O ano passado gente doida* uniu-se para me dar uma prenda de casamento e este ano, numa altura em que gastar dinheiro está complicado, foi altura de usar o voucher Fugas 2 noites da Odisseias.
Depois de termos tentado ir de fim-de-semana romântico em Novembro e a coisa não ter corrido bem, tentamos novamente uma escapadinha romântica, agora no Carnaval, que correu lindamente, tirando a chuva que foi demasiado constante e chata, mas que deu para descansar e desanuviar dos problemas. Já tínhamos querido usar os vouchers, mas tendo em conta que eram duas noites era complicado porque o Mulo só tem folgas ao sábado e ao domingo, e então teria de pedir férias para os usarmos. A altura chegou.
Estávamos a pensar ir até Óbidos, mas primeiro não conseguimos quarto nas noites que podíamos, em segundo, era bem capaz de existir Carnaval ali perto. Decidimos então um sítio mais escondido e sossegado no interior de Portugal e a nossa escolha foi Penedono e foi a primeira vez que dormimos num espaço de turismo rural. Estamos encantados.
Folheando os vouchers uma quinta em Penedono chamou-me a atenção, e foi assim que fizemos pela primeira vez turismo rural na Quinta da Picoila em Penedono.
Fomos em passeio, e já chegamos a Penedono de noite, reservamos o passeio para o dia seguinte. Levamos uma marmita e acabamos a almoçar com uma vista incrível em Portela do Gôve, em Baião. Seguimos a linha do Douro. e seguimos viagem Douro acima e Douro abaixo - ou quererei dizer antes Douro à esquerda, Douro à direita? Só há uma coisa que não consigo gostar nestas terras: as curvas; sou de estômago sensível, que fazer? - e após passarmos a Régua, São João da Pesqueira e outras terras encantadoras, chegamos finalmente a Penedono e à Quinta da Picoila onde passamos duas noites.
Lembram-se aqui que a minha mãe queria ir à Fraga das Ferraduras? Pois que nesse Natal ninguém me convenceu mais a sair de casa, mas uns anos mais tarde, na Páscoa de 2013, lá me convenceram a ir ver as Fragas das Ferraduras de Ribalonga situada em Carrazeda de Ansiães. Garantiram-me que era um caminho em terra batida perfeitamente circulável por estar identificada e ser um trilho reconhecido. Não me mentiram e apesar do mau tempo - fomos num dia lindo de chuva - foi um passeio muito bonito que ainda me valeram umas belas fotos.
- Pela direita é que é o caminho -
O trilho está integrado na Rede Municipal de Percursos Terrestres de Carrazeda de Ansiães e tem um total de 12,7 km. No entanto como estávamos em Ribalonga, só fizemos meio percurso, o mais bonito e mais natural: pelas matas e campos agrícolas.
- Rede Municipal de Percursos Terrestres de Carrazeda de Ansiães -
Logo no início do percurso, fizemos uma descoberta arqueológica... Mais tarde, porque encontramos outras, descobrimos que era só uma pegada da Laika, a cadela dos meus tios, que nos acompanhou toda a viagem.
- Pegada da Laika -
- Ribalonga -
Parecia que já tínhamos andado muito mas aqui era só o início de uma longa caminhada e ainda nem 500m tínhamos andado quando começou a chover. Mas claro que a chuva não nos deteve, só me alagou as botas, nada de mais.
- Felizmente todo o caminho era assim circulável -
A chuva até deu um ambiente mais bonito, e as fotos ficaram com umas cores incríveis, pelo que neste dia tirei as minhas duas fotografias favoritas desde sempre, a próxima é a primeira.
- Já vos tinha dito que adoro quedas de água, certo? -
Adoro quedas de água, e quando encontrei esta fiquei encantada. Nem imaginam o número de fotos que tirei a esta pequena queda de água: com arrasto, sem arrasto, mais escura, mais clara. Fiquei encantada. Só para o caso de as fotos à ida não terem ficado bem, à volta voltei a tirar mais umas quantas. Esta é a minha favorita.
E se a mini cascata não é suficiente para vos convencer, olhem só para a paisagem que nos acompanha em todo o percurso.
- Com um pouco de sol, não muito, teria ficado perfeita -
E porque acho que as imagens falam por si e não há nada que não vos faça querer conhecer a zona, está na altura de vos apresentar a Laika.
- A Laika à esquerda, e o seu amigo guardador de rebanhos à direita. -
- E os rebanhos que a Laika adora fazer correr. -
E finalmente chegamos. Onde estão as fragas afinal? O que são as fragas afinal?
- E toda a gente quer ver as fragas. -
A Fraga das Ferraduras de Ribalonga situa-se entre Ribalonga e a zona do cachão da Rapa, a norte do rio Douro. É um local arqueológico, com uma inscrição numa rocha em forma de ferradura e alguns cruciforme, referente a Júpiter e ao culto pagão. No fundo, e para quem como eu não percebe nada disto a não ser o que lhe contam, a Fraga das Ferraduras é uma rocha rabiscada, mas que se não vale pelas seus rabiscos, vale bem pelas vistas e pelo percurso em si.
- carreguem nas setas à direita para verem mais fotografias -
As fragas são os desenhos que se encontram nestas rochas com vista para o Douro, para os vales e montanhas. "Só isso Mula?" Só isto? Nem só de fragas se faz este percurso. Este percurso tem quedas de água, tem montes, tem rebanhos, tem belas paisagens, tem ar puro e acima de tudo oxigénio, coisa que cada vez há menos na cidade... Oxigénio. Mas sim, relativamente às fragas, é isto. Eu não percebo nada de arqueologia e não sou assim tão interessada, mas... Sou interessada em paisagens, em fotografia, em cores, e aqui tive tanto, mas tanto disso, que assim que tiver oportunidade tenciono repetir.
- As rochas que contêm as fragas, a desculpa para a caminhada -
E entrentando, eis que tiro a minha segunda fotografia favorita desde sempre. Claro que a Laika encharcada teria de fazer parte. Obrigada Laika por me teres deixado captar este fantástico momento.
- A Laika em cima das históricas Fragas das Ferraduras -
Tal como a Laika estávamos todos molhados, todos badalhocos, com os sapatos todos molhados e cheios de lama. Sujos mas felizes. Adorei esta caminhada apesar do tempo ter dificultado.
Digam lá que não tenho sorte de ter passado aqui uma grande parte da minha infância. Não tão aqui, que não sou assim tão velha histórica, mas aqui nesta terra.
Ribalonga é uma terra pequena, tem uma área de apenas 7,04 km² e de acordo com os Censos de 2011, 92 habitantes. Atualmente já não existe como freguesia, pertencendo agora à União das Freguesias de Castanheiro do Norte e Ribalonga. Uma boa altura para visitar esta terra é no dia 18 de Julho, dia da Festa de Santa Marinha, onde o andor da Santa lidera todo um desfile de andores belíssimos e bem decorados em sua honra. À noite, porque feta é feta, há música, pois claro.
Se algum dia tiverem oportunidade, visitem este pequeno tesouro escondido à beira do Rio Douro.
Tenho a dizer que independentemente da escola onde os meninos andem... É urgente que se ensine algumas coisas a estes pais! Nomeadamente... Como argumentar!