Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Desabafos da Mula

Desabafos do quotidiano, por vezes irritados, por vezes enfadonhos, mas sempre desabafos.

Desabafos da Mula

O que nunca contamos acerca das viagens #2

Em 2017 já tinha dado umas pinceladas sobre coisas que nunca nos contam sobre as viagens que fazemos, até porque normalmente os percalços que existem não superam o bem que as viagens nos fazem pelo que é fácil relativizar e esquecer.

 

Mas porque a vossa Mula gosta sempre de dar uma imagem abrangente de tudo, conta-vos o último percalço que aconteceu na última viagem que fiz a Málaga, no mês passado, que alguns de vocês acompanharam na nova conta de Instagram da Mula, que espero que já estejam a seguir - imaginem a vossa Mula com olhos à Gato das Botas a fazer beicinho!

 

Capture.PNG

 

Cheguei a Málaga de manhã, de avião, e o check in era apenas a partir das 15h00, para não andar feita caracol de mochila às costas até porque estava bastante calor - apanhamos temperaturas na ordem dos 20ºC - deixamos as malas num cacifo que encontramos na cidade e fomos fazer a nossa vida e partir à descoberta.

 

Ao final do dia, fomos buscar as nossas malas e fomos para o alojamento. Como éramos três e como não queríamos andar à noite na rua, porque tínhamos visto que as noites estavam bastante frias, acabei por reservar uma espécie de apartamento - na realidade era uma mini casinha térrea dentro de um condomínio fechado, no centro histórico, para podermos fazer refeições também no alojamento, tornando assim a viagem também menos dispendiosa, que isto de viajar é muito bonito mas gastamos muitas das vezes mais do que a conta, há que ter em atenção todos os pormenores.

 

Chegamos ao alojamento já passavam mais de duas horas desde que poderíamos fazer o check in. Abro a porta do alojamento e... o choque!

 

A tragédia, o drama, o horror: O alojamento não tinha sido limpo. 

 

O cenário quando abrimos a porta foi um sofá-cama desfeito com os lençóis dos anteriores hóspedes, a cama de casal desfeita, com obviamente os lençóis utilizados, e as toalhas na casa de banho sujas também!

 

Primeiro, o pânico: E agora? Não tínhamos tido contacto com ninguém, a chave era deixada num cofrinho com código à porta do alojamento.

 

Segundo, a reação: Ligo para o proprietário. O número não estava disponível. Mando mensagem pelo Whatsapp com fotos, as mensagens não estão a ser entregues. Próximo passo? Procurar lençóis e toalhas lavadas no roupeiro. Nada! Ligo para o Booking para efetuar a reclamação e para que eles tentassem chegar ao contacto com o proprietário. Pediram-me 24 horas para resolver a situação pois também não o estavam a conseguir contactar.

 

Terceiro, a resignação: Não sabíamos como, ainda, mas teríamos de ali passar a noite. A vossa Mula não é de bloquear, pelo que tratou logo de resolver a situação e verifiquei que a máquina de levar do alojamento também era de secar pelo que colocou logo tudo a lavar, teríamos "só" de esperar 7 horas para termos toalhas e lençóis limpos. Entretanto também existiam produtos de limpeza pelo que tratei logo de desinfetar todo o alojamento, ainda que, deixem-me já vos dizer que os anteriores clientes eram extremamente limpos - ou limparam a casa antes de ir, não sei - porque se não fossem os lençóis e as tolhas eu não diria que por ali teria passado alguém. Estava tudo aparentemente impecável e nem um único cabelo no chão, mesmo na casa de banho - e pelo que percebi pela conta da Netflix que lá tinha ficado deixada, deveria de ser um casal com dois filhos.

 

Quarto, a maestria:  De tanto andar às voltas na casa para acalmar o nervoso, percebi que a cama era um sommier, e chamou-me a atenção o facto de ter um aloquete. Na minha mente estava ali tudo, lençóis, toalhas, loiça... Sentei-me no chão e pus-me a rodar o código do aloquete, que definitivamente não era dos mais seguros que eu já tinha visto - até o meu fraquinho do ginásio tem mais qualidade que aquele. Ao rodar os primeiros números, devagarinho, senti uma espécie de vibração quando chegou ao número 6. Hmm.... Será? Passei para o segundo número, e voltei a sentir uma vibração quando chegou ao segundo 6, e uma terceira vibração quando chegou ao terceiro número 6. O aloquete abriu. A sério? O número da besta? Realmente senti que aquele proprietário era besta, fazia sentido. A minha intuição não me falhou, ali estava tudo, lençóis, toalhas, gel de banho, produtos de limpeza... Tudo o que poderiam imaginar. Já não precisava de esperar que a máquina acabasse de lavar e de secar. Fizemos as camas, deixei tudo direitinho, voltei a fechar o aloquete e aterramos no sofá.

 

Ao fim de algumas horas, após o alojamento estar limpo e imaculado, o proprietário finalmente responde às mensagem com um simples "Ya veo, hable con Booking para que le cancelen sin cargos". O quê? Depois do trabalho todo que tive queria que eu cancelasse a reserva? Claro que não! Liguei logo com o homem, disse-lhe que não ia cancelar porra nenhuma que já tinha limpo tudo, posto a máquina a lavar, que era de noite, que estava cansada e que dali já não saía. Ficou chocado por ter limpo tudo, e prontificou-se a levar logo lá lençóis e toalhas - que obviamente não lhe disse que lhe tinha assaltado o sommier. Pronto, foram lá umas pessoas entregar-me novos lençóis e toalhas que guardei direitinho no sommier, novamente, e prossegui com a minha vida. Prossegui, obviamente, na mesma com a reclamação do Booking - que indicou que como a situação fora resolvida que não haveria lugar a qualquer compensação - e reclamação do alojamento, apenas pela atitude.

 

O que me chateou verdadeiramente não foi o alojamento sem limpeza, porque já se sabe que nem todas as pessoas são confiáveis e aparentemente o que aconteceu foi que a pessoa da limpeza faltou e não avisou. O que me chateou foi alguém ter um negócio e estar-se a marimbar para ele, foi o facto do proprietário não estar contactável, apesar de saber que iria ter entrada de hóspedes. Foi terem-me garantido que iriam no dia seguinte fazer na mesma a limpeza deles - apesar de eu ter dito que não era necessário, mas eles terem insistido, ao que eu disse no meu melhor espanhol, "claro, muchas gracias!" - e ninguém mais lá ter ido. Achei a atitude miserável, pelo que sim, procedi com a reclamação pública no site do Booking, para além de que a casa era para 4 pessoas e tinha de se aguardar 1 hora entre banhos que a água da caldeira mal era suficiente para um só banho. 

 

Mas prontos, a modos que percalços à parte, aproveitei imenso a viagem, molhei os pés na água do mar, estendi-me na areia, comi coisas boas e desconectei do meu anterior emprego para começar em grande e com disponibilidade espiritual e mental para o novo. Hoje olho para este percalço como uma história para contar aos netos, aos amigos e a vocês, porque já se sabe que uma vida rica, é uma vida cheia de histórias! À parte de tudo isto continuo a sentir Málaga como a minha casa, é incrível o quão bem eu me sinto nesta cidade que não perde o encanto, nem no Inverno! Se quiserem ver o que podem encontrar em Málaga, espreitem aqui.

