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Desabafos da Mula

Desabafos do quotidiano, por vezes irritados, por vezes enfadonhos, mas sempre desabafos.

Desabafos da Mula

Concertos com gente dentro #2 5 Tipos de Personagens

Há ano e meio falei-vos aqui de vários acontecimentos que nos concertos me causam urticária, claro está que foi um concerto de verão, concerto em pé, no meio da confusão, bilhetes baratos, gente que foi lá ver nem sabe muito bem porquê. Desta vez regresso a um concerto, desta vez de coliseu - curiosamente, uma vez mais Amor Electro - e continuo a perceber que há sempre estas personagens em cada concerto que vou.

 

 

1. As personagens famosas:

Já vos falei das personagens famosas aqui. As personagens famosas para onde quer que vão encontram sempre alguém conhecido... Nem que seja do outro lado do recinto, a centenas de metros de distância, escondidos por uma multidão. Então se olharmos em redor há sempre alguém assim:

 

 

Apesar de estar a acenar para uma multidão. O que fica esquisito, porque nunca sabemos muito bem se é para nós ou não, porque à distância não vemos assim tão bem e podemos não estar a reconhecer a pessoa, então fico sempre em dúvida se aceno de volta e passo por estúpida se não for para mim - ainda que a pessoa possa também nunca vir a perceber que era para ela - ou se passo por mal educada por fazer de conta que não estou a ver nada.

 

 

2. As personagens das palmas:

Há sempre alguém descoordenado a bater palmas. Sempre. Por mais esforçados que sejam, por mais amantes da banda que sejam. Há sempre alguém que não sabe bater palmas a pedido. Quando é suposto alguém bater coordenadamente, em uníssono ao ritmo da música assim:

 

 

Há sempre alguém altamente feliz em todos os concertos a bater assim, qual ataque cardíaco de felicidade:

 

 

Aqui ainda há uma variante. Há sempre uma personagem das palmas que após já toda a gente ter terminado de bater palmas que continua... e continua... e continua...

 

 

 

3. As personagens dos ritmos:

Há quem só abane o pezinho, há quem ainda só bata com a mãozinha suavemente na coxa, e depois há a personagem-pombo (EU), aquela que passa todo o concerto a abanar-se como se fosse, ora bem... Um pombo (eu, eu, eu!)

 

 

 

4. As personagens alta-voz:

Estas personagens, são nada mais nada menos, aquelas que acham que se berrarem com plenos pulmões, que o/a artista o vai ouvir. Há aqui um pormenor relevante: Este espécime não está perto do palco, por isso a probabilidade de o artista perceber efetivamente alguma coisa é... Como dizer-vos isto? Hmm... Zero! Pois!

 

 

5. As personagens playback

As personagens playback não são as personagens que cantam durante todo o concerto (EU, EU, EU), são sim, aquelas que mexem a boca ao som da música mas que se olharmos com atenção a boca e as palavras não estão articuladas, levando-me a acreditar que existe um mexer aleatório dos lábios. Normalmente estas personagens tendem inclusive a exagerar as expressões do rosto e os gestos para parecerem que conhecem verdadeiramente a música e a letra, mas eu continuo a achar que não fazem ideia do que está a ser cantado.

 

 

 

E é isto! Já tinham reparado nestes espécimes? Conhecem mais algum?

Que tipo de personagem são vocês? Contem-me tudo, não me mintam!

Diz-me com quem andas, dir-te-ei quem és.

Estou cada vez menos tolerante. Estou a precisar de umas férias a sério, daquelas longe daqui com direito a água de coco, espreguiçadeira e sol quentinho. Esta minha intolerância está a fazer com que veja as pessoas mais feias, mais irritantes, com que perca o encantamento pelo mundo e pela vida, e até pelos blogs. Por isso apetece-me destilar um pouco de veneno, apetece-me exorcizar os demónios para sorrir em modo cabra e ser feliz um bocadinho mais. Assim poupo os meus clientes ao sarcasmo. Mentira, eu nunca poupo os meus clientes ao sarcasmo. Mas eles adoram, porque não me conhecem e acham que estou a ser simpática. A-DO-RO. Nos blogs é igual, há quem mande à merdinha outras pessoas todos os dias, e essas outras pessoas, adoram ser mandadas à merdinha porque no fundo desconhecem que é para si. A-DO-RO! Não fosse assim, os meus dias seriam bem mais tristes.

