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Desabafos da Mula

Desabafos do quotidiano, por vezes irritados, por vezes enfadonhos, mas sempre desabafos.

Desabafos da Mula

Uma espécie de Review de alguém que não percebe nada disto: Moonlight

Já que hoje estou pouco dada a saltinhos e alegrias, vamos deprimir mais um pouco.

 

Nunca tinha ouvido falar do filme Moonlight até o blog Crónicas de um Café Mal Tirado ter falado sobre ele e fiquei com um bichinho de curiosidade. Apetecia-me ir ao cinema, falei com algumas pessoas para me acompanharem não podiam, então muito bem, meti pés ao caminho e fui eu. Ir ao cinema sozinha tem as suas desvantagens, não se pode dissertar sobre o filme quando as luzes voltam a ligar-se, mas tem uma grande vantagem, podemos ver um filme totalmente do nosso agrado sem pensar se o outro vai gostar. Queria ir ver o Manchester By The Sea, mas ainda faltavam muitas horas para ver, e então optei entre o La La Land e o Moonlight, mas como estava um pouco deprimida, optei por ver um filme a condizer comigo, igualmente deprimente. E coloquem depressão nisso, até saí de lá com dores de cabeça. Mas que drama! Mas que drama!

 

 

Moonlight é um filme que conta a história de Chiron desde a infância até à idade adulta, relatando de forma intensa e sublime a forma como os acontecimentos alteram a nossa maneira de estar na vida, e podem modificar todo o nosso futuro.

 

Chiron, conhecido desde pequeno por Little, é um menino extremamente inseguro, vitima de bullying que vive atormentado pelos colegas na escola. A mãe, uma toxicodependente em decadência, não acompanha o seu crescimento e o pequeno Little acaba a ter de aprender a desenvencilhar-se sozinho. No seu percurso encontra um casal disposto a ajudá-lo - Juan e Teresa - mas Little tem dificuldade em deixar-se ajudar. No entanto é no seio deste casal que experiencia o que é ter uma família e o que é ter alguém ao lado dele, e com o desenrolar do filme vamos perceber que Juan vai influenciar muito as escolhas do pequeno Little que entretanto cresce e torna-se naquilo que não se queria efetivamente tornar.

 

Se gostam de dramas, este é sem dúvida um filme a não perder. Relata a vivência dos jovens no meio da droga, a violência que se vive nas ruas, nos guetos, e nas escolas. Relata também o que é ser homossexual num meio destes e de como a repressão sexual é o único caminho a seguir para se poder continuar vivo.

 

O filme é bastante intenso e permite chocar as mentes mais sensíveis. Chocou-me essencialmente o confronto com a realidade, por saber e ter a certeza que assim é a realidade: Podes ser a melhor pessoa do mundo, fazem de ti o que querem e bem lhes apetece e não lhes acontece rigorosamente nada. Um dia tu tomas medidas para pararem de te fazer mal e o que é que acontece? Tu é que és o culpado. Aqueles que toda a vida te fizeram mal não são responsabilizados.

 

O filme é muito lento, tem um desenrolar a passo de caracol, que faz com que nos ajeitemos na cadeira vezes sem conta, mas apesar de lento não me aborreceu um só segundo! A única coisa pela qual fiquei feliz foi por não ter levado pipocas, é que para ajudar à depressão, o filme quase não tem banda sonora, e eu iria perder mais tempo em concentrar-me a não fazer barulho com as pipocas em vez de me concentrar no filme. Por isso é um conselho que vos dou, e olhem que eu sou daquelas que cinema = pipocas, não levem pipocas para este filme, vai desconcentrar-vos, vai desconcentrar quem está ao lado, todo o filme é quase um silêncio absoluto!

 

Bom filme!

 

P.S: Para a próxima que desenvolvam mais o filme com o moço em adulto que era beeeem giro! 

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Desabafos do quotidiano, por vezes irritados, por vezes enfadonhos, mas sempre desabafos. Mais do que um blog, são pedaços de uma vida.