 

E a vocês, já vos aconteceu algo semelhante?

O lado B da viagem a Marraquexe

B de Bom

1668687742762.jpg

Mula no Ben Youssef Madrasa

 

Porque há sempre dois lados de uma mesma história, nem tudo foram espinhos na viagem a Marraquexe. Enquanto não saí do hotel estive bem! Brincadeira. Mas não, nem tudo foram espinhos na viagem a Marraquexe. Vi coisas lindíssimas, comi coisas boas, os virgin mojitos ao pôr do sol eram deliciosos, ainda que teria agradecido um pouco mais de álcool e pelo caminho também encontrei gente simpática e hospitaleira.

 

O pôr do sol de Marraquexe foi dos mais bonitos que já vi, independentemente do ponto de onde o víamos. As cores, foram sempre incríveis. Era mágico, e quando penso em Marraquexe, a primeira imagem que me vem à cabeça - a seguir àquela em que eu andava toda tapada dos pés à cabeça - são as cores da cidade ao pôr do sol.

 

À esquerda o pôr do sol na esplanada do quarto do hotel La Maison des Oliviers e à direita Virgin mojitos ao pôr do sol na esplanada do Café France, o tal sem multibanco

 

Cheguei a Marraquexe e a primeira noite foi passada num hotel incrível - mas afastado do centro -, com uma piscina incrível, com comida também bastante apetitosa - tirando um couscous que eu pedi para provar algo verdadeiramente típico e que rapidamente me arrependi porque não consegui comer - e com um serviço bastante bom. Aqui, neste primeiro dia, não me apercebi de que álcool era uma coisa difícil de encontrar, e desfrutei de uns bons mojitos junto à piscina tranquilamente com zero ansiedade.

 

1668687742534.jpg

La Maison des Oliviers

 

O La Maison des Oliviers é incrível à noite ou de dia ao sol

 

Há álcool em Marrocos, escondido, mas há!

 

Screenshot_3.png

O couscous que ficou cá todo praticamente... Não fiquei fã!

 

O pequeno almoço era bastante variado, até nas formigas como já vos tinha dito, mas como em Roma sê romano, eu comi tudo e mais que houvesse que a fome no dia seguinte era imensa - já que o couscous que eu não comi foi ao jantar.

 

Pequeno almoço no La Maison des Oliviers e o famoso chá de menta marroquino

 

Algo que percebi desde o primeiro dia, é que a pastelaria marroquina é muito boa. As sobremesas foram sempre muito boas. Um jogo de sabores intensos, tal como eu gosto.

 

Tentei provar o máximo de doces variados que encontrei e posso já dizer-vos que até a massa dos crepes e das panquecas é diferente. 

 

Já de salgados... fiz sempre escolhas seguras, que o couscous não comido ficou demasiado presente na minha vida, assim de mais típico apenas comi ovos berberes - à esquerda - e as espetadas de frango estilizadas - que as originais não são assim, mas também provei as originais e prefiro muito mais estas com molho barbacue,

 

Aqui no hotel, fiquei agradavelmente surpreendida. Tinha trazido uns biquínis mais tapados - não queria chocar ninguém... - mas a malta estava lá completamente à vontade a desfrutar do sol e dos quase 40ºC com biquínis reduzidos e não senti qualquer olhar ou desconforto por parte do pessoal do hotel, que foram sempre simpáticos e atenciosos.

 

1668687742431.jpg

Mula junto à fantástica piscina no Hotel La Maison des Oliviers

 

Depois da primeira noite fantástica, fomos então para o nosso Riad na Medina. Solicitamos transfer no hotel e lá fomos nós. E foi aqui que eu percebi que Marraquexe não era  bem desfrutar de mojitos alcoólicos à beira da piscina sob 40ºC. O nosso motorista, perante o excessivo e caótico trânsito, decidiu deixar-nos uma praça antes do suposto, mas felizmente a dona do Riad veio ao nosso encontro. Uma senhora francesa muito amorosa que nos levou por entre a labiríntica Medina até à casa que iria ser "nossa" nos próximos dias. Foi aqui que eu comecei a temer pela vida. Motas. Muitas motas. Carroças, carros, motas todos a passar ao mesmo tempo na via, em contra mão, quase contra as pessoas, quase contra mim, por diversas vezes. Foram uns 5 minutos a pé que me pareceram 5 horas, confesso. Sobrevivi. 

 

Screenshot_13.png

Mula na praça Jemaa-el-Fna

 

Como passávamos uma parte do dia... O melhor dos meus dias confesso!


Pedimos um mapa lá no Riad, pedimos conselhos à Yolande - a senhora francesa do Riad - e lá fomos para o centro, que estávamos cheias de fome.

 

DICA DE OURO: Como não tinha dados móveis - que o roaming é caríssimo, e eu já nem me lembrava que existia roaming... - antecipadamente descarreguei o mapa de Marraquexe no google maps, porque uma das coisas que eu li em todas as pesquisas sobre a cidade é que era um labirinto autêntico e que se pedíssemos informações ou direções, teríamos de pagar para as obter. Assim, sempre que estava num sítio com wi-fi, eu traçava o percurso no maps, mas se por acaso precisasse de utilizar o gps e não tivesse internet, o maps permitia navegação - mais complicada de interpretar, bastante mais complicada de interpretar porque não dá direções, mas deu perfeitamente para nos orientarmos. Por isso, sempre que viajarem para um país que tenham roaming, descarreguem antecipadamente os mapas que vão precisar para se orientarem. Posso dizer-vos que nunca regressei ao Riad sem GPS, que claramente nunca iria dar com ele que as ruas para mim eram todas iguais.

 

1668687742875.jpg

Praça Jemaa-el-Fna

 

Como já tínhamos feito o trabalho de casa, vimos onde queríamos almoçar e lá fomos. Chegamos à praça mais famosa de Marraquexe, a Jemaa-el-Fna onde se localizava o restaurante e vi logo um macaquinho com trela a fazer peripécias para os turísticas que me revoltou as entranhas... Ai desculpem, é só para falar das coisas boas. Perdão, retomando. Almoçamos e fomos ao Museu Ben Youssef Madrasa - que para quem não sabe é a maior madraça - escola muçulmana de ensino superior especializada em estudos religiosos - de Marrocos. É incrível! As cores... A arquitetura!... É um edifício imponente e foi também aquele que mais gostei de toda a viagem, daquilo que visitei, que obviamente não foi tudo porque o tempo de estadia também não foi imenso.

 

Screenshot_1.png

Ben Youssef Madrasa

 

Perto da Madrasa, temos também o Le Jardin Secret que é um pedaço de paz na Medina de Marraquexe e acreditem, depois de quase serem atropelados 50 mil vezes, encontrarem este espaço é simplesmente mágico. Poderem parar ao ar livre, estar sossegados na esplanada ou simplesmente no jardim, é impagável - na realidade pagam e bem que 8€ em Marraquexe é um balúrdio. Aqui relaxei, bebi uma bebida fresca, aproveitei uma bela de uma chuvinha boa e refrescante e recarreguei forças para continuar caminho.