 

Na vida, assim como nos blogs, existem diferentes tipos de pessoas. Não há pessoas melhores ou piores, porque não há pessoas perfeitas, mas há pessoas que me são mais intragáveis que outras, mas cada um é que sabe de si, não vejam isto como uma crítica, antes como uma constatação. Um perneta é um perneta, um maneta é um maneta, chamar perneta ou maneta alguém que efetivamente o é, não é insultar ninguém, é apenas constatar. Aqui é igual. Na vida, assim como nos blogs, existem pessoas capazes de me colocar os nervos em franja, quase a fazer sangue, de tanto me coçar, porque são chatas. No fundo porque eu sou insatisfeita e sofro dos nervos, toda a gente me causa urticária, no fundo, se eu tivesse essa categoria, eu faria parte daquele tipo de pessoas com a mania que tem mau feitio, só que tenho mesmo. No fundo as pessoas são nos blogs aquilo que são na vida, ou tentam ser nos blogs aquilo que não conseguiram ser na vida, o que no fundo é a mesma coisa. Ora então vejamos se concordam com as seguintes tipologias. Falarei sempre no feminino, mas referente ÀS pessoas, não ÀS mulheres, que isto, na vida assim como nos blogs, há gente boa e gente estranha em todos os sexos e eu não sou de descriminar, ou não tivesse eu uma grande e vasta formação de 18 horas em igualdade de género. Que diria a minha formadora de mim, se se lembrasse da minha pessoa, está claro.

 

"Ah e tal Mula, mas não és frontal e não sei que mais, porque não dizes diretamente às pessoas o que o são?" Em primeiro lugar este post não é uma indireta para ninguém em particular, falo das pessoas dos blogs, da mesma forma como me refiro às pessoas que comigo se cruzam na vida real, mas adaptadas aos blogs, em segundo lugar, porque só emito diretamente opinião quando me é pedida, em terceiro lugar porque não sou daquelas pessoas que os outros estão quietos e vou lá com o dedo indicador ao ombro, até fazer ferida, dizer "olha, olha, olha, olha, já olhaste? Adoro-te!" ou "olha, olha, olha, olha, já olhaste? Não gosto de ti!". Seja na vida, seja nos blogs, quando não gosto, afasto-me, dessubscrevo - mas esta palavra existe? - e quando gosto, sou chata que dói. No fundo sou uma gaja como outra qualquer, seja lá o que isso signifique.

 

Vamos lá? São 8 tipos de pessoas, estão preparados?

 

 

Hoje estou numa de psicanálise... parva, obviamente! #1

Tenho umas tantas frases e atitudes de clientes guardadas na memória, todas referentes aos produtos que vendo, mas... E se existir algum desejo latente de transpor os sentimentos para outros campos?

 

Seria algo deste género*. Ora vejamos:

 

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➷ "Apaixonei-me por este azulejo, vou deixar aqui de parte e vou dar mais uma volta a ver se gosto mais de outro, entretanto."

Verifico que esta cliente, pela forma como se expressa, tem uma certa dificuldade de se comprometer com algo para a vida. Fala assim do azulejo porque não dá jeito dizer isto aos homens: "gosto de ti, mas vou ver se encontro melhor, fica aí à minha espera para o caso de não encontrar mais nenhum que me agrade.". Conselho da Mula: Minha querida cliente, sempre me ensinaram que mais vale um pássaro na mão do que dois a voar e se eu estou disposta a guardar-lhe o azulejo por algumas horas - se for caso disso - a verdade é que há tanto peixe no mercado que os homens com as suas perninhas rápidas desaparecem que é um instante. Tenha cuidado.

