Como se ainda fosse miúda, E te esperasse impaciente atrás do pavilhão, Pela hora da saída que nunca chega, Inquietando impiedosamente o meu coração.
Espero-te, conformada, diariamente, Com uma tola esperança de criança, Que um dia me olhes de forma diferente, E dês ao meu coração uma nova esperança!
E quando me sorris o mundo para, Contigo nem dou pelo tempo passar... E quando me provocas o meu coração dispara... As tuas ausências fazem-se notar!
Como se ainda fosse miúda, Falo-te com ansiedade descontrolada no peito E com voz trémula que sempre denuncia, A minha total falta de jeito!
Como se ainda fosse miúda, Olho-te envergonhada, de soslaio, esperando Que os nossos olhares se encontrem. Meu sentimento confirmando!
Mas nem assim te mostras incomodado, Entendes os sinais mas nem isso te faz afastar, Sabes o que sinto e nem assim, Ignoras e continuas a fazer-me corar!
Imatura, nervosa, atrapalhada, Diminuo, até, de tamanho a teu lado, Como se ainda fosse miúda, Perco até o meu semblante delicado!
Mas já não sou uma miúda, E teu coração não pertence ao meu, Resta-me fantasiar com a utopia. Não és quem a vida me prometeu!
Nem sempre é fácil colocar por palavras o que nos vais na alma. Nem sempre é fácil explicar o que sentimos porque tantas vezes nem nós realmente compreendemos. Não é fácil sentir, e por mais anos que viva acho que nunca irei compreender-me totalmente. Mas aceito-me assim! Acredito piamente que no meio da turbilhão de emoções que não compreendemos, importante é descobrir formas de extravasar, sejam elas exageradas ou não, sejam elas espelho inequívoco do que sentimos ou não, e a minha forma de tentar expor os meus pensamentos difusos é através de palavras, quase nunca em prosa, porque a prosa requer muito mais conhecimento de nós, requer muito mais maturidade emocional que a que tenho. Resta-me escrever em verso. Nestas alturas, resta-me escrever em verso. Restam-me as metáforas, as analogias, as rimas, tantas vezes confusas como só eu consigo ser.
Era uma vez...
Era uma vez um menino,
De olhar meigo, sorriso de criança,
Que fez apaixonar uma menina,
E dar-lhe à vida uma nova esperança.
Foram felizes um dia!
Ouviam-se as gargalhadas à beira mar.
E entre promessas e beijos,
Ali perceberam o que era amar.
Mas a maré um dia mudou,
E pela tempestade a menina foi apanhada.
Rebolou no mar, os joelhos esmurrou,
Pra bem longe da costa, a menina foi levada!
E era uma vez uma menina,
Que assustada pela vida, da felicidade fugiu.
Que de alma ferida, o seu coração não ouviu!
Perdeu o tino, a menina!
E aí a menina se apercebeu
Que por tudo o que é e fez, o menino perdeu,
Deixando apenas a lembrança,
Dos dias felizes, da cómoda segurança...
Quando a tempestade acalmou,
A menina, o menino tentou encontrar,
Mas de vestígios de quem amou,
Apenas vazio, no seu lugar!
Mas a menina, não desistiu. Procurou,
Por entre mato, destroços e dor,
Aquela chama de quem verdadeiramente amou,
Que não se apaga assim, quando é amor!
Dizem que aos lugares felizes não devemos voltar,
Que apenas encontramos vazio e indiferença,
Mas enquanto uma ténue e fraca chama brilhar,
Vale a pena, manter a fiel crença!
E assim a menina reencontrou a esperança,
E o coração do menino tentou reanimar,
E para sabermos como termina a história,
Em nós, os meninos de outrora teremos de encontrar!
Sei que estou em falta com o texto passado... Mas... Recomecemos a partir daqui, sim? Façamos ó de conta que tenho todos os textos em dia, que está tudo bem, que não sou uma baldas e uma desorganizada e façamos também ó de conta que publiquei isto na hora certa e que não ando a fugir às regras nem ao tema como quem anda por entre as gostas de chuva, sim? Muito agradecida! Vamos a mais um poema?
Deveria de ter vindo cá com antecedência falar-vos do desafio que hoje recomeça. Não consegui. Deveria ter vindo cá, falar-vos de como adorei ter pertencido ao desafio de escrita e de como me roubou horas de sono por ser boa portuguesa e deixar tudo para a última e depois estar bloqueada e nada sair durante horas a fio e acabar a escrever de madrugada. Deveria de ter vindo cá com antecedência dizer-vos como apesar de tudo isso, que gostei. Deveria. Mas não consegui. Tentei. Mas não consegui... Por isso o tema desta semana, deste recomeço não poderia ter sido melhor escolhido:
Acho que a coisa não vai correr bem
Apesar de bloqueada e sem tempo, No desafio dos pássaros decidi continuar. Por isso já imaginam... Como é que isto vai terminar.
Com textos sem cabeça nem pé, Sem fim, sem ponta ou ligação. A imitar a vida como ela é, Vai ser para aqui uma grande confusão.
Por isso a cantar vos digo, Acho que a coisa não vai correr bem, Mas com certeza confirmo. É melhor viver a tentar, do que viver sem.
Desistir pra Mula não é opção, Mesmo sem tempo, paciência ou coração. Por isso aqui vai mais um desafio, Que espero seguir de fio a pavio!
Bons textos maltinha. Choquem aí! [imaginar punho fechado e animado]
Rio feliz, com candura, e serenamente, Limpo as lágrimas e escondo o lenço, Escondendo no lenço a amargura, Que na alma se crava, de modo denso.
Porque de dia sou luz, sou alegria e multidão, Mas à noite sou sombra, sou tristeza e solidão! Porque de dia sou barulho, sou gente com esplendor. Mas à noite sou silêncio, sou vazio... Apenas dor!
Choro triste, sem pudor, mas ternamente, Escondo o sorriso envergonhado que à luz espreita, Escondendo no coração a alegria, Que na alma brota, de modo puro, tão perfeita.
Aceito-me. Não tenho de viver em contra-luz, Nem contra a luz, nem contra as sombras. Aceito os meus sorrisos e os meus olhos raiados. Aceito os dias felizes e os amargurados.
E o que seriam dos dias sem as noites? Ou então das sombras sem as luzes? Bem ou mal eu quero sentir, Nem que em mil pedaços me tenha de partir!
Mais uma semana, mais uma voltinha, mais um tema louco, e já sabem, quando a Mula não sabe muito bem como dar a volta ao texto... Vem poesia na certa. Parece que na poesia tudo faz sentido... Ou então não e só faz sentido na cabeça da Mula. Digam de vossa justiça.