 

Le Jardin Secret

 

Por falar em locais que visitamos, visitamos também no dia seguinte - até porque o nosso objetivo foi sempre fazer um pouco de piscina no Riad todos os dias para manter o bronze e a minha sanidade mental, convenhamos - foi o Le Jardin Majorelle. O Museu Yves Saint Laurent estava encerrado para obras por isso ficamos só pelo Majorelle, que foi criado por Jacques Majorelle, pintor francês, que se inspirou na arquitetura dos jardins islâmicos e hispano-mouriscos, comprado na década de 1980 por Yves Saint Laurent e Pierre Bergé.

 

Jardin Majorelle

 

As cores do Jardim Majorrelle são indescritíveis! O que também é impossível de descrever é o calor. O calor imenso que se fazia sentir neste dia! Como a rede de transportes em Marraquexe é praticamente inexistente, fizemos todo o percurso a pé e foi... duro, foi muito duro. Para terem noção as solas das minhas sandálias derreteram, e o tacão além de derretido ainda descolou o que tornou o percurso bastante desconfortável, pelo que... Nesse final de dia, a vossa Mula precisava de álcool.

 

Não é fácil encontrar álcool em Marrocos, porque é visto como algo pecaminoso, típico de prostitutas e drogados, de gente amiga do diabo. Mas sabíamos que haviam alguns bares na Medina recatados e caros - que os torna turísticos - e experimentamos um que já tínhamos lido opiniões e visto a entrada. Ai bendito cosmopolitan... Um dos melhores que já bebi. Afinal eles sabem carregar no álcool, um só e já saí dali meia besga - é mesmo b à Porto!

 

Screenshot_11.png

Pelo que percebi os locais que vendem álcool têm de ficar relativamente escondidos, para que as pessoas não sejam propriamente vistas a consumir... Então estas eram as fantásticas vistas do nosso café, que ironicamente se chamava Café Árabe.

 

O que tem muito em Marraquexe e me deliciou as vistas são gatos. Gatos! Muitos gatos! Gatos que não ligavam minimamente à presença dos humanos e que eram apanhados a dormir em todo e qualquer espaço sem qualquer problema. Gatos que são respeitados. Nos souks - mercados típicos - vi gatos a serem alimentados, vi tacinhas de água espalhadas para eles, vi que eram bem tratados. Também vi um morto num canteiro de uma árvore, mas vamos só focar-nos nas coisas positivas!

 

Gatos, muitos gatos em Marraquexe!

 

Uma outra situação que ao início estranha-se mas depois entranha-se é as orações nas mesquitas. Todos os dias às 5 horas - eu nunca acordei mas a minha amiga sim - e depois à noite, por volta das 21 horas, tocava uma espécie de corneta e depois ouvia-se uns sons estranhos que suponho que fossem as orações. Inclusive quando vim à praça sozinha no - pseudo-fatídico acontecimento - eu vi os senhores à porta da Mesquita de rabo virado para Meca - quer dizer, sou-vos sincera, imagino eu que fosse para Meca, porque não faço a mais pálida ideia onde ficava Meca, tendo por base ali a praça Jemaa-el-Fna - e o que ainda é mais curioso é o respeito pela religião, porque enquanto se ouvem as cornetas a música nos restaurantes deixa de tocar, seja porque está a tocar um rádio, ou porque está um senhor de guitarra em punho. Achei incrível, mesmo, de coração. Ficava um silêncio de repente... E só se ouviam as cornetas que ecoavam em toda a praça!

 

Algo que também achei surpreendente - e então para mim que estava todo o dia a ressacar por internet - é um jardim totalmente gratuito com acesso à internet livre, que é o Cyber Park - Arsat Moulay Abdeslam Cyber Park para ser mais correta e claro, como não poderia deixar de ser, já que Marraquexe é conhecida pela cidade vermelha, a terra do parque era vermelha. Super tranquilo, deu também para relaxar longe de olhares desconfiados, recomendo vivamente.

 

1668687742854.jpg

 

Basicamente foi tudo o que retive de bom - e acho que ainda foi bastante - aproveitando só para dizer que bebi chá de menta - a minha amiga já não me podia ouvir falar no chá de menta - bebi um delicioso chá berbere, comprei óleo de argão biológico - que a minha cara está a amar -, fugi de 100 mil comerciantes, conheci um casal de moçoilos muito simpáticos - um português e um espanhol - e que comi muita coisa boa. 

 

Screenshot_17.png

Chá berbere feito por um homem berbere numa loja berbere, com 50 mil especiarias

 

Tenho ainda para vos contar da excursão às Cascatas de Ouzoud, mas este postal - como diz e muito bem o meu querido José da Xã - já está demasiado extenso, por isso fica para outros carnavais!

 

Espero que tenham gostado do lado B de Marrocos, e aproveito para vos questionar se preferem assim um post extenso, ou se teriam preferido que dividisse para ficar mais curto, ainda que já saibam que publicações curtas não é a minha especialidade!

O lado ruim da viagem

--- Marraquexe ---

Um dia, espero voltar cá com mais pormenores sobre a viagem a Marraquexe, com mais tempo, com fotos, contar-vos o lado belo da viagem, o lado que mostra o Instagram ou qualquer outra rede social. Mas hoje não é sobre este lado belo, não é sobre o incrível nem sobre o fantástico. Hoje quero contar-vos sobre aquilo que não gostei, sobre o lado ruim de viajar para um país tão diferente do nosso.

 

Antes de mais dizer-vos que foi a minha primeira viagem fora da Europa. E logo Marrocos, um país tão culturalmente diferente. Antes de ir tentei informar-me, li testemunhos, dicas, ... No fundo antes de ir, quis preparar-me para o que iria viver, mas percebi que nenhum blog por mais realista que seja, conseguiu preparar verdadeiramente a vossa Mula. Foi um choque, não vou negar, e apesar de um lado meu ter gostado, sem dúvida que os museus, os jardins, os locais turísticos de Marraquexe são muito belos,  um outro lado meu - e talvez o lado maior, que toda a gente sabe que não somos simetricamente concebidos - ficou aterrorizado com tudo o que viu e sentiu. Nenhum blog por mais realista que tentasse ser me conseguiu transmitir a intensidade dos cheiros e da quantidade de lixo que existe nesta cidade. Nenhum blog me conseguiu preparar realmente para a exploração animal que eu vi, para a falta de condições sanitárias a que eu assisti...

 

Para terem noção, eu vi fazerem cimento ao lado de uma padaria, com pão ao ar livre para venda imediata. Eu vi o pó do cimento a depositar-se em cima de todo aquele pão, que provavelmente era o mesmo que eu comia de manhã já que era das padarias mais próximas do meu riad. Eu vi formigas, num hotel bem luxuoso, a cirandarem em cima de tudo o que era para consumo do pequeno-almoço - do pão, das panquecas, das waffles, ..., das compotas. Em Roma, sê romano, dizem. Tentei abstrair-me e comi, não tinha grande opção e tinha fome. Tentei escolher produtos sem formigas de momento, e lá fiz a melhor seleção que consegui. Estou viva, aparentemente formigas não são venenosas ou nocivas para a saúde, e eu comi.