 

➷ "Estou indecisa... Pode ajudar-me a escolher?"

São normalmente aquelas mulheres que não se comprometem com ninguém sem primeiro mostrar aos amigos e familiares para aprovação. Quando esses círculos próximos aprovam o moçoilo ou a moçoila, são pessoas extremamente decididas optando sempre pelo oposto. Ou seja, se eu digo que gosto mais do anel azul, a cliente acaba sempre a levar o amarelo, e o mesmo pode acontecer com os homens. Conselho da Mula: Caríssima, isso pode originar que alguém lhe fique com o outro homem que rejeitou e depois um dia vai querer regressar para ficar com o outro, mas o mesmo já não se encontra na loja, perdão, disponível.

 

➷ Aquelas que compram por impulso e no dia seguinte vêm trocar ou devolver.

Impeçam estas mulheres de viajar até Las Vegas, porque serão aquelas que conhecerão um gajo numa noite de copos e que casará com ele numa daquelas igrejas duvidosas e sem grande aparato. No dia seguinte irá acordar arrependida e provavelmente não se lembrará tão pouco do nome do marido. São pessoas muito impulsivas e nunca nos podemos fiar verdadeiramente nas suas ações porque rapidamente voltarão com a palavra atrás. Conselho da Mula: Dizem que devemos viver como se o mundo acabasse amanhã mas... A sério não é preciso exagerar. Qual é a probabilidade de acabar mesmo, amanhã?

 

➷ Aquelas que pedem: "Pode reservar-me que eu depois mais logo venho buscar?", mas nunca voltam.

São totalmente o oposto das mulheres anteriores. Têm medo de se precipitar e vão dando as chamadas falsas esperanças para se irem mantendo no mercado e escolherem bem o que pretendem, partilham com as primeiras o medo do compromisso e raramente se chegam verdadeiramente a comprometer. O medo de saírem magoadas fala mais alto e não avançam nas relações. Conselho da Mula: As relações são fodidas. São, efetivamente são. Mas é como as quedas: não passa do chão. Se se magoar, tem dois trabalhos: o de se magoar e o de se curar, mas a vida continua. Não vale a pena sofrer por antecipação, atire-se e goze a vida.

 

 

 

Brevemente há mais...

 

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* Por uma questão prática tive apenas as mulheres em conta neste estudo profundíssimo, já que a cabeça dos homens é ... meia oca, por assim dizer sem ferir grandes suscetibilidades.

Prédios com pessoas dentro # Cinco tipos de vizinhos

Infelizmente temos de viver em sociedade, dizem. E isso, na maior parte do tempo, implica a convivência com pessoas diferentes, que nos podem agradar ou não. Já pensei em isolar-me e viver no meio das montanhas, mas avessa como sou à bicharada, acho que prefiro sacrificar a minha paciência com as pessoas do que ser comida por bichos. Parece-me um sacrifício mais aceitável.

 

Vivi até aos 20 anos com os pais, e com isso tinha apenas 4 vizinhos significativos: um de cada lado e dois à frente, basicamente era isto. Mas desde que vivo em apartamento esses 4 vizinhos são só no mesmo piso, multipliquemos agora isso pelos restantes andares. Desde que eu e o Mulo estamos a viver juntos já passamos por quatro casas - e agora de acordo com o nosso banco ficaremos nesta pelos próximos 45 anos, poucochinhos anos, portanto - e por isso acho que a experiência me permite classificar os diferentes tipos de vizinhos em cinco categorias diferentes. Pessoas normais não serão contempladas nesta categorização devido ao aborrecimento do que é ordinário.

