenceu à CP. Nesta viagem podemos uma vez mais encantarmo-nos com a paisagem que é verde e magnífica.
A grande atração dos portugueses por este museu prende-se pela recuperação por parte da Fundacion Del Museo Vasco, da automotora a diesel portuguesa - que também realiza as viagens históricas - e de uma máquina a vapor portuguesa que também já pertenceu à CP, já que em Portugal, infelizmente, é mais fácil deixar morrer e apodrecer do que conservar. Esquecem-se é que conservar é o que permite manter a nossa história para mais tarde recordar e a prova disso é que este museu de Azpeitia atrai imensas visitas todos os anos.