 

Não consegui, de todo identificar-me com a cultura, com a abordagem dos vendedores, com as motas e bicicletas a circular por entre os souks - mercados típicos - que mal tinham espaço para toda a gente que ali circulava, quanto mais para as carroças, motas e bicicletas que andavam por ali tranquilamente e sem grandes cuidados por entre as pessoas. Disto eu fui avisada, disseram-me que me davam um prémio se saísse de Marraquexe sem ser atropelada, e apesar de ter visto a minha vida negra em frações de segundos, por várias vezes, a verdade é que saí sã e salva daquela terra. Aguardo ainda o meu presente.

 

Nunca estive confortável, com exceção de quando estava num museu ou num jardim turístico ou a almoçar no meio de europeus e não-locais. Fora desses sítios, e quem foi comigo ria muito, eu parecia uma múmia, tapada até aos olhos: Vestido até aos pés, lenço pelos ombros, chapéu na cabeça e óculos de sol - que eu não queria qualquer tipo de contacto visual com os comerciantes - fossem três da tarde ou duas da manhã.

 

No 3º dia - creio! - fomos a um local menos turístico beber uma bebida fresca e ver o fantástico pôr do sol de uma das praças mais famosas de Marraquexe, a Jemaa el-Fna, e digo-vos já que é realmente um dos pores do sol mais belos a que assisti. Bebemos tranquilamente, queríamos comer mas a parte do restaurante estava completa e na zona onde nos encontrávamos só serviam bebidas - não entendi, mas respeitei - e assim iniciamos o processo de saída do local para irmos jantar. E digo que iniciamos o processo de saída do local porque foi uma situação complicada que durou provavelmente - ou talvez só na minha cabeça - cerca de uma hora. Pedimos a conta e pedimos para pagar com multibanco. O que seria um processo fácil, não foi. Não tinham multibanco.

 

Burras!!! Burras, que nos esquecemos de perguntar se tinham multibanco. Ainda que durante toda a nossa estadia foi o único local - de restauração - que não tinha multibanco. Até os souks tinham multibanco!

 

Mas adiante.

 

Era necessário levantar dinheiro, e eu é que tinha o cartão. Disseram-nos que o multibanco era ali perto e eu desci à praça para tentar encontrar o dito.

 

A praça:

marraquexe.png

 

No meio de toda esta confusão, alguém encontra alguma coisa? Não, a vossa Mula não encontrou multibanco nenhum. Ora! A vossa Mula limitou-se a hiperventilar enquanto fugia com visão turva de todos os comerciantes, e vendedores ambulantes que tentaram impingir tudo e mais alguma coisa. Comecei a temer afastar-me demasiado do café e não conseguir encontrá-lo de volta - Marraquexe é labiríntico - até porque era Marrocos, não tinha dados móveis, ou rede, ou o que fosse, para tentar-me comunicar caso necessitasse. Com as pernas a tremer, com o coração a saltar-me do peito, com a visão totalmente desfocada - também poderia ser dos óculos escuros... - chego ao café a chorar, em pânico, que não encontrei o multibanco. Inicialmente, e como qualquer pessoa normal - teria de ir alguém normal, se não a viagem seria uma desgraça, não é verdade? - a pessoa que estava comigo pensou que me tivessem feito alguma coisa. Não, ninguém me tinha feito alguma coisa, mas na minha cabeça tinham-me feito tudo e mais alguma coisa - pensamentos limitantes, assumo a culpa. Lá parei, respirei e contei o que tinha acontecido, ou seja, nada, mas que não tinha conseguido encontrar o multibanco. Pessoas normais e racionais pensam de forma, obviamente diferente, e a minha amiga lá foi pedir a alguém do café que a acompanhasse ao multibanco com a justificação de que se eu não encontrei provavelmente ela também não conseguiria encontrar. E lá foi um moço do café, com a minha amiga ao multibanco, e pronto acabou tudo em bem, tirando para o meu coração.

 

Os restantes dias foram, claramente condicionados pela experiência fantástica de estar sozinha nas ruas de Marraquexe e nada mais foi igual. Quem me segue no Instagram viu nas histórias que me fizeram uma tatuagem de henna à força, e feia, o pior de tudo é que ainda por cima era feia! Fiquei com uma pulseira à força, bebi chá berbere - incrivelmente delicioso - após quase ser empurrada para dentro de uma loja berbere por um homem berbere que queria que eu comprasse mais de metade da loja, e eu com o peso na consciência da oferta do chá, lá comprei algumas coisas provavelmente mais caras do que compraria noutros locais...

 

E pronto, foi incrível... Foi incrível regressar! É inegável que eles têm coisas lindas, monumentos lindos, as cores são incríveis, o passeio à montanha foi incrível e também encontramos gente incrível pelo caminho, um dos senhores do nosso riad foi das pessoas mais gentis e pacientes que eu alguma vez conheci! No entanto, se alguma vez regressar será com um homem, de preferência com uma altura superior a 1,80m, com uma musculatura bem visível ou então com um grupo - acima de 4 pessoas está bom! - e de preferência que eu seja a única cagufas para que os outros me acalmem.

 

E é isto meus amores da Mula, não sei se já foram a Marrocos, se sentiram o que eu senti... Partilhem comigo. Se foram a outras viagens, a outros destinos, com histórias que vos fizeram tremer em mau, contem-me também que é para eu riscar do meu globo.

Málaga #1

...essas férias que já parecem que foram há uma eternidade

Ora bem, onde é que nós íamos?

(Ignorando o facto de se terem passado entretanto 10 dias...)

 

Ah sim, Málaga!

 

Fui de férias para Málaga. E porquê Málaga? Basicamente porque recebi uma mensagem a dizer que "era giro fazer-mos o Caminito do Rey" e eu sem ter visto muito bem o que era o Caminito do Rey, disse como é meu costume: "Bora!" Depois, claramente, chorei no colo da mãe, no colo das amigas, fiz o testamento e entreguei as palavras-passes das minhas redes sociais a alguém de confiança porque comecei a acreditar que poderia não sair viva desta viagem - o que de certa forma, metaforicamente escrevendo, até não é mentira nenhuma, que eu morri várias vezes ao analisar a qualidade de pessoas que vivam naquela terra, if you know what i mean! - é que para quem não sabe, eu sofro de vertigens e então tenho de vos confessar que o Caminito do Rey foi uma das maiores loucuras que eu já cometi.

 

A verdade é que Málaga nunca tinha despertado muito a minha curiosidade e talvez por ir com tão baixas expectativas me tenha apaixonado tanto pela terra, como pelas pessoas, como pela comida, por tudo, ainda por cima depois das última férias em que quase quinei... Estava mesmo a precisar de umas férias assim!

 

Deixem-me dizer-vos que me apaixonei logo no avião, ainda no Porto, já que partilhei o meu lugar com um moço muito jeitoso simpático que trocou de lugar comigo para eu ir à janela, já que íamos só os dois. Afinal ainda se fazem cavalheiros nesta terra à beira mar plantada. Ainda estive para lhe pedir a mãozinha na descolagem, mas ele pareceu estar a sofrer mais do que eu e também não quis abusar da sorte já que teríamos de estar ali lado a lado durante pelo menos uma hora.