 

O sociável

 

 

É, já foi, ou sonha vir a ser, o administrador do condomínio. Apresenta-se aos novos inquilinos do prédio, descreve os feitios dos vários vizinhos com que temos de conviver, conta-nos o essencial sobre os indivíduos do nosso piso - incluindo que se separou à pouco e que está um bocado deprimido e que por isso ouve música clássica das 9h às 21h todos os fins-de-semana - e faz-nos uma nada breve descrição das manhas do prédio - como abrir o portão manualmente em caso de avaria do sistema, como aceder ao quadro electrico da garagem -, das plantas dos jardins, e de como proceder para sermos todos uma família unida e feliz. Normalmente fala durante 3 horas seguidas e se souber que temos algum problema em casa, oferece-se para chamar um dos seus quinhentos amigos para resolver. São normalmente o jornal do prédio e conhecem a vida de toda a gente. Normalmente eu e o Mulo fugimos deste espécie-me como o diabo foge da cruz.

 

 

O odiado

 

 

Sonha ser o administrador do condomínio, mas nunca o virá a ser. O odiado faz por estar presente em todas as reuniões de condomínio e é o que normalmente está sempre do contra vetando todas as decisões. Tem um pequeno grupo de vizinhos seus aliados, que se colocam em posições estratégicas nas reuniões de forma a conseguirem levar a sua avante. Danifica - ou pode danificar - aparelhos no prédio, suja a entrada tanto quando pode de modo a manter os seus argumentos contra o administrador do condomínio - que é normalmente o seu maior rival - válidos. Diz bom dia, boa tarde e boa noite a todos de modo mais ou menos arrogante e cria pequenos conflitos com o intuito de perturbar a paz entre todos. Não raras vezes tem um ambiente familiar pouco agradável ouvindo-se discussões no interior das suas paredes porque queria peixe para o jantar e a mulher pôs-lhe à frente arroz de pato com queijo azul. Eu e o Mulo divertimo-nos muito com este espécie-me nas reuniões de condomínio e consideramos por isso um importante elemento na animação do prédio.

 

 

O festivaleiro

 

Todos os dias são dias de festa para o festivaleiro e por isso nunca se sabe ao certo quantas pessoas moram lá em casa. É caracterizado pela música alta a qualquer hora do dia, e da noite. Ela de saltos altos para trás e para a frente todo o dia - e toda a noite -, ele de botas de biqueira d'aço e pé pesado, a criança... Qual cavalo num espetáculo de equitação. Tem muitos amigos e todos os dias há jantaradas lá em casa noite dentro. No corredor junto à sua casa não raras vezes apresenta um odor de chouriço acabado de assar e batatas fritas. É o verdadeiro terror para qualquer idoso que se deite às 19h ou para qualquer pessoa, mesmo aquelas que se deitam às 2h da manhã. O barulho é constante. Foi o vizinho responsável pela nossa saída da casa número 1.

 

 

O fantasma

 

 

Somos nós. Somos aqueles vizinhos que tentam socializar o mínimo possível, aqueles que apagam as luzes e tiram o som da televisão sempre que alguém nos toca à porta  ao estilo não está ninguém em casa. Que empata tempo no carro para não dividir o elevador com os estranhos e serem obrigados a fazer conversa. No fundo, o fantasma - nós - é aquele vizinho que ninguém conhece, que ninguém sabe qual é. Quando o fantasma vai às reuniões de condomínio concorda com tudo para não chamar a atenção, encosta-se a um canto para ninguém o ver. Prefere tratar dos assuntos com o administrador via e-mail.

 

 

A gaja boa

Toda a gente tem uma gaja boa no seu prédio, apesar de ainda não ter descoberto a minha, no meu atual poiso - até agora só vi vizinhas de crocs e leggins de mau gosto com as nádegas a querer saltar do pano a qualquer momento - sei que ela deve existir algures. Completamente contrária ao vizinho fantasma é a vizinha que toda a gente conhece, que toda a gente sabe quem é - menos os vizinhos fantasmas, porque não comunicam com ninguém. À gaja boa tudo é permitido: não segurar a porta para o vizinho que está a aproximar-se, entrar; despir-se de janelas abertas ou na varanda; não apanhar o cocó que o seu lulu deixou à entrada do prédio ou no jardim, enfim, é permitido à gaja boa uma panóplia de ações que ao comum mortal origina uma queixa no condomínio, incluindo música alta, já que os homens não raras vezes imaginam que esta se bamboleia num varão no meio da sala em vez de limpar a casa de banho como uma fêmea comum. Nas reuniões de condomínio apresenta um ar bastante inteligente mas raramente emite opinião. Distrai por vezes o administrador e acalma o odiado.

