Violência e Vingança - Não é tudo a mesma coisa?
Acho curioso vivermos numa sociedade em que a violência - na sua generalidade - é repudiada e a vingança - na sua generalidade - enaltecida, ainda que possamos falar do mesmo nível de dor e crueldade. Do cinema à realidade. É sempre assim. Não o podemos negar.
Crescemos a enaltecer um homem que roubava aos ricos para dar aos pobres. Mas... Há roubo e roubo? Ou Roubo é roubo? E roubar não é condenável sempre?
Deixamos os "nossos filhos" crescer com imagens de super heróis que agridem e até matam os "maus da fita" e com princesas que se sobrepõe às bruxas más e só quando as bruxas são eliminadas é que as princesas são felizes. O bem sobre o mal. Mas matar continua a ser matar, e bater continua a ser bater... E qualquer tipo de agressão seja o "homem mau sobre o homem bom" ou o "homem bom sobre o homem mau" não deve ser condenável? Violência é violência e não a torna menos violenta só porque incide sobre alguém com má índole. Ou torna? No entanto continuamos a vibrar com filmes em que um homem - ou mulher, irra! - vinga a morte da sua família matando um por um, todos aqueles que lhe fizeram mal - falo por mim, que eu cá adoro o Kill Bill não vou negar -, nem lhe chamamos de pessoas violentas... Chamamos de justiceiros! Ninguém chama de monstros, àqueles que apedrejam e espancam em praça pública um assassino. Estão a fazer justiça. Atenção que não estou aqui a avaliar o conceito de justiça, que eu também tenho o meu conceito de justiça bastante peculiar e igualmente preconceituoso e bato palmas e fico de sorriso maléfico no rosto, por exemplo, sempre que um touro fura gravemente um toureiro ou ficaria se pudéssemos cortar os dedinhos daqueles que mexem no que não é deles, ou cortar a pilinha aos.... pronto já chega!
Não. Não quero falar de justiça, mas quero tentar perceber e avaliar as diferenças entre a nossa penalização da violência e a nossa capacidade de aceitar uma vingança.
Por que é que é tão fácil aceitar a violência justificada? Será que é porque no fundo somos seres amantes de sangue, e o facto de existir um motivo, nos alivia a consciência? Ou será que somos simplesmente parvos e não há justificação possível?