 

Dia 1

A viagem foi bastante rápida e assim que chegamos fomos a pé para o apartamento que alugamos.  Biquínis na mala, almoçamos junto ao mar e zarpamos para a praia.

 

No porto de Málaga, que é uma espécie de galeria comercial ao ar livre, conhecida por Muelle Uno, existem várias opções para almoçar, jantar, lanchar, ou apenas beber uns cocktalis ao por-do-sol, e foi então aqui a nossa primeira refeição:

1635415243376.jpg

1635429739033.jpg

Muelle Uno

 

O Muelle Uno tem várias opções de restaurantes, desde fast food a healty food a regular food - tinha que ser tudo em food... - passando por lojas de roupa, perfumarias, gelatarias, tem de tudo um pouco, é um lugar muito agradável para passar uma tarde, quem prefira, a ir dar umas braçadas ao mar.

 

Escolhemos um restaurante com um menu completo de turista a preço aceitável: O Gorki. Entradas - um conjunto de tapas variadas e salada de folhas com queijo chévre, banana e tomate seco envolta em molho balsâmico - prato principal - uns canelonis de espinafres e ricota - e para finalizar o belo do petit gateau. Deixem-me só acrescentar que adorei a cerveja malagueña.

 

 

1635415456521.jpg

Refeição no Gorki

 

 

Refeição concluída... Energia refeita... Praia!

 

Bem vindos à la Malagueta!

 

1635414412359.jpg

A vossa Mula toda animada na Malagueta

 

Claro que uma praia com este nome teria de ter muito picante... E tinha... Ó se tinha! Água quente, areia ainda mais quente - queimei-me tanto nos pés... - vistas de arrepiar - em sentido lato e figurado - e foi incrível fazer praia em Outubro. Deu para repor muito do bronze que já se tinha apagado de Setembro.

 

1635416633986.jpg

Voltava para ali já hoje!

 

Dizia a meteorologia que as temperaturas rondavam os 25ºC mas a verdade é que a sensação térmica era muito diferente, e houveram alturas em que não se aguentava estar espalmada na toalha ao sol, tal que era o calor. Nunca saímos da praia muito cedo... Nunca apanhamos vento, ou chuva, ou frio,... Tudo fantástico... Tirando a areia negra que me estragou um biquini.

 

Depois da praia a rotina normal em período de férias: Banho, e ir para a cidade jantar. Ficamos sempre pelo centro histórico à noite, mas isso serão outros carnavais que já vos mostrarei tudo.

 

Despeço-me apenas com o jantar do primeiro dia para vos aguçar o apetite para logo:

1635430651405.jpg

Restaurante Pepa y Pepe - camarões grelhados com um molhinho que não sei de que era, mas era bom, cebola frita, batatas bravas e uma bela carne cujo animal me escapou mas que era muito boa e tenra (vitela provavelmente).

 

Se há coisa que me atrai na cultura espanhola é a forma como eles encaram as refeições: um momento de lazer e de partilha e por isso foi sempre possível degustar mais porque as refeições eram para duas pessoas e não apenas para mim. Infelizmente quando se faz esta tentativa em Portugal somos encarados pelos empregados como pobres, aqui a partilha é normal e encorajada. Por isso cada refeição foi um deleite de vários sabores e texturas!

 

E pronto não vos maço mais por hoje.

Próximo capítulo falar-vos-ei do Caminito do Rey!

Fiquem desse lado!

Alta segurança nos aeroportos

#sóquenão

Esta é a história do dia em que eu entrei para o avião com um cartão de embarque e um cartão de cidadão que não correspondia.

 

Imagem retirada daqui

 

Podia ser uma história de ficção? Poder podia, mas não seria a mesma coisa.

 

Enquadrando...

...Dizem que a segurança dos aeroportos é apertada... Que os controlos são apertados. Que há muito zelo. É tudo tão, mas tão... Que não é nada disso.

 

Quem me acompanha no Instagram sabe que viajei para Málaga na semana passada, de férias - em breve conto-vos tudo sobre a viagem, que amei! - e no regresso, não tive como imprimir o cartão de embarque - também não tentei imprimir, é certo, mas a verdade é que hoje em dia com o telemóvel tudo é mais simples - e então tinha um print screen do meu cartão de embarque no telemóvel. Com o meu, outro cartão de embarque que não me pertencia. Na entrada para o controlo, passei apenas com o QRCode e ninguém pediu cartão de cidadão - até aqui tudo certo, até porque passei o QRCode correto. No embarque, passei o QRCode da pessoa que me acompanhava e a moça deixou-me seguir. Pareceu-me que vi no ecrã um nome que não era o meu, estranhei, mas tendo em conta que a hospedeira olhou para o meu cartão de cidadão e me mandou seguir... Nem raciocinei. Quem já voou sabe que isto acontece tão rápido que nem sempre o tico e o teco têm tempo para raciocinar. Quando a pessoa que estava comigo tentou passar o seu bilhete... Tcharan... Não deu! Deu erro! E foi assim, que EU, detetei o erro e voltei para trás e expliquei à hospedeira que muito provavelmente teria passado o bilhete errado e propus-me a passar o meu QRCode - desta vez - para que alguém não ficasse retido em Málaga. Até porque, sejamos sinceros, eu gostei tanto da terra que se houvesse alguém para ser retido, que fosse eu. Depois lá me entenderia com os meus patrões. A hospedeira não pareceu perceber muito bem o sucedido - a cara demonstrava alguma confusão - mas a verdade é que não questionou - acho que nem a ouvi falar... - e lá seguimos sem qualquer problema.

 

Mas prontos, meus caros, é para que vejam. Alguém passa um cartão de embarque de alguém - não interessa quem - ter um cartão de cidadão na mão disfarça o delito, a tripulação faz o seu papel - desliza os olhos sobre o cartão de cidadão sem nada ver realmente - e está tudo certo. E assim entra um criminoso num avião disfarçado - não era o caso, mas poderia ter sido. E eu que já não me sinto confortável a voar... Fiquei ainda mais desconfiada da (in)segurança dos aeroportos.

 

Já alguém passou por algo semelhante?

Post em diferido

Escrito a 5 de Outubro de 2021

Imagem retirada daqui

 

Hoje, pouco mais de dois anos depois entrei num aeroporto... Num avião. Com 3 viagens canceladas em 2020, chegou a altura de fazer diferente em 2021, enquanto há tempo para mudar um pouco o rumo do que nos está destinado: Enclausura - que tantas vezes é mental.

 

Nem tudo é vírus.

 

Nem tudo pode ser pandemia.

 

Alguma coisa tem de nos revitalizar.

 

Achei que era altura de perder algum do medo que tenho, e tentar alguma normalidade. Já tinha saudades desta sensação, e com ela a inevitável nostalgia. Lembro-me perfeitamente da primeira vez que viajei de avião: Tinha 10 anos e fui a Lisboa - oferta da câmara municipal às escolas do concelho. Lembro-me perfeitamente de achar estranho estar em cima das nuvens. Achei mágico. Podermos andar em cima das nuvens é mágico.