 

E pronto, é isto de acordo com a minha experiência e perspetiva. Têm mais alguma categoria a acrescentar?

Nove tipos [que afinal são 10] de pessoas nos ginásios #2

Certamente recordar-se-ão deste post sobre ginásios com gente dentro, onde eu dei conta da existência de nove tipos de pessoas nos ginásios. Claro que, estas categorias não são estanques e existe uma grande diversidade humana que não é passível de colocar em caixinhas e dar-lhes uma categorias chave.

 

No entanto, senti que negligenciei um grande número de pessoas...

 

Primeiro foi a Maria que se sentiu descategorizada na minha profunda investigação, depois a Magda e a Ana Rita também se sentiram descriminadas, e eu cá não gosto de colocar ninguém de parte e apesar de não ser minha intenção inicial colocar as pessoas em caixinhas... Reconheço que falta nesta avaliação humana de frequentadores de ginásios, a maior categoria, aquela que englobará certamente mais de 90% da população, e aquela que a Mula também pertence quando não é a gordinha optimista do ginásio. Falo assim da categoria das... 

 

Ginastas Passivas*

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As ginastas passivas são as que não frequentam os ginásios, mas que ganham a qualquer pessoa na arte de mais rápido virar a página do livro, e/ou de mudar de canal de televisão. Os músculos mais desenvolvidos são os músculos dos dedos e também os músculos dos pés, uma vez que fazem com frequência grandes maratonas até ao frigorífico e até aos armários da cozinha, em busca de doces e hidratos escondidos. O mais próximo que estiveram de fazer dieta foi quando apanharam uma intoxicação alimentar à custa dos ovos caseiros da vizinha, e são caracterizadas por serem extremamente sociáveis e pelas largas horas à volta da mesa com familiares e amigos.

 

Aquelas que não engordam são as chamadas de abençoadas pela genética e invejadas por todos, as que não têm essa sorte, amaldiçoam quem a tem e culpam o metabolismo do seu excesso de peso.

 

*Também existente no sexo masculino, exactamente com as mesmas características, mas normalmente não folheiam livros apesar da barriguinha de cerveja poder ser um óptimo apoio de livros.

 

Vê os outros Nove Tipos de Pessoas nos ginásios aqui.

Ginásios com gente dentro #3 Nove Tipos de Pessoas nos ginásios

 

Tenho uma vastíssima experiência no mundo dos ginásios e possuo algumas conclusões acerca dos diferentes tipos de pessoas que os frequentam. Bem... Não propriamente... Só conheci dois, mas as pessoas não variam assim tanto, por isso creio que estas duas experiências são suficientes para este estudo aprofundadíssimo. Ora comparem com os vossos, e vejam se não é verdade.

 

Nove tipos de pessoas nos ginásios

 

 

As desocupadas

São vistas no ginásio a qualquer hora do dia e da noite. Usam macacões muito coloridos, ou calções e tops muito curtos. Raramente são vistas nas máquinas, ou a fazerem o que quer que seja. Para além de seguirem os professores da sala para todo o lado, para se certificarem que os seus colarinhos estão sempre bem arranjados, competem diariamente pelo lugar de "namoradinhas" dos ginásios de Portugal. O músculo mais treinado é a língua, mas também não precisam de treinar mais nenhum, porque normalmente este espécime é possuidor de uma genética exemplar.

 

 

Os bichos

 

Estes creio que dispensam quaisquer apresentações. Muito fácil de os distinguir no meio de uma multidão, fazem as delícias das meninas lá em casa, uma vez que não terão nunca problemas com aberturas dos frascos de mel e de compota. Os braços não se unem ao tronco, usam t-shirts cavadas com decote até ao umbigo e não raras vezes são possuidores de diversas tatuagens, entre elas, caveiras, "amor de mãe" e vários nomes - provavelmente das ex-namoradas - escondidos debaixo de novas tatuagens mais coloridas. No ginásio nunca saem da ala das máquinas de pesos, e treinam quase exclusivamente braços. É habitual terem um corpo em ascendência: pernas muito fininhas, ombros muito largos. Adoram espelhos e dificilmente treinam sem se admirarem, nos entretantos. Treinam 7 dias por semana, várias horas por dia.

 

 

As gordinhas optimistas

Categoria em que a Mula se insere, pois claro. As gordinhas optimistas, acreditam que basta colocar umas leggins todas estilosas e um top todo colorido, ir uma vez por semana ao ginásio e beber muita água enquanto treinam para acharem que são fit, e que o milagre da eliminação de gordura via aérea e sem esforço vai acontecer. Adiam constantemente as consultas de nutrição, por acharem que "a partir de agora é que vai ser..." [só que nunca é] e raramente são avistadas a comunicar com alguém, porque como raramente lá põe os pés, nunca conhecem ninguém. Usam as máquinas quase na intensidade zero, e correr na passadeira é simplesmente impossível, uma vez que cinco passos depois, já estão com os bofes de fora.

 

 

Os ambiciosos

Encontramos este espécime, normalmente do sexo masculino, junto às máquinas mais pesadas, ou seja, são, no ginásio, os vizinhos do bicho. São, normalmente, constituídos por pele e osso, e também algum - pouco - pelo, e ambicionam ser iguais ao seu vizinho. Possuem desde o início ao fim do treino uma cara de sofrimento, usam t-shirts o mais tapadas possíveis para que não se perceba a falta de evolução muscular, e teme-se que uma veia - ou músculo - vá rebentar a qualquer momento, por estarem a levantar mais peso do que o que lhe foi aconselhado nas consultas de treino personalizado. Normalmente são sossegados, e focados no treino, são viciado em Whey Protein para ver se têm  resultados mais rápidos. Treinam duas a três vezes por semana.

 

 

As sociáveis

Muito semelhantes às desocupadas, as sociáveis conversam mais do que treinam, só que contrariamente às primeiras, conversam muito porque têm muitas amigas no ginásio e em vez de treinarem vão colocando a conversa em dia enquanto a parceira - ou o parceiro - vai treinando. São, por isso, fãs do sistema de treino alternado e do plano de treino partilhado - uma vez que fazem sempre o que as amigas estão a fazer. São espécimes normalmente de meia idade, entre os 45 e os 60 anos, sempre muito sorridentes e raramente se lhes vê pinga de suor. Explicam constantemente às amigas como é que as máquinas funcionam e dão frequentemente sugestões de chás e mezinhas milagrosas para aquela gordurinha que teima em não desaparecer. Não se percebe quantos dias por semana treinam, porque não se percebe se quer, que treinem.

 

 

Os grunhidores

Muito semelhantes aos bichos, os grunhidores estão na área de levantamento de pesos, e tal como o nome indica, grunhem mais do que o que treinam. Julgam-se mais bichos do que o que são e,  normalmente,  usam pesos demasiado pesados para o seu corpo e enquanto levantam, vão fazendo caras feias, qual culturistas em competição. Tal como os bichos, o narcisismo é algo que lhes é característico e aumentam o grunhido sempre que uma moçoila jeitosa passa, para ver se esta repara como ele é forte e poderoso. Treinam 7 dias por semana, quando possível.

 

 

As exibicionistas

As exibicionistas são os bichos em versão fêmea. Normalmente têm um corpo demasiado tonificado que mostram com todo o orgulho. Não usam, por isso mesmo, roupa... Basicamente usam uma lingerie desportiva e pavoneiam-se entre as máquinas suadas, e à semelhança dos grunhidores, também estas grunhem mais do que o suposto, em grunhidos que se assemelham a verdadeiros orgasmos. São as que mais criticam as gordinhas e a falta de vontade destas e são o verdadeiro exemplo do "ser fit". Alimentam-se à base de barritas de cereais e proteína, têm um rabo e pernas maiores que o normal, e se tivessem barba, algumas delas poderiam ainda ser confundidas com homens. Treinam 6 dias por semana, dizem as revistas de fitness que um dia deve ser de descanso e de refeição do lixo.