 

Hoje em dia, apesar de já não sentir a magia, continuo a achar um encanto olhar para baixo e ver pequenos pontos muito juntinhos de algo que lembra a algodão doce. Olhar para baixo e ver montes e vales muito longínquos. Rios imensos percorrendo o que de longe parecem apenas pequenas fendas na rocha. Estradas que parecem retiradas da playmobil. Pessoas que parecem formigas. O mundo ali tão perto e tão longe. É inevitável sentir que somos no fundo tão pequenos, tão insignificantes... Um pequeno ponto entre milhões de pontos.

 

Aqui em cima - sim, escrevo-vos do ar - tudo é relativo. A nossa vida nas mãos de um pássaro gigante que nos leva por entre todo um espaço denso e profundo e hoje, pela primeira vez, não tenho nenhuma mão para apertar na descolagem. Saudades de ter uma mão para apertar na descolagem que tanto me angustia.**

 

Sim, tinha realmente saudades da sensação que ora me atormenta ora me alenta, porque normalmente, do outro lado da viagem, existe todo um mundo por explorar.

 

E vocês? Sentem-se confortáveis a viajar de avião?

 

 

**Podia ter apertado a mão dos estranhos desconhecidos que comigo voaram, mas... achei melhor não abrir esse precedente!

In Gold Hotel & Spa em Águeda

O Hotel & Spa que deveria de ter o Spa entre aspas

A Mula foi de fim de semana para relaxar, que lá no trabalho aquilo tem estado caótico. Então a Mula e o Moço escolheram um sítio que fosse pertinho mas que desse na mesma para passear - se o tempo assim o tivesse permitido! - e que desse também para relaxar. Assim, e aproveitando uma promoção da Via Verde lá fomos para o In Gold Hotel & Spa, em Águeda.

 

images.png

 

O In Gold Hotel & Spa fica bem próximo do centro da cidade de Águeda, que nesta altura está lindíssima com toda a decoração de Natal - já é linda durante o ano, mas nesta altura tem um encanto mais especial.

 

1576627431047.jpg

 

O Hotel é muito porreiro, é acolhedor, limpo, organizado e com funcionários muito simpáticos e prestáveis, no entanto o Spa... O Spa na realidade não é Spa e foi uma autêntica desilusão. Em primeiro lugar o suposto Spa do Hotel é fora do Hotel. É um edifício à parte sem qualquer ligação coberta, o que no inverno - como foi o caso! - é horrível, até porque estava a chover... Ou seja, quer para irmos para o edifício, chamemos-lhe da piscina, quer para voltarmos - todos molhados - apanhamos chuva - e gripe, no fundo... e gripe, que isto de vir todos molhados de uma piscina quente e apanhar com chuva não é agradável e o corpo não gosta. 

 

Mas adiante...

 

Ia eu toda lampeira de livro na mão, a acreditar que ia passar algumas horas na espreguiçadeira a ler um pouco, até porque o edifício da piscina era no alto e parecia ter vistas - e tinha! - e foi quando levei com a primeira desilusão. Tem apenas 3 espreguiçadeiras - e zero estavam livres - e nem um local para pendurar toalhas. Lá voltou a Mula aos cacifos para pousar o livro e usufruir apenas da piscina. 'Bora lá, que a Mula também gosta de nadar.

 

in-gold-hotel-spa.jpg

Imagem retirada daqui

 

As vistas da piscina são agradáveis e desafogadas e tem bastante luz natural o que me agradou bastante. A água é aquecida e tem dois jatos para relaxamento. Ponto número dois negativo: Para ligarmos os jatos de água temos de sair da piscina, porque os botões junto aos jatos não funcionam. Por sorte tivemos um menino que se divertia a carregar nos botões e mal aquilo parava ele carregava, se não, teríamos de nadar até à extremidade onde estão as escadas, sair da piscina e carregar nos botões. Não nos faz sentido e é a primeira vez que vimos tal.

 

imgdesconto_152271_24.jpg

imagem retirada daqui

 

O Spa é tudo isto que vêm na foto. É constituído por uma piscina, e duas mini cabines de sauna e banho turco em que cabem duas pessoas em cada uma delas. E ali estão as 3 espreguiçadeiras que vos falei. O espaço tinha também uns chuveiros junto à piscina - normalmente antes de entrarmos temos de passar pelos chuveiros... - mas não funcionavam.  Lamento mas na ótica da Mula isto não é um Spa... Já passei por alguns hotéis com Spa com valores semelhantes e nada a ver com isto.

 

Mas vamos aos quartos.

 

1576626934374.jpg

O quarto da vossa Mula.

 

 

1576627001994.jpg

As vistas do quarto.

 

 

1576627150477.jpg

E a vossa Mula toda entusiasmada antes de saber que não ia ler junto à piscina.

 

 

Felizmente o Hotel era bom. O quarto não sendo enorme, tinha boa área, minimalista, senti a falta de uns tapetes ou de alcatifa, achei o quarto um pouco impessoal e frio, mas o colchão era muito confortável e as almofadas também que é o que é verdadeiramente importante.

 

Fizemos duas refeições lá no hotel - jantar e pequeno-almoço - e a comida é boa mas uma vez mais o hotel demonstra falta de organização. Enviaram-nos a ementa por email aquando da reserva, e depois na hora os pratos nada tinham que ver com o que apresentado na ementa enviada. Questionamos o motivo, disseram-nos que não sabiam mas que trabalhavam com pratos do dia e que todos os dias eram diferentes. Tudo bem. A ementa não era muito atrativa - tinha apenas um prato de peixe, outro de carne e um vegetariano - mas acho que fizemos uma boa escolha e a comida era saborosa.

 

1576627289985.jpg

 

Recebemos o couvert com azeitonas com um molho muito saboroso com azeite, limão e ervas. como entrada comemos creme de cenoura e como prato principal optamos os dois pelo Salmão com grelos e batatas parisienses. Estava bom. Sobremesa: só tinham à escolha entre gelado ou fruta. Achei a ementa mesmo muito pobrezinha. Estamos a falar de um restaurante de um hotel de 4*... Mas a verdade é que os valores do restaurante também são muito mais acessíveis que o normal. Enquanto, por exemplo, no Pena Park Hotel - também de 4* - uma refeição para 2 pessoas rondam os 70€, aqui no In Gold Hotel & Spa fica por metade do preço, isto também é importante salientar no entanto, são comparações que não é possível ficar indiferente e tendo já aqui outras experiências como base, a realidade ficou um pouco aquém das nossas expectativas.

 

1576627497448.jpg

 

O pequeno-almoço apesar de estar longe de ser o mais variado que já encontrei, tinha uma seleção agradável. Os sumos, como habitual não eram naturais, os bolos não eram caseiros mas as compotas eram boas e os ovos mexidos também muito saborosos lembrando os que faço de manhã. Tinha umas três qualidades de pão - que eu tivesse visto - e vários pastéis em miniatura. O que adorei na política do hotel - porque o que é bom também tem de ser ressalvado - é que ao fim de semana dispõe de pequeno almoço tardio e em vez de terminar como é habitual às 10h, aos fins de semana o pequeno almoço termina às 11h.

 

Outra grande vantagem do hotel é ter estacionamento coberto incluído, até porque não há estacionamento à porta ou próximo e tem entrada direta para o hotel.

 

Se a vossa ideia é uma noite de passagem, apenas para dormir, a Mula recomenda: é um hotel confortável com pessoal muito simpático e refeições acolhedoras. No entanto, se a vossa preferência recai sobre o descansar, o relaxar e aproveitar o Spa, então esta não é a escolha mais acertada.

 

Mas digam de vossa justiça, já conheciam?

Sobre o voltar aos sítios onde já fomos felizes...

Eu não volto, ou não gosto de voltar, aos locais - reais ou sentimentais - onde já fui infeliz, agora se eu fui feliz eu volto!

 

IMG_20190725_153223.jpg

 

Voltei ao Pena Park Hotel, e é incrível como os mesmos espaços com pessoas diferentes são também espaços diferentes. É bom fazer novas memórias sem que isso implique esquecer as anteriores. Todas são importantes e podem conviver dentro do nosso coração.

 

O Pena Park Hotel teve a gentileza de oferecer à Mula um voucher para voltar a usufruir deste fantástico espaço. E desta vez usei e abusei do SPA que da outra vez não tive oportunidade de usufruir por razões que agora também não interessam nada, mas a verdade é que antigamente usava os hotéis essencialmente para dormir e nunca usufrui muito dos outros serviços e espaços à disposição. Agora é diferente. Quem me acompanha gosta tanto da boa vida como a Mula, por isso temos de aproveitar.

 

Já vos falei aqui sobre o fantástico espaço e serviço, já vos mostrei como são amorosos os quartos. As vistas continuam fantásticas. É bom acordar aqui. 

 

1564068861931.jpg

 

Antes de mais, não posso deixar de dar os parabéns pela política do hotel na utilização do SPA: todos podem utilizar, mas as crianças têm horários restritos, o que permite a pessoas que não tenham grande paciência para barulho poderem usufruir em alguns períodos do espaço de modo mais tranquilo. Fui lá várias vezes em vários períodos diferentes - eu disse que usei e abusei... - e tive bastante sorte porque as famílias que usaram o espaço eram bastante tranquilas e as crianças em algum momento incomodaram.

 

1564067948219.jpg

1564068222744.jpg

 

Como podem ver pelas fotos, o SPA tem um circuito de águas, banho turco e sauna, e no espaço do circuito de águas temos vista para a fantástica paisagem e piscina exterior, através de grandes janelas em toda a parede lateral.

 

Nas férias, nestes espaços, há grandes dilemas SEMPRE... E aqui não foi exceção: Ficamos no SPA ou vamos pra piscina? Que difícil decisão... Optamos por ir pra piscina ao final da tarde e depois no dia seguinte retomamos ao SPA de manhã e um bocadinho à piscina antes de irmos embora. Entretanto deixem-me só avisar-vos que se querem aproveitar a piscina exterior só para vocês, que a melhor altura do dia é de manhã, que a malta está toda dividida entre o SPA e o pequeno-almoço. Já de tarde... De tarde é complicado nadar, ou encontrar um espaço para nos esticarmos ao sol. Fiquei na borda da piscina a apanhar sol, que arranjar cadeiras, puffs ou o que fosse, foi simplesmente impossível.

 

1564100095251.jpg

 

Quando fui a primeira vez, a piscina exterior ainda estava em construção e fiquei bastante agradada com o espaço que criaram. Há partes que ainda me parecem em construção e o acesso à piscina parece-me demasiado improvisado e estranho, mas possivelmente ainda não será o acesso definitivo. 

 

Conhecia o restaurante do Hotel, lembro-me bem de ter adorado tudo por isso tive de repetir: Até já fico a salivar novamente só de recordar... Mas adiante.

 

No restaurante Biclaque, cada prato é um momento de prazer, de degustação, onde os sabores são bastante apurados. É realmente um restaurante com comida fantástica. Requintado mas despretensioso. Apesar de ser fora do meu habitat natural, que isto de ser Mula chique pobre tem destas coisas, senti-me sempre confortável e de algum modo os funcionários nos fizeram sentir que não pertencíamos ali. É mesmo um espaço confortável e acolhedor, com gente simpática que sabem acolher.

 

1564099703116.jpg

 

Para além das normais entradas de pãozinho quentinho e azeite da região para molhar - só coisinhas saudáveis portanto - optamos por um naco de carne - costoletão? - muito tenro, muito bem temperado e saboroso, acompanhado por umas batatas estranhamente boas. Digo estranhas porque não vos sei dizer como eram feitas. Eram batatas altamente crocantes como se fossem panadas mas sem ser - acho eu... -  e uma salada. Ele finalizou com a telha de chocolate, que é uma explosão de sabores de chocolate negro e frutos vermelhos e eu comi apenas o melhor gelado de sempre. Só quem conhece as bolas de berlim do Natário - de Viana do Castelo - me vai compreender mas... Imaginem uma bola de berlim do Natário, mas em gelado. Basicamente é isto. Foi um gelado de doce de ovos frito, polvilhado com canela e açúcar e é só a coisa mais fantástica que eu comi, e olhem que eu já comi coisas muito boas nesta vida!

 

Tenho também de salientar, e apesar de ter zero fotografias, que o pequeno-almoço é dos mais diversificados que eu já vi num hotel. Muita fruta variada, como amoras, mirtilos, cerejas, morangos, e muito sumo de fruta - mesmo fruta! -, compotas várias, panquecas fantásticas, pão de todas as qualidades, formas e farinhas, bolos, queijos. Muito bom. E desta vez não caí no erro de pedir o pequeno-almoço no quarto. É bom poder escolher o que quero comer e repetir as vezes que desejar. É bom comer de pijama e na ronha, mas é ainda melhor ter comida à descrição... E não me julguem, já sabem como eu sou.

 

Antes de me despedir deste hotel, tenho de salientar a simpatia de todo o pessoal. Da receção ao SPA, passando pelo restaurante e pelo pessoal do bar. Muito prestáveis, sempre com um sorriso pronto. São os mesmos de quando ali estive. Fiquei feliz por ter percebido isso. E por isso mesmo se me voltarem a ler: Parabéns pelo paraíso que criaram!

 

Já sabem... Se eu gosto, eu volto, e aqui fica a promessa que voltarei!

Então Mula como correu lá em Londres?

Correu...

Ou não correu vá...

Correu!

 

Muito molhado minha gente. Londres estava muito molhada. Choveu, um frio desgraçado, muito vento... Então percam lá o orgulho na vossa Mula que para todos os efeitos a vossa Mula não correu. Ou correu um pouco, mas por obrigação.

 

Cheguei a Londres doente, com a garganta toda inflamada e com a voz já toda marada. O meu corpo gritava "nãaaao! não faças isto!!" Mas já sabem como sou. Teimosa que dói. "Vim para correr, vou correr!" Dizia a quem me propunha "vamos ficar na tenda, quentinhas, vamos buscar mais comida e ficamos bem!". Mas depois, juntei-me a mais duas pessoas que estavam mais para lá do que para cá, sabem como é, o mal atrai o mal, e eu juntei-me a mais duas pessoas doentes... Então fizemos um acordo, uma espécie de pacto "não corremos, vamos a andar, passito acelerados, mas não corremos." Muito bem, quase que cortamos os nossos dedinhos para fazer um pacto de sangue. Acreditem.