 

 

As auleiras

Normalmente são pessoas do sexo feminino, das mais variadas idades, que nunca viram a ala de treino do ginásio, nunca foram à elíptica ou à passadeira e desconhecem que existem tantas máquinas diferentes para tonificar pernas e braços. As auleiras, não saem de casa sem saber que aulas é que vão ser dadas e a que horas e quando entram no ginásio, mesmo antes de estarem equipadas, vão directamente à máquina tirar a senha para a aula para reservarem o seu lugar. De pilates a zumba, de power jump a step, as auleiras fazem exclusivamente treinos de grupo. Conhecem as coreografias todas e perguntam com alguma frequência quando é que aquele treino vai ser alterado. Usam, não raras vezes, meias estranhas nos pés - também chamadas de caneleiras - que fazem lembrar verdadeiras ginastas. Raramente vão para aulas de cara lavada - pelo menos o batonzinho têm de ter - e demonstram grande confiança com os professores da sala. Fazem sempre as mesmas aulas à mesma hora, e têm por isso dias fixos de treino, que podem variar entre 3 a 4 dias.

 

 

Os/as saudáveis

Treinam habitualmente antes de irem trabalhar, ou então, treinam à hora do almoço. Os saudáveis levam uma vida balanceada. Comem francesinhas, gomas, e bebem refrigerantes e vão ao ginásio apenas 1 hora por dia, duas a três vezes por semana, apenas para manterem o peso. Basicamente focam-se na ala de treino cardiovascular, bebem bastante água, usam roupa discreta, e raramente são avistados a conversar com alguém porque estão sem tempo, e têm toda a sua vida fora do ginásio. São preocupados com a alimentação, mas não entram em exageros. Treinam 2 vezes por semana, se for possível.

 

 

Concordam? Sim? Não? Talvez? Que tipo de pessoa de ginásio são?

Resposta correcta à curta do dia:

O turista brasileiro, tem uma particularidade que o caracteriza enquanto comprador de souvenir. Enquanto o turista comum, compra alguns souvenirs para si, e eventualmente uma caneca para o pai ou para a mãe, ou uma lembrança para os filhos, o turista brasileiro, compra presentes para todos os seus amigos e conhecidos, e tal como no Natal, anda com uma lista com os nomes das pessoas a quem irá oferecer presentes. Assim, à medida que vai colocando os produtos no balcão, vai riscando o nome da pessoa para a qual já comprou, dando um sorriso aliviado.

 

Costumam, muito frequentemente, também desabafar connosco que as pessoas reclamam se não receberem presentes, mas que isso no próximo ano terá de acabar porque não têm dinheiro para andar a gastar com os outros. O próximo ano, é como as segundas-feiras das dietas, nunca chega, e já aconteceu atendermos os mesmos clientes um ano depois, com as mesmas lamentações!

 

Ora portanto, o turista "normal", anda descontraído na loja a ver o que tem e se encontrar alguma coisa que gosta compra, se não encontrar não compra, o turista brasileiro sente-se martirizado com as compras:

 

 - Nossa, José, eu não encontro nada para dar pra Marineid... Pronto, vai mesmo isso aqui!

- Você acha que ela vai gostar?

- Eh... eu não sei! Mas tenho que dar alguma coisa! Que se não ela vai reclamar!

- Então e pra professora do Bruno, você já comprou?

- Ah pois é, também tem que dar pra professora!

 

Nota-se um sofrimento no olhar, um corpo pesaroso de umas férias quase perfeitas! Mas talvez eles estejam certos, e para o ano seja diferente!

Quando as conversas dos outros originam um post.

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Um momento da vossa atenção, por favor, solicitam-se opiniões sim?

 

Sou uma pessoa naturalmente curiosa - no sentido que me interesso por tantos e diferentes temas -, contrariamente, não sou uma pessoa muito "cusca" - no sentido em que as vidas alheias não me interessam mais que a minha própria vida. Vejo à minha volta pessoas a pararem tudo o que estão a fazer para ouvirem as conversas dos outros, ouço histórias de pessoas que colocam copos nas paredes para ouvir as conversas dos outros, e para além de não ser assim, acho estas situações ridículas, típicas de quem não tem uma vida suficientemente interessante para se ocuparem unicamente das suas vidas.

 

Tudo isto para vos explicar que não planeei ouvir a conversa que se seguirá, mas tão pouco tive como evitar. No entanto, o tema pareceu-me interessante e realmente complexo. Gostaria de ter uma opinião vossa, se não for muita maçada.

 

Então aqui vai. 

 

Duas senhoras conversavam entre si - como quem declama para uma plateia enorme sem microfone, na realidade - e uma das senhoras referia estar chocada com um convite para umas bodas de prata, pois tinha-lhe sido indicado que cada convidado pagaria a sua cota-parte no restaurante, onde seria realizada a comemoração. Tendo em conta a idade da senhora - que deveria rondar os 50 anos - vem, sem dúvida, do tempo em que as pessoas iam a festas de aniversário pagas pelo aniversariante, do tempo em que "quem convida paga" era lema.

 

No entanto, é inegável que os tempos mudaram, e é habitual os convidados pagarem o que consomem quando são convidados para festas de aniversário e até, por vezes, nos jantares organizados pelas empresas. Nos casamentos a situação é um pouco diferente, está instituído que os convidados deverão oferecer uma prenda aos noivos - prenda essa que poderá pagar ou não o seu lugar no casamento - e ainda que seja do conhecimento público que os noivos preferem dinheiro para ajudar a repor o rombo às poupanças após o enlace, há sempre convidados que optam por oferecer uma prenda em vez do tão desejado pilim. 

 

Assim, gostaria de vos questionar até que ponto é válido alguém convidar os outros para uma festa/celebração e pedir aos convidados que paguem pela respectiva celebração. A minha opinião - ainda que não seja muito vincada - é que considero normal a existência deste pedido, e nunca me ofendeu pagar por ir a um casamento e/ou aniversário, já aconteceu inclusive ir jantar a casa de amigos e cada um levar uma contribuição para esse jantar - monetária ou em géneros.

 

Deste modo, não me causa mossa pagar por algo que vou ser eu a consumir, e acho que todos ajudando não custa tanto. Por outro lado, quando nos referimos a um aniversário, casamento ou bodas, será - digo eu, que não percebo nada disto - do interesse do aniversariante/noivos/afins realizar a festa, e não será injusto arcarem com os custos...

 

Estou efectivamente dividida!

 

Então resumindo, pergunto-vos: Quem deve pagar? Nós, ou os que realizam as celebrações?

Tipos de Turistas

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Fez esta semana dois anos que aturo turistas.

 

Sabem o que é um turista? Um turista é aquela espécie humana que pode andar - não é obrigatório - com uma mochila às costas e máquina fotográfica na mão, mas que anda sempre com um ar feliz, de sorriso no rosto. Anda normalmente descontraído, nem sempre bem vestido e por vezes até um pouco despenteado, essencialmente se for no verão.

 

Com o crescente aumento do turismo no Porto, considerei importante "falar" sobre isto e então decidi catalogar os turistas de acordo com a minha experiência no ramo. Importa ainda referir que trabalho numa loja e como tal a minha experiência resume-se apenas à observação dos clientes no que toca a venda e observação de artigos de artesanato e compra de souvenirs. Pode não parecer lá grande experiência, mas é da que disponho e eu sempre ouvi dizer: "Quem dá aquilo que tem, a mais não é obrigado."

 

Desabafos do quotidiano, por vezes irritados, por vezes enfadonhos, mas sempre desabafos. Mais do que um blog, são pedaços de uma vida.