 

Então, todas pimponas e porque queríamos ficar bem na fotografia - literalmente -, começamos a correr enquanto as câmaras estavam ligadas e os flashes a flashar, mas logo logo fomos a passo. Estava muito frio, com aquela chuva miudinha a incomodar... Vento! Muito vento. Em menos de 5 minutos ficamos encharcadas. Eu já só olhava para trás a pensar "vou voltar para trás!", a minha amiga só dizia "vamos cortar caminho!!" Mas lá fomos. Eis que começa a chover torrencialmente. "P. Vamos ter de correr!!! Isto está demasiado mau!" A P., mulher de palavra - mais que a da vossa Mula... - manteve-se firme, não quis correr, eu e a D. demos gás às sapatilhas, só queríamos que aquilo acabasse, e o mais rapidamente possível.

 

E foi assim que corremos cerca de 2km, num total de 5km. E sabem o que foi giro? Eu estava tão chateada com o tempo que acho que teria conseguido correr os 5km, é que corri aqueles dois como quem dá um sprint até ao autocarro.

 

E no final ainda recebi uma medalha de participação que soube a ouro. Acreditem, soube a ouro!

 

1538411385284.jpg

 

A vossa Mula que já estava pouco doente, começou a mumificar. A P. apareceu, a D. concordou. Arranjamos mais um moço que estava com uma gripe descomunal e que não fez a prova, fizemos birra, batemos o pé, convencemos a organização a deixar-nos ir para o hotel de uber.

 

Chegamos ao hotel, tomamos um bom banho, dormimos uma sesta e à noite, tomamos um cocktail marado de comprimidos para aguentarmos a farra.

 

Aguentei-me bem....

 

... Enquanto os comprimidos fizeram efeito.

 

Sabem o que vos digo? Já estou velha para isso, mas para o ano, se ainda tiver essa oportunidade, estarei lá novamente e correrei os 5km do início ao fim!

 

E já agora, só uma breve explicação para contextualizar a coisa - que a Mula não vai a eventos fit só porque sim. Este evento é patrocinado pela empresa onde trabalho para angariar fundos para a Associação Afrika Tikkun que visa apoiar crianças e jovens em Africa do Sul. Este ano foram amealhados mais de 1 milhão de euros para apoiar a organização. A vossa Mula é preguiçosa, mas no fundo, no fundo, lá bem no fundinho, tem bom coração.

 

--------------------------------------------------------

P.S.: Só para que tenham algum orgulho na vossa Mula, a Mula não só não ficou em último como ainda ficou à frente de mais de 100 pessoas!

 

P.S.2: Só para que tenham ainda mais orgulho na vossa Mula, durante os 2 dias e meio em que lá estive tive sempre comida à descrição, gratuitamente, e não comi como se o mundo fosse acabar no dia seguinte. A comida também não era boa, mas isso agora não interessa nada.

O Bairro fantasma de São Gabriel, Pegões

O Bairro de S. Gabriel passa despercebido a quem passa na Estrada Nacional 10 perto de Pegões no Montijo, aliás, tenho a certeza de que já lá passei antes e que não o vi, mas desta vez reparamos neste pequeno tesouro à beira estrada plantado e decidimos ir explorar.

 

Pelo que nos foi possível apurar, o Bairro de S. Gabriel foi edificado em 1951 pelo Arquiteto Francisco dos Santos para os funcionários do Centro Emissor Ultramarino de Onda Curta, inaugurado em Março de 1954.

 

caminhos e casas 2.jpg

 

Não consegui confirmar desde que altura está desabitado, encontrei informações de que estaria desabitado desde o 25 de Abril, no entanto dados dos Censos de 2001 indicam que morariam ainda ali cerca de 20 pessoas. No entanto, o Centro Emissor de Onda Curta de Pegões foi desativado a 1 de Junho de 2011 e hoje podemos confirmar com total certeza que ali não mora ninguém, sendo apenas um bairro fantasma que a onda curta criou e que já albergou muitas famílias, muitas crianças, muitas histórias.

 

O Bairro de S. Gabriel possui 22 habituações, uma escola, uma cantina, uma igreja e um parque infantil que as ervas daninhas e o abandono tendem a esconder.

 

Aqui nesta foto vemos a antiga messe, onde almoçavam os funcionário da onda curta, que de acordo com um leitor e antigo morador, a mesma continha um bar, um palco, um minimercado e uma pequena sala de jogos de tabuleiro, e ainda uma biblioteca. Atualmente este edifício está emparedada - sendo o único edifício que não permite acesso - provavelmente por estar mais à face da estrada.

 

 

Antiga Escola.jpg

Antiga messe, com o lago com o brasão em pedra

 

 

Pelo que conseguimos perceber, atualmente este bairro é propriedade do Estado Português e apesar de já ter estado prevista a sua venda e reabilitação, tal nunca ocorreu.

 

É impossível não nos chocarmos com o abandono devido à imponência do bairro. As casas são grandes, amplas e ainda têm algum mobiliário no interior, abandonado. É impossível não sentirmos a nostalgia das paredes vazia. O que impressiona é que há casas que parecem que foram habitadas há pouco tempo, e outras que indubitavelmente já não o são há demasiados anos.

 

 

casas1.jpg

 

casas e caminhos.jpg

casas.jpg

 

 

Caminhando por este bairro fantasma encontramos um campo de futebol para miúdos e graúdos, um quiosque que outrora foi um bar, com cadeirinhas à volta onde quiçá os trabalhadores se reuniam ao final do dia para relaxar e um parque infantil.

 

 

Bar.jpg

 Quiosque-bar

 

Parque Infantil.jpg

Parque infantil

 

quiosque e campo.jpg

Quiosque e campo de futebol

 

piscina.jpg

 Mais um lago abandonado que supomos ter sido outrora uma piscina

 

 

Entrei pela primeira vez - porque dizem que há uma primeira vez para tudo - numa igreja abandonada. Pelo que percebi foi vandalizada há relativamente pouco tempo pois encontramos fotografias relativamente recentes ainda com os seus bancos e com os azulejos intactos. Mas o que encontramos foi algo muito diferente: Uma igreja praticamente vazia, vandalizada. Não fossem as réstias de vitrais poderíamos dizer que seria apenas uma espécie de auditório.

 

 

Igreja.jpg

 

 

Como podem ver é um bairro imponente, com majestosas casas. Ou que outrora já o foram. Não deixa de ser estranho andar por um espaço vazio que aparenta ter tanta história. É demasiado estranho. No entanto gostei da experiência.

 

 

casas2.jpg

 

Descobri depois, quando pesquisava mais informações sobre este bairro, da existência de um outro bastante semelhante, que pertenceu aos trabalhadores da antiga Companhia Portuguesa da Rádio Marconi, em Vendas Novas, com uma igreja com vitrais pintados pelo Almada Negreiros nos anos 40 e que também está ao abandono. Fica para uma outra visita.

 

 

E vocês, conheciam este bairro fantasma à beira estrada plantado?

Desabafos do quotidiano, por vezes irritados, por vezes enfadonhos, mas sempre desabafos. Mais do que um blog, são pedaços de